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Os buracos no caminho de Nova Belluno

Em Centro Cultural Jorge Zanatta, capítulo 17, a precária ligação de Criciúma com Siderópolis
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 26/11/2018 - 22:35 Atualizado em 26/11/2018 - 22:38
Reprodução / Tribuna Criciumense, 24/1/1957
Reprodução / Tribuna Criciumense, 24/1/1957

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Ézio Lima escrevia um prestigiado artigo na contracapa de Tribuna Criciumense, e depois o narrava na Rádio Eldorado. Ele estava em busca de um tema naquela manhã quente de janeiro de 57. Encontrou o chefe José Pimentel no Café São Paulo. Ezio chegava para o expediente ali do lado, na estação de rádio. Pimentel, começava mais um dia com o cafezinho e as conversas obrigatórias na praça Nereu.

Pimentel vinha na véspera de uma necessária ida a Siderópolis. Estava assustado com as precárias condições da estrada que subia o Morro do Bainha e, lá nos altos do atual bairro Vera Cruz, cortava à esquerda costeando a Mina do Mato em direção ao ainda distrito de Urussanga. Siderópolis, antiga Nova Belluno, ganharia sua autonomia em dezembro de 58, dali a quase dois anos.

Mas era um distrito de progresso. A Companhia Siderúrgica Nacional apostava ali suas fichas em profundas lavras e na recém montada Marion, a enorme engenhoca que agilizava a extração de carvão do rico solo dali. Pimentel tinha negócios por aquelas bandas. Voltou empoeirado e um tanto preocupado com o promissor distrito. Como poderia um lugar, onde já havia ecos de emancipação, desejar algo se o seu principal acesso era uma estrada naquelas condições?

Mas antes de usar os textos primorosos de um dos seus redatores do Tribuna para pressionar as autoridades por melhores caminhos entre Criciúma e a antiga Nova Belluno, Pimentel foi até o casarão da Pedro Benedet. Ele engrossava o eco dos muitos insatisfeitos por aquela estrutura, burocrática, técnica e que, segundo artigos do próprio jornal, encaminhava-se para o seu fim. Ele daria mais uma chance. Sugeriu aos senhores que ali tratavam às custas do erário que providenciassem um projeto rápido, eficaz e resolutivo para pavimentar a estrada, um caminho de progresso no entendimento do prestigiado jornalista.

Saiu do casarão como tantas vezes. Sem respostas. Tudo dependia do Rio de Janeiro, dos humores do Plano Nacional do Carvão e da gélida distância entre Criciúma, suas necessidades inerentes do vertiginoso crescimento da extração do ouro negro, e a Capital da República. Era mais uma pitada de fermento no início do fim do Plano Nacional do carvão no casarão da Pedro Benedet. Em vez de caminho para soluções, tornara-se um depositário de justas reivindicações.

Pimentel ajudou então. Recém vindo de Siderópolis e do casarão, encontrou Ézio Lima no café e o autorizou, com riqueza de detalhes, a escrever “Urgem Providências”, na sua lida “A Cidade em Revista”. A crônica circulou com a edição de 28 de janeiro de 57 e fez tremendo sucesso. Sem imaginar, os jornalistas ajudavam a dar fim à primeira missão burocrática que abrigou a atual sede da cultura criciumense.

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