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SC-390 segue interditada na Serra (VÍDEOS)

Estudo vai servir de base para a decisão a respeito do tráfego de veículos entre Lauro Müller e Bom Jardim da Serra
Por Bruna Borges Lauro Müller, SC, 06/02/2019 - 06:05
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna

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A SC-390, na Serra do Rio do Rastro, está fechada ao tráfego desde a noite de segunda-feira e deve seguir assim pelo menos até amanhã. Essa foi a decisão tomada por integrantes da Defesa Civil estadual, do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) e da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), na tarde de ontem.

A interdição da via foi feita ainda na noite de segunda, após a PMRv de Guatá, em uma de suas vistorias diárias, constatar que houve um afastamento de 20 centímetros entre a pista e a canaleta em um dos pontos mais preocupantes onde há rachaduras. Nesse local, foi possível observar que a mureta de proteção chegou a ficar mais inclinada em direção à vegetação.

Rosinei da Silveira, coordenador regional da Defesa Civil

Diante da situação relatada pelos policiais, a Secretaria de Estado da Defesa Civil decidiu pelo fechamento da rodovia até que uma análise técnica pudesse ser realizada por profissionais, o que ocorreu na manhã de ontem. “A decisão foi preventiva e com o intuito primordial de salvar vidas”, afirma o coordenador regional da Defesa Civil, Rosinei da Silveira.

O governador tem a palavra

Nessas 48 horas a mais de interdição, definidas ontem, os riscos serão novamente avaliados e a decisão será tomada pelo governador do Estado, Carlos Moisés. Caso seja novamente liberada, a SC-390 deve, em um primeiro momento, receber apenas o tráfego de veículos mais leves (até seis toneladas) e do transporte coletivo.

Um estudo mais aprofundado sobre as condições da rodovia também será realizado em seguida e servirá de base para que seja tomada uma decisão definitiva a respeito do trânsito no trecho. “Recomendamos que antes de tomar uma decisão de interdição ou de restrição de peso, que se tenha um plano de monitoramento geotécnico para que possamos ter uma decisão sobre a manutenção da interdição ou desinterdição com restrição de peso”, coloca o geólogo da Defesa Civil Estadual, Humberto Alves da Silva.

“Vamos nas próximas horas iniciar uma ação conjunta com o Deinfra para encontrar empresas que façam esse monitoramento para que, de posse dessa constatação e da evolução desse cenário no conjunto de uma semana ou 15 dias, aí sim, estarmos embasados para uma decisão mais segura com a vida dos usuários”, complementa.

Desvio acrescenta 350 quilômetros

Como a Serra do Corvo Branco também está interditada, devido ao desmoronamento de parte da pista em Grão-Pará, o trajeto para aqueles que necessitavam seguir para a região serrana, partindo do Sul, tem que ser feito via BR-101 até Santo Amaro da Imperatriz, seguindo pela BR-282. Esse desvio acrescenta, em média, mais 350 quilômetros de viagem.

Sem saber do bloqueio, Carlos de Farias saiu pela manhã de Criciúma e estava se dirigindo a Lages, quando chegou ao posto da PMRv de Guatá, em Lauro Müller, e foi avisado de que não poderia seguir viagem. Ele trabalha com vendas e conhece bem a rodovia.

“É muito tráfego de caminhão pesado que passa por aqui. São caminhões pequenos, mas eles vêm carregados com 30 toneladas, a rodovia não aguenta. A gente sabe que aqui diminui muito a distância, mas eu acredito que a solução seja aumentar o valor do frete, mas que eles venham por outra rodovia. Aqui deve ser uma estrada apenas para turismo”, comenta Farias.

4 mil veículos ao dia

E não foi apenas para o representante comercial que a viagem precisou ser cancelada. Muitos motoristas que também não sabiam a respeito da interdição tiveram que retornar quando estavam no pé da serra ou mesmo no topo, já que havia barreiras policiais nos dois pontos.

De acordo com dados da PMRv, circulam diariamente pela SC-390, na Serra do Rio do Rastro, aproximadamente 4 mil veículos. Nos fins de semana e durante o período de inverno esse número aumenta para cerca de 10 a 12 mil veículos/dia.

As razões da necessária interdição

A motivação da interdição na Serra do Rio do Rastro foi o aumento da erosão que causou o afastamento entre pista e mureta de proteção. Porém, aproveitando a presença do geólogo Humberto Alves da Silva e da geógrafa Laís de Oliveira Bernardino, ambos da Defesa Civil estadual, outros dois pontos também foram analisados. Esses locais já são monitorados pela Defesa Civil há dois anos.

“Teve esse fato que ocorreu ontem (segunda-feira), que foi o que motivou a interdição, mas a avaliação que nós fazemos é global. Existem as enxurradas que carregam os materiais, somente no último ano foram 11 eventos de quedas de rochas registrados aqui na serra e por isso existe o monitoramento e a decisão pela interdição”, relata Silva.

Alerta sobre tráfego

Segundo o geólogo, já existe, inclusive, uma recomendação para que o trânsito pesado não seja mais realizado no trecho. “Essas pancadas de chuva que estão acontecendo já danificam a rodovia, então nós recomendamos ao Deinfra, que é o responsável pela rodovia, que não permita o tráfego de veículos em dias de chuva forte e também recomendamos que não haja mais o tráfego de veículos pesados”, afirma Silva. “O tráfego de veículos pesados é uma sobrecarga para a pista, que já sofre com as enxurradas”, complementa.

O superintende Regional Sul do Deinfra, Lourival Pizzolo, concorda que esses sejam os motivos das rachaduras. “A experiência que a gente diz que a água está infiltrando por baixo do concreto e causando essas rachaduras na pista”, diz Pizzolo. “E acredito que, sim, tem uma influência do tráfego do caminhão pesado, já que a água minou e as placas devem estar soltas em cima da rocha”, completa.

Contenção de encostas nos planos

No fim do ano passado foi oficializada a liberação de pouco mais de R$ 19 milhões, por parte do Governo Federal, para que sejam feitas obras de contenção de encostas em 22 pontos na Serra do Rio do Rastro. Esses trabalhos devem começar ainda este ano e servirão para evitar que rochas e outros materiais desmoronem sobre a pista.

Entretanto, essas obras não contemplam a pista, ou seja, os problemas analisados hoje não estão englobados nessa recuperação que será realizada. “Toda a avaliação que a gente fez naquele pacote de R$ 19 milhões que vão ser usados para a segurança na Serra do Rio do Rastro foi em relação ao deslizamento de rochas que tem na rodovia”, explica Silveira.

“Portanto, todo o trabalho que foi feito é sobre as encostas da rodovia, não sobre a pavimentação. Esta vistoria de hoje e esse problema da interdição veio da pavimentação. Então, é no mesmo trecho, mas é um outro problema na rodovia”, esclarece o coordenador regional da Defesa Civil. 

Trânsito pesado não é recomendado

O prefeito de Lauro Müller, Valdir Fontanella, acompanhou a análise técnica de ontem e destacou que, para uma cidade que busca se desenvolver no turismo, é problemático o fechamento da SC-390 na Serra do Rio do Rastro.

“O nosso município depende de pessoas que transitam por essa rodovia e com esse trânsito diminuindo causa transtornos. A arrecadação começa a diminuir nos restaurantes, nas pousadas, isso nos preocupa muito. Esperamos que nos próximos dias isso seja resolvido para que nós possamos voltar à normalidade”, pontua Fontanella.

Com o viés turístico e econômico também na alça de mira, houve uma coincidência ontem na cidade. Foi o dia em que o prefeito deu posse ao novo secretário de Turismo do município, o engenheiro agrônomo Luciano Philippi. “Pensar no turismo é pensar nas mais diversas possibilidades que temos a explorar. Não tomos somente a Serra”, comentou, sem no entanto esquecer que a Serra do Rio do Rastro se trata do principal aparelho turístico do município e da região.

Ideia do prefeito

Favorável à abertura da rodovia ao tráfego, Fontanella colocou uma solução paliativa para evitar consequências mais graves enquanto as providências estruturais devem ser tomadas. “Nossa intenção é que a rodovia seja liberada apenas para automóveis, transporte coletivo e caminhões até seis tonelada. Com isso, o trânsito em meia pista poderia ser mantido no trecho de maior risco. É uma rodovia muito importante para a nossa região e o estado”, acrescenta o prefeito.

Ainda pelo município de Lauro Müller acompanhou a vistoria, também, o coordenador municipal da Defesa Civil, Rafael Bonoti.


 

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