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Para o mundo dos comuns

Por Adelor Lessa Edição 01/07/2022
Foto: Arquivo/ 4oito
Foto: Arquivo/ 4oito

Eleição em Criciúma, 1976. Altair Guidi foi eleito prefeito.
O principal candidato da oposição foi Murilo Sampaio Canto.
O vice de Murilo foi José Augusto Hülse.

Altair e Hülse haviam estudado juntos em Curitiba.
Altair se formou arquiteto, Hülse engenheiro.

Eleito, Altair surpreendeu ao buscar o vice do adversário para ser o engenheiro chefe da prefeitura.

José Hülse foi o comandante das obras feitas no mandato de Altair, e responsável também por pequenos serviços nos bairros.

Não foi chamado por alguma composição política, nem por ter sido “colega" de faculdade em Curitiba. Apenas por competência técnica.

No período em que ficou no governo de Altair, Hülse se afastou da política. Fez prevalecer o perfil que o levou à prefeitura.

Quando começaram a ser definidos os candidatos à sucessão de Altair, ele saiu do governo, voltou à militância política no partido de oposição por onde disputou a eleição de 1976, e se fez candidato a prefeito.

Era relativamente conhecido. Por ter sido engenheiro da prefeitura, candidato em 1976 e filho de família com tradição na política da cidade. 

O seu primo, Rui Hülse, havia sido prefeito pouco mais de uma década antes.
O seu tio, Heriberto Hülse, foi deputado, vice-governador e governador do estado.

Mas, “na boca do povo” era conhecido como “Doutor José”.
Pelos quatro anos de prefeitura como engenheiro, chefe das obras, e pelo poder que teve.

Quando virou candidato a prefeito, Hülse recrutou Antonio Rocha para cuidar da comunicação da campanha.

Rochinha nasceu em Maracajá, foi para São Paulo aos 12 anos, se formou em marketing, trabalhou em agências de publicidade, cuidou de clientes importantes (como Silvio Santos) e voltou para Criciúma em 1980.

Primeira ação do “Rochinha" na campanha foi espalhar ZÉ por toda a cidade.

Mandou imprimir cartazes, grandes, e colar em todos os postes, muros e paredes dos prédios. A cidade amanheceu de um dia para o outro com ZÉ por tudo.
Nada mais, só ZÉ.

Foi o primeiro teaser feito em Criciúma, uma técnica usada em marketing para chamar a atenção para uma campanha publicitária que vem depois, através de informações enigmáticas. Como foi o ZÉ.

E não demorou para a cidade inteira estar se perguntando do que se tratava.

Rochinha queria tirar José Hülse do ambiente elitizado dos doutores, e colocar no ambiente dos comuns.
Para isso, queria que o candidato a prefeito fosse o “Zé Augusto”, e não o “doutor José”.

Foi gol.
Deu certo. Os dois venceram.
Zé Augusto foi eleito prefeito, e Rochinha saiu consagrado.

Os dois já faleceram. 
Zé, em 2019, aos 82 anos. Rochinha, em 2020, aos 76 anos.

Mas, suas vitórias fazem parte da história da política de Criciúma.

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