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No capítulo 21 de "Centro Cultural Jorge Zanatta", mais um baque contra o carvão via Plano Nacional no casarão
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 30/11/2018 - 23:51 Atualizado em 30/11/2018 - 23:55
Reprodução / Tribuna Criciumense, 11/11/57
Reprodução / Tribuna Criciumense, 11/11/57

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“O Pimentel veio com tudo hoje, hein”. O comentário, contam, foi feito por três vereadores que visitaram o casarão da Pedro Benedet naquela tarde de segunda-feira. Era 11 de novembro de 1957, e o Tribuna Criciumense trazia, na capa, um apelo à nossa maior riqueza.

Mas, antes de tais detalhes, a destacar a razão da visita dos vereadores ao Plano Nacional do Carvão. Eles queriam saber a quantas andavam dois projetos: o da Cidade dos Mineiros, o condomínio residencial que se planejava construir em bairro distante do Centro para abrigar com dignidade os trabalhadores da mineração. Com casas muradas, asseadas e livres da impregnação da poeira preta, tão danosa aos pulmões humanos, como destacava o argumento do projeto carregado a tiracolo pelo prefeito Addo Caldas Faraco, que o havia herdado do antecessor Paulo Preiss.

Queriam também saber os parlamentares sobre uma denúncia recebida, de uma eleitora não identificada, sobre um gosto, um sabor, algo que não a havia agradado na água retirada do poço do pátio do casarão, local cantado em verso e prosa como da extração de água mineral límpida, a nossa fonte daqueles tempos em que a água encanada era luxo apenas do perímetro central, cercanias do casarão.

Como de praxe do casarão, poucas respostas dos técnicos. O projeto da Cidade dos Mineiros estava intimamente relacionado ao organismo de assistência social aos trabalhadores do carvão que estava por ser instituído. E a água, bom, até arriaram um balde com cordas, pescaram um pouco de água do fundo, olharam, cheiraram, analisaram, e chegaram à conclusão de que o vasilhame da denunciante é que não cheirava bem.

Mas e o jornal? Pois é, veio recheado o Tribuna que naquela segunda chegou causando efeito no Plano Nacional do Carvão, cada dia mais acossado na cidade. Abria a capa a chamada “General Macedo Soares faz profissão de fé do carvão”, anunciando um artigo no qual, em palestra no Rio de Janeiro, o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, com operações aqui, no distrito de Siderópolis, fazia uma contundente defesa do carvão nacional em detrimento do minério externo, que estava por ganhar aval federal para por aqui ingressar.

A batida deu certo. Funcionou. Esquentou os ânimos, mexeu com os brios e o Brasil voltou mais e melhor os olhares para o seu carvão. Na mesma palestra, o General Macedo alertou para as riquíssimas reservas sul catarinenses que estavam por ser exploradas. Ele fazia uso do slogan de anos antes do prefeito Addo para reiterar que “a capital brasileira do carvão” estava lá, apontando para o Sul.

O que era, no entanto, uma notícia para ser comemorada no casarão, acabou se tornando mais uma lenha, de tantas antes aqui já referidas, para dar fim, muito em breve, à primeira estrutura burocrática que operou no casarão da Pedro Benedet. Era a contagem regressiva da agonia para o lugar, que abrigou sonhos e projetos, mas que naufragava na falta de soluções.

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