O termo “lockdown” voltou a ser discutido na região do sul catarinense recentemente, após a notícia de que a Associação dos Municípios da Região de Laguna (Amurel) tomaria medidas mais restritivas para combate ao novo coronavírus. Apesar disso, não é qualquer suspensão de atividade que pode se encaixar no termo em inglês. Em entrevista ao Agora desta quarta-feira, 15, o médico pneumologista Renato Matos explicou a diferença entre lockdown, isolamento e quarentena.

A tradução efetiva de “lockdown” é confinamento. “As pessoas não falam confinamento porque isso acaba nos remetendo aos gados e animais presos em cercados, que depois de engordarem são abatidos. Mas é confinamento, uma coisa extremamente pesada”, declarou o doutor.

Em um cenário de pandemia, lockdown é quando ações extremamente rígidas são tomadas para conter a disseminação da doença. Dessa forma, as pessoas ficam impossibilitadas de circular em locais públicos sem autorização, podendo ter acesso somente aos serviços essenciais como supermercados, farmácias e postos de gasolina. 

“Nós não tivemos isso no Brasil. A China conseguiu fazer o lockdown com relativa facilidade, devido ao regime político. Se a pessoa ficar na rua, pode ser presa ou submetida a uma multa pesada. Vimos isso na Itália e também na Espanha, em que as pessoas que eram encontradas nas ruas sem motivo justificável, como idas ao supermercado, eram presas ou multadas”, pontuou Renato.

O termo difere, e muito, do isolamento, por exemplo. O isolamento é feito por pessoas que já estão doentes e infectadas, e não por aquelas que ainda estão saudáveis - o que é diferente, também, da quarentena. “Quarentena é dito para aquelas pessoas saudáveis que tiveram contato com quem esteve infectado. O governador, positivo para a Covid-19, estava em isolamento, e as pessoas que tiveram contato com ele estavam em quarentena”, disse.

O tempo de reclusão entre quem está em quarentena ou isolado também é diferente. No final das contas, tudo vai depender dos sintomas vividos pelas pessoas - sobretudo os pacientes positivos. “O isolamento deve ser feito por pelo menos 10 dias, desde que nos últimos três dias a pessoa não tenha tido febre ou nenhum sintoma respiratório importante. Agora se já faz 20 dias que o paciente continua com muita tosse ou febre, ela não pode sair do isolamento, mesmo que tenha se passado os 14 dias”, ressaltou Renato.