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O fim de uma estrada de 82 anos

De Tubarão para a engenharia, o Paço, o Governo do Estado e as ricas memórias de José Augusto Hülse
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 08/08/2019 - 11:05 Atualizado em 08/08/2019 - 11:11
O quarto onde Zé Augusto faleceu nesta quinta-feira / Foto: Amanda Farias / 4oito
O quarto onde Zé Augusto faleceu nesta quinta-feira / Foto: Amanda Farias / 4oito

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A porta fechada do quarto 306 do Hospital São João Batista, em Criciúma, acusava: havia um luto no ar. A partida de José Augusto Hülse, nas primeiras horas desta quinta-feira, 8 de agosto de 2019, encerrava uma rica história de 82 anos. Nascido em 23 de março de 1937 em Tubarão, filho de Oswaldo e Jandira Hülse, Zé logo dedicou-se a uma grande paixão: a engenharia. E logo, também, incluiu em sua vida outra grande paixão: Maria Helena.

Foi um engenheiro que tornou-se político. E saiu da política de mãos limpas. Não mero discurso de despedidas, mas o reconhecimento de uma vida. Em 1962 formou-se engenheiro civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná. Por essa época, casou-se com a sua amada e, do matrimônio, nasceram os filhos José Luiz, Osvaldo, Saulo e Cristiane.

Da juventude, partilhou residência na época de estudante com os amigos Altair Guidi, Murilo Sampaio Canto e Walmor de Lucca. O quarteto não seguiu uniforme. Altair tomou o rumo da Arena, pela qual elegeu-se prefeito. Murilo, Walmor e, o politicamente mais discreto deles, Zé Augusto, seguiram o MDB, pelo qual os dois primeiros foram deputados. Foi Zé o último da turma a entrar de cabeça na vida política com mandato.

José Augusto Hülse na época em que foi prefeito

Algemiro Manique Barreto era o prefeito desde 73. Pela Arena. O candidato era para ter sido Nereu Guidi. Se o fosse, já queria o engenheiro José Augusto Hülse como vice. Dizem que não foi pois, na época da inscrição das chapas, encontrava-se em viagem ao Rio de Janeiro. Por fim, nem Nereu, nem Zé. Os arenistas foram com Manique e Fidélis Back. E assim ganharam.

Por essa época, ingressou na prefeitura. Foi assessor técnico da Secretaria de Obras, da qual tornou-se titular e depois chefiou a Companhia de Desenvolvimento e Planejamento de Criciúma (Codepla). Fato que não o impediu de, pelo MDB, atendendo à intimação do amigo Murilo, ser candidato a vice-prefeito em 76 na chapa por ele encabeçada. Foi adversário de Altair Guidi, que venceu. Na primeira experiência nas urnas, Zé perdeu.

Lírio Rosso iniciou, então, um forte processo de estruturação do MDB. Criou os subdiretórios nos bairros, formou base partidária. Estruturava uma forte candidatura para a sucessão de Altair Guidi. Zé Augusto seguiu a vida. Veio a eleição de 82. A primeira municipal sob o novo modelo partidário. Estava findado o bipartidarismo. Arena e MDB deram lugar a PDS, PMDB e os demais que chegavam àquela época, como PDT, PT e o efêmero PP.

Foi um mosaico a construção do cenário eleitoral de 82. Depois de idas e vindas, o PDS lançou Nereu Guidi na sublegenda 1 e Algemiro Manique Barreto na sublegenda 2. A decisão construiu o passo que, ainda não era visível, decidiria o pleito que se aproximava. É que, com Lírio Rosso consolidado como PMDB 1, faltava o segundo candidato da oposição. Zé Augusto foi convencido. E ele, sem planejar, carregou os votos dos antigos udenistas, descobertos na chapa do PDS. O primo Ruy Hülse, que havia sido prefeito na segunda metade dos anos 60 e gozava de grande prestígio, viu os votos dos seus evadirem rumo ao PMDB 2. E assim, por 269 votos, os peemedebistas ganharam a eleição mais improvável da história de Criciúma. Tudo levava a crer, antes, que seria finalmente de Nereu Guidi a cadeira de Marcos Rovaris. Eis que Zé Augusto ganhou.

Eleição 82 - Resultado

 

José Augusto Hülse e Roseval José Alves (PMDB) - 18.533 votos - 34,46%

Nereu Guidi e Eno Steiner (PDS) - 16.522 votos - 30,72%

Algemiro Manique Barreto e Domerval Zanatta (PDS) - 9.532 votos - 17,72%

Lírio Rosso e Luiz Dal Farra (PMDB) - 7.790 votos - 14,49%

João Aderbal Agostinho da Silva e Adelino Alves (PDT) - 932 votos - 1,73%

João Paulo Teixeira e Marlene Soccas (PT) - 440 votos - 0,82%

Armando Serafim e Santos Geraldo Serafim (PDT) - 320 votos - 0,59%

Addo Vânio de Aquino Faraco e Manoel Sebastião da Silva (PTB) - 27 votos - 0,05%

O frutífero mandato enquanto prefeito, realizador, e a chegada ao Palácio da Agronômica como vice-governador nos anos 90, findando a carreira política do engenheiro, são conversas para mais tarde. O dia é de despedidas e de memórias.

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