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A morte de um padre italiano e o testemunho de uma criciumense

Rodou o mundo a notícia de um sacerdote que teria aberto mão do uso de um ventilador mecânico, indo a óbito. Mas a história não foi bem essa
Por Heitor Araujo Bérgamo, ITA, 25/03/2020 - 14:44 Atualizado em 25/03/2020 - 14:46
A criciumense Joci na foto com Dom Giuseppe / Divulgação
A criciumense Joci na foto com Dom Giuseppe / Divulgação

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A rede de fake news trabalha a todo vapor em situações extremas, como é a pandemia do coronavírus. Informações falsas alarmando a população causam danos incalculáveis e o repasse é frenético. De outro lado, também surgem bons exemplos de humanidade, que às vezes até gostaríamos que fossem verdadeiros, mas que não são. Matéria que foi vinculada na imprensa nacional relata a ação altruísta de um padre da comuna de Bérgamo, na Itália, uma das cidades mais atingidas pelo Covid-19. O relato é de que Dom Giuseppe, 72 anos, vítima do coronavírus, teria abdicado do uso de ventilador mecânico, que teria sido comprado pela comunidade da paróquia, em benefício a um jovem internado no mesmo hospital. Uma criciumense próxima ao padre, no entanto, diz-se surpresa com essa informação que não é considerada verdadeira pela população local.

A reportagem do 4oito conseguiu contato com Joci Casagrande Colonetti, que reside em uma cidade próxima a Bérgamo e tinha contato direto com o padre. Há 20 anos na Itália, em um português que às vezes mistura-se com o italiano, ela lembra com carinho de Don Giuseppe, mas estranha a informação da doação de ventilador mecânico.

"Isso pode ter acontecido, mas nunca vamos saber exatamente sobre isso. Não foi feita nenhuma arrecadação para comprar um respirador para o Dom Giuseppe, porque ele não precisaria. Os hospitais têm esse equipamento. Essa notícia saiu em todo o mundo e até para a gente foi um susto. Tenho certeza absoluta de que se pudesse, Dom Giuseppe daria a outra pessoa, mas nunca vamos saber se isso aconteceu porque a gente não tinha como visitá-lo e apenas o hospital poderia dizer isso. O hospital não daria uma informação dessas por questão de privacidade. Só quem entrava eram médico e enfermeiras. Para nós essa informação não é considerada verdadeira, mesmo que a gente nunca vá saber", falou Joci.

Para a criciumense, seria uma injustiça lembrar-se de Don Giuseppe, "um grandíssimo amigo, uma pessoa muito humana, cuja igreja era sempre aberta a todos independementente de credo e religião", por algo que possivelmente não tenha acontecido.

"Conhecendo o Dom Giuseppe, vangloriá-lo dizendo uma coisa que não é verdade, seria uma coisa muito bruta para ele. Só quem poderia afirmar são os enfermeiros e os médicos, coisa que eles nunca poderiam fazer. A gente ficou surpresa com essa história, a gente não sabe de onde isso saiu", afirmou. 

Tags: coronavírus

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