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Reajuste do diesel reflete no valor dos fretes, alimentos e no transporte coletivo

A Petrobras anunciou um aumento de 8,87% nas refinarias. O acréscimo chega a R$ 0,40 nas bombas, por litro do combustível. Transportadores se preparam para a negociação com os clientes
Por Geórgia Gava Criciúma, SC, 10/05/2022 - 18:05 Atualizado em 10/05/2022 - 22:16
Foto: Diego Vara/ Reuters
Foto: Diego Vara/ Reuters

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Mais uma vez, os consumidores devem pagar a conta dos aumentos abusivos anunciados pela Petrobras. Nesta semana, a estatal divulgou um acréscimo de 8,87% no valor do diesel nas refinarias. Isso representa uma mudança de R$ 0,40 no litro do combustível, que passa de R$ 4,51 para R$ 4,91. A classe dos transportadores é uma das mais atingidas pela alta do preço. Nas gôndolas dos supermercados, os clientes podem esperar por reajustes significativos. 

Este aumento ocorreu quase dois meses depois da última alta, que deixou o preço do diesel R$ 0,90 mais caro nas refinarias, em 11 de março. Para os consumidores finais, como transportadores e caminhoneiros, o reajuste, desta vez, deve chegar a aproximadamente 4,5% nas bombas. Em doze meses, o acréscimo no valor do combustível já chega a quase 50%. 

Em nota, a Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), comunicou os transportadores sobre a necessidade de um reajuste adicional de no mínimo 3,10%. A medida deve ser aplicada emergencialmente nos fretes, com variação de até 5,4%, visto que o diesel é um dos maiores custos nos insumos dessa categoria, chegando à média de 35% e podendo atingir 60%.

“Naquela oportunidade [em março], felizmente, a classe empresarial foi parceira. Entendeu a situação, colaborou, e muito, na negociação da correção dos fretes. O transportador sempre acumula alguma deficiência, porque até negociar com os clientes demora um bom tempo. Por exemplo, hoje, na bomba já repassou. Até a negociação, há uma defasagem”, comenta o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Sul de Santa Catarina (Setransc) e vice-presidente da Fetrancesc, Lorisvaldo Piuco.

E, novamente, quem arca com os prejuízos é a população. “Os nossos clientes têm sido parceiros. Nós pedimos que os empresários compreendam a situação e consigam repassar. Quem paga sempre vai ser o consumidor final. Isso, não tenho dúvidas. O que posso dizer ao transportador, e isso vem da federação, é que não existe outra realidade, a não ser repassar o custo. Não tem outro remédio. É amargo para todos e não é bom para ninguém, mas a Petrobras tem essa política e não temos como discutir”, pontua. 

No caso da classe dos transportadores, as atenções se voltam, neste momento, ao repasse do acréscimo aos clientes. “Nos supermercados, por exemplo, o frete vai subir, isso não tem como fugir, eles vão ter que repassar. A ponta que vai pagar a conta, sem dúvidas”, comenta Piuco. “Desde 1970, não lembro de ter um aumento tão significativo em tão pouco tempo. Acredito que não tenha acontecido”, acrescenta o representante. 

Um dos problemas elencados por Piuco, referente à Petrobras, é de que a petroleira não comunica o reajuste com antecedência à classe. “É de surpresa mesmo, a mídia que nos informa quando vai acontecer. Temos que torcer para mudar e que a gente consiga se programar. Eu, nesses 51 anos que estou no transporte, não acredito que eles venham a ter consideração pelo transportador, não só os de carga, mas também de passageiros”, lamenta. 

Reivindicações da classe

A classe dos transportadores catarinenses reivindica a redução da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Esse tem pesado muito em cima do combustível, o Governo Federal até tem colaborado, mas tem afetado muito não só sobre o diesel, mas também pela energia elétrica, por exemplo, em 25%. Ela não é um luxo, é uma necessidade. O diesel também. Ele transporta tudo nesse Brasil, queiramos ou não”, pontua Piuco.

O presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, também se manifestou em nome do Sindicato. "Reivindicamos que a Petrobras mude a sua política de aumento dos combustíveis, tendo previsibilidade e tempo para poder, realmente, nos adequarmos, mas, que, principalmente, ela comece a repassar apenas o custo em reais, não baseada na política internacional, que é do barril do petróleo e do dólar. Então, que fique registrada a nossa insatisfação”, comenta. 

ICMS do diesel congelado desde março em SC

Segundo informações da Secretaria de Estado da Fazenda, desde março, para não aumentar o preço do diesel S-10, Santa Catarina optou por fixar a cobrança do ICMS em R$ 0,55 por litro. A medida é válida até o terceiro mês de 2023, independentemente do preço praticado nos postos de combustíveis e dos sucessivos aumentos.

“Praticamos a menor alíquota do país, de 12% para o diesel e o preço médio usado como base de cálculo está congelado em R$ 4,62 no Estado. Isso quer dizer que, a cada litro abastecido, R$ 0,55 corresponde ao imposto estadual. Se fôssemos seguir a decisão dos outros estados, teríamos que aumentar o preço, já que o valor foi fixado em R$ 1,0060 por litro”, explica o secretário da Fazenda (SEF), Paulo Eli.

Nos supermercados, preços mais altos

Portanto, que estava previsto, de fato, deve acontecer. Os preços nos supermercados também irão aumentar devido ao reajuste do diesel e, consequentemente, do frete. "A alta dos combustíveis vai ter um impacto, sim, no valor dos alimentos e de todos os produtos, tanto para os custos da indústria e o transporte que vem dela até os centros de distribuição dos varejistas, quanto depois para os estabelecimentos da região", explica o vice-presidente da regional Sul da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Ricardo Althoff.

O aumento é motivo de preocupação, garante o vice-presidente da regional Sul. "A gente sabe que é mais por uma conjuntura internacional, do que fatores locais. Os preços dos combustíveis são determinados no mercado internacional, mas isso acaba afetando o poder de compra do brasileiro e a quantidade de produtos e alimentos que eles conseguem colocar à mesa ", finaliza Althoff. 

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