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Pneumologista reforça: "não há segurança para a reabertura"

Renato Matos mantém posição favorável ao isolamento social e aponta: "se continuar nesse ritmo, em cinco dias dobraremos os casos, chegando a 1 mil, 2 mil, 4 mil..."
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 08/04/2020 - 12:56 Atualizado em 08/04/2020 - 12:57
Foto: Arquivo / 4oito
Foto: Arquivo / 4oito

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Na última terça-feira, 7, o governo de Santa Catarina liberou a atuação do setor automotivo, como oficinas, revendas e concessionárias, mas manteve até a próxima segunda-feira, 13, a suspensão da atividade comercial, como lojas, restaurantes e academias. O secretário da Saúde, Helton Zeferino, afirmou que o Estado está em concordância com o estipulado pelo ministério da Saúde. Aguarda-se para domingo o posicionamento final do governador Carlos Moisés (PSL), pela abertura a partir de segunda-feira ou uma prorrogação da quarentena.

A avaliação do pneumologista Renato Matos, consultado diariamente pela Rádio Som Maior e Portal 4oito sobre as ações do poder público e os perigos da pandemia do coronavírus, é em acordo com a posição de Carlos Moisés. Ele destaca que ainda não há nenhuma segurança para reabertura comercial, em um momento de ascensão da curva de contágio e de crescimento diário de 20% do número de mortes no país. 

"Somos favoráveis à posição do governador. Ele está sendo corajoso. Nós entendemos a angústia das pessoas que têm que tocar seus negócios e pagar suas contas, mas ir atrás dessa perda colocando suas vidas em risco é muito perigosa. Quando falamos em abertura, entendemos a pressão que o governador e o prefeito sofrem, mas não existe segurança para abertura. Existe um sistema de saúde apto a receber um volume grande de pacientes graves que precisam de ventilação mecânica? Com certeza não", explica Renato.

Renato reforça que é precipitado avaliar quando começará a redução da curva de contágios diários. "Um negócio de lucro com 20% ao ano, seria um excelente negócio. Se um comércio tivesse aumentando seu faturamento anual em 20%, teria um desempenho maravilhoso. Nós estamos tendo um aumento de mortalidade diária de 20%. Como é que poderíamos hoje abrir com tranquilidade em uma situação dessas? Se mantiver esse patamar, vamos dobrar o número de casos a cada cinco dias, daqui a pouco é 1 mil, 2 mil, 4 mil mortes e assim vai. Quando chegou o pico? Quando começa a cair o número de mortos diário é porque o pico está passando, mas não tem previsão de quando ele vai chegar", aponta.

Nas cidades catarinenses, comerciantes estão se manifestando para que as lojas sejam reabertas. Eles afirmam que seguiriam as normas de segurança para minimizar os contágios. De acordo com o pneumologista, é muito complicado que uma loja consiga fazer a desinfecção do ambiente, uma atividade que é "extremamente complexa". 

"Evidente que existe uma linha econômica. Vamos pressionar banco e governo para que esse dinheiro chegue em condições adequadas. Quem tem segurança para abrir o seu negócio? Como vou saber se a pessoa que está sendo atendida vai ser sintomático ou não, se a maioria dos portadores são assintomáticos? Se a pessoa chega no estabelecimento e dá duas ou três tossidas, ela vai ser mandada embora? Uma limpeza de um quarto de hospital é extremamente complexa, como que uma pessoa que tem um comércio, trabalha em uma linha completamente diferente, vai fazer uma desinfecção nesse sentido?", questiona Renato.

Mais cedo, o presidente da FCDL, Ivan Tauffer, falou sobre o surto de H1N1 para justificar que a economia "não pode parar" e assim as lojas reabrirem. Para Renato, no entanto, a epidemia de 2009 não serve como parâmetro para a onda de Covid-19.

"As pessoas estão confundindo coronavírus com H1N1. É uma situação completamente diferente. Participamos da situação em 2009 e não houve nenhum morto. Teve casos em UTI, mas eram internações mais rápidas e já dispúnhamos de uma medicação que nos ajudava (o tamiflu) a reduzir mortalidade. Quando o ministro diz que temos que pensar abrir em algumas áreas e a gente olhar o mapa de Santa Catarina, os casos concentrados no Estado estão no litoral. Vamos abrir nos locais com maior índice de transmissão? A UTI da Unimed está lotada, nós temos duas colegas lutando pela vida, uma jovem em situação extremamente complicada. Na ITália já morreram mais de 60 médicos. As pessoas têm que ter responsabilidade no sentido de avaliar a realidade da situação", finalizou o pneumologista.

Tags: coronavírus

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