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O prefeito e as manchetes pesadas

No capítulo 11 de "Centro Cultural Jorge Zanatta", as notícias fortes contra o Plano Nacional do Carvão repercutiam no casarão
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 14/11/2018 - 11:15
Reprodução / Tribuna Criciumense, 13/6/1955
Reprodução / Tribuna Criciumense, 13/6/1955

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“O plano nacional do carvão, até agora, nada fez de positivo em benefício da indústria carbonífera, nem mesmo no setor de assistência social aos trabalhadores”

As linhas acima, em letras garrafais, vem acima do cabeçalho que anuncia Tribuna Criciumense em sua edição de 13 de junho de 1955. Foi a sétima edição do periódico de José Pimentel, que por aqueles dias chegou pesada e dando luz alta aos senhores do carvão mineral que atendiam no casarão da Pedro Benedet.

Antes de chegar por lá, o jornal já era lido e relido nos cafés da Praça Nereu Ramos e, via de regra, quando chegavam na sede do Plano Nacional do Carvão, muitos já sabiam o que as letras afiadas de Pimentel traziam daquela vez. E a edição foi além. Cutucou também a gestão ferroviária que, afinal, tinha imensa ligação com o setor carbonífero, cujas diretrizes emanavam das grossas paredes erguidas na primeira metade dos anos 40.

Dizia o jornal, ainda: “Estrada de Ferro Teresa Cristina, a maior desorganização ferroviária do Brasil”. O advogado Napoleão de Oliveira leu um pouco assustado o grave relato. Os serviços da ferrovia são tratados como “descalabro”, “situação calamitosa”, “desserviço à população” e “péssimo material rodante”. O descumprimento de horários, a lentidão dos vagões de passageiros não passam imunes à forte crítica. Sujeiras dos vagões, poltronas esburacadas e montes de lixos nas composições também afligiam aos usuários.

E porque Dr. Napoleão e o casarão da Pedro Benedet entram na história? Foi na primeira quinzena de março de 55 que o advogado passava na calçada defronte ao Plano Nacional do Carvão quando foi abordado por um grupo de vereadores. Preocupados, à procura de alguma liderança de ilibado caráter para aceitar concluir o mandato do ex-prefeito Paulo Preis, viram em um relance em Napoleão esta possibilidade.

Quando feito o convite, Napoleão logo pensou nas questões do carvão. As conhecia bastante das convivências sindicais, das suas origens no Rio de Janeiro, dos longos debates com os colegas da advocacia. Pensou que poderia fazer algo enquanto prefeito, mas a alarmante capa da Tribuna Criciumense daquele meio de junho, já com três meses de mandato na prefeitura, provavam que não seria bem assim. O prefeito interino poucas vezes havia conseguido se reunir com alguém que pudesse sinalizar uma solução tanto para os impasses com o Plano do Carvão, falta de água e de infraestrutura na cidade, e com a ferrovia. Ele parecia concordar com as fortes críticas de Pimentel e do jornal, embora não pudesse ser ostensivo publicamente pelas naturais questões políticas que o cargo impunha.

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