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Os novos números da política de SC

Por Upiara Boschi Edição 10/12/2021

As urnas eletrônicas popularizaram o uso do número das legendas como metonímia para denominar as próprias agremiações partidárias. Por isso, quando falamos em 15 e 11, sabe-se logo de cara que se trata dos tradicionalíssimos rivais Mdb e Progressistas; que o icônico 13 da sorte e do azar refere-se ao Pt; e que o 17 foi o veículo pelo qual Jair Bolsonaro furou as lógicas partidárias para se eleger e carregar consigo um séquito de futuros ex-desconhecidos.

Aqui em Santa Catarina, exceção feita à Onda Bolsonaro, as grandes disputas eleitorais foram realizadas entre o 15 de Paulo Afonso Vieira e  Luiz Henrique da Silveira contra o 11 de Esperidião e Angela Amin. O Democratas/Psd se intrometeu com seus 25 e 55 nas vitórias de Raimundo Colombo, mas era o 15 travestido, considerando que eram consequências da vitória eleitoral de Luiz Henrique sobre Amin em 2006, quando houve a gênese da aliança entre emedebistas e os pefelistas.

Nesse duelo de números, o 13 do Pt fez as vezes de figurante condenado, no máximo, ao terceiro lugar no pódio e ao papel de fiel da balança. O 45 do Psdb até foi uma vez para a disputa pelo governo, mas chegou ao poder mesmo como viabilizador de grandes alianças em que trocou apoio local por suporte a seus presidenciáveis - Amin em 1998, LHS em 2006, Raimundo Colombo em 2010. 

Faço essa digressão sobre os números dos partidos e da disputa pelo poder estadual desde a gênese das urnas eletrônicas no final dos anos 1990 para dizer que a próxima disputa tem todas as condições para trazer para o jogo da sucessão números tidos como aleatórios até hoje na história política catarinense. 

O 22 é quase uma certeza. O número que representa o Partido Liberal (Pl) nunca foi cabeça-de-chapa nas eleições estaduais com urna eletrônica, mas foi anabolizado pela filiação do presidente Jair Bolsonaro e terá o senador Jorginho Mello como um forte candidato a uma vaga no segundo turno - algo inimaginável nos tempos em que o Pl era apenas o partido da ex-deputada estadual Odete de Jesus. 

O 17 está sepultado com o fim do Psl que elegeu Bolsonaro e o governador Carlos Moisés (ex-Psl), mas outro número aleatório possivelmente será utilizado na candidatura à reeleição do comandante. Pelo menos é isso que ele externaliza quando perguntado - quer um partido neutro que possa receber a adesão de grandes legendas antagônicas. Assim, o 10 do Republicanos esteve forte na bolsa de apostas. O próximo pode ser o 20 do Psc ou o 23 do Cidadania. 

Nas alternativas de chapa nem-nem (nem Jorginho, nem Moisés), dois números novos podem entrar nessa roleta. O 44 do União Brasil, fruto da fusão do Psl com o Democratas, pode ser o veículo do prefeito florianopolitano Gean Loureiro para chegar ao poder estadual. No mesmo campo, o 19 do Podemos tem como pré-candidato outro prefeito: Fabrício Oliveira, de Balneário Camboriú. 

Até no campo das esquerdas um novo número tenta se intrometer na disputa estadual de 2022. O 40 do Psb esteve na disputa em 2006 como o empresário e então aspirante a político Antonio Carlos Sontag, longe do socialismo que a sigla expressa. Agora, sob o comando do ex-petista Claudio Vignatti, o número pode representar uma coalizão de centro-esquerda que dê um palanque estadual um pouco menos vermelho para o ex-presidente Lula (Pt). 

O que tudo isso representa? Primeiro, que a eleição vitória do ex-nanico Psl em 2018 minou a confiança de eleitores e políticos na força da tradição partidária vigente até então - Mdb, Pp, Psd, Psdb e Pt. Segundo, que a esvaziamento de sentido nas legendas continua em vigor e vai ser colocada em teste mais uma vez nas urnas eletrônicas em 2022.

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