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"Não é hora de afrouxar o isolamento em lugar nenhum do país", afirma epidemiologista gaúcho

Reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Curi Hallal, divulga o primeiro resultado de teste em massa no Rio Grande do Sul: 8 vezes mais de infectados do que o número oficial
Por Heitor Araujo 20/04/2020 - 09:34 Atualizado em 25/06/2021 - 17:12
Pedro Curi Hallal é doutor em epidemiologia e lidera estudo pioneiro da UFPel (Foto: Arquivo / Divulgação)
Pedro Curi Hallal é doutor em epidemiologia e lidera estudo pioneiro da UFPel (Foto: Arquivo / Divulgação)

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Estudos como o da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) podem auxiliar na decisão de flexibilizar ou enrijecer as medidas de isolamento social: a pesquisa testou, em uma primeira etapa, 4 mil gaúchos - sintomáticos ou assintomáticos, definidos aleatoriamente - para entender o grau de avanço do coronavírus no Estado. Paralelamente, o governo gaúcho afrouxou o decreto na última semana, permanecendo mais restritivo apenas na região Metropolitana de Porto Alegre.

No Rio Grande do Sul, cidades em que o coronavírus estava com alto índice, como Bagé e outras da Serra gaúcha (inicialmente incluída na restrição, mas posteriormente liberada), abriram imediatamente a atividade comercial. Na semana passada, saiu o primeiro resultado da pesquisa da UFPel: a indicativa é de que o número de contaminados no Estado é oito vezes maior do que o confirmado e estaria em 5,6 mil pessoas, mais do que os 700 que estavam confirmados na época.

Assim, o abrandamento do isolamento foi visto com preocupação pelo reitor da UFPel, o epidemiologista Pedro Curi Hallal, que está à frente desta pesquisa da Universidade, cuja metodologia baseou o estudo encomendado pelo Ministério da Saúde e que terá a UFPel como liderança em todo o território nacional. 

"Estávamos com o governador (Eduardo Leite - PSDB) na semana passada quando ele anunciou as novas medidas. Ele apresentou os pontos centrais e o que preocupa é que, no outro dia, vários prefeitos apresentaram novas medidas de reabertura do comércio sem levar em consideração as particularidades expostas pelo Estado. Até menos do que o decreto, o que preocupa é a interpretação do decreto dada pelas cidades. Não temos nenhuma evidência no Brasil de redução do isolamento social. A ciência não recomenda", aponta Hallal.

O que foi estudado no Rio Grande do Sul, apesar de particular do Estado, é análogo à situação em várias regiões do país, inclusive em Santa Catarina. Hallal é enfático ao afirmar: não é a hora para reduzir o isolamento social em nenhum lugar do país. Por outro lado, Santa Catarina tem comércio aberto nas ruas desde a semana passada e o movimento empresarial e político em Criciúma é para ampliar a abertura para academias, bares, restaurantes e transporte coletivo.

Sobre a pesquisa da UFPel, ela está sendo feita em quatro etapas de testes, espaçados em duas semanas. A ampliação nacional permitirá aos secretários estaduais e municipais de saúde na tomada de decisão para políticas públicas, de acordo com o reitor da UFPel.

 "Qualquer secretário de saúde tem dificuldade em tomar decisão. Se constroi um hospital de campanha ou leitos de UTI, testes, respiradores. Essas perguntas eram respondidas com base em projeções matemáticas, algumas delas usando dados produzidos em outros países. A partir de agora os gestores poderão tomar a decisão com pessoas reais aqui do país que foram testadas", afirma Hallal.

"Ao sabermos o percentual de infectados em cada lugar do país, conseguimos ter uma estimativa precisa da necessidade de leitos, respiradores e essas coisas. Certamente há cidades que estão comprando mais respiradores do que precisam e cidades que estão comprando menos, porque não tinham os dados locais", conclui o reitor. 

Tags: coronavírus

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