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Na pauta do Agora, os bons tratos aos animais

Protetores e poder público trabalham para que casos como o do Flecha, enterrado vivo no Rincão, não se repitam
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 11/03/2020 - 11:10 Atualizado em 11/03/2020 - 11:12
Fotos: Vitor Netto / 4oito
Fotos: Vitor Netto / 4oito

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Outro dia, o exemplo do cachorro enterrado vivo no Balneário Rincão voltou a trazer à tona a importância do trabalho dos protetores de animais. "Graças a Deus ele está bem. Ele vai ser o nosso mascote da ONG, não será doado. Cão de raça temos bastante, mas o de maior raça que temos é ele, o Flecha", contou o voluntário Manoel Alexandre, da Organização de Proteção Animal (OPA) do Rincão. Ele foi um dos participantes do programa Agora que nesta quarta-feira, 11, tratou sobre bem estar animal na Rádio Som Maior.

Os animais de rua são uma questão importante de saúde pública em Criciúma. "O particular tem que fazer o que o poder público não faz, resgatar cachorro, se endividar em pet, não tem protetor que não tenha dívida em pet", criticou Rosane Machado de Andrade, presidente da Protetores Independentes da Praça do Congresso (Pipa), entidade recentemente criada na cidade para reunir e articular protetores. "Aqui na região tem dois times, os que amam cães e os que odeiam cães. E os que não gostam tem poder", acrescentou. "Maus tratos, estupro de animais, abandono, não tem fiscalização. Existe uma lei que não é cumprida", argumentou Rosane.

Rosane preside ONG que reúne amigos e protetores de animais em Criciúma

De Içara, vem a mesma reclamação em relação ao descumprimento de leis. "Existe a lei que não é cumprida. A Lei de Proteção dos Animais é recente, falta consciência aos particulares, as ONGs fazem esse trabalho, mas as pessoas devem denunciar, filmar, chamar as ONGs. Tem um pouco de receio ainda", afirmou Vitor Valentim, presidente da ONG Amigo Bicho.

A presidente da Fundação de Meio Ambiente de Criciúma (Famcri), Anequesselem Fortunato, participou do programa. "Temos a lei 7.367 de 2018, que previu o Núcleo de Bem Estar Animal. Antes eram 500 castrações anuais, passamos a realizar 3 mil. Temos veterinária no núcleo, temos equipe para recebimento de animais para atendimentos de baixa complexidade. Seria o ideal fazer 10 mil castrações, mas estamos fazendo o que é possível com os recursos que temos", comentou. "Temos uma subcomissão de bem estar animal subordinada ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente. Maus tratos é o crime que mais temos recebido denúncias, 80% são maus tratos, e desses 80% uns 5% é verídica a situação", acrescentou a presidente.

Anequésselem Fortunato e as políticas da Famcri para o bem estar animal

Um problema comum da região é o abandono de animais de rua no Balneário Rincão. "Vão veranear e esquecem o bichinho. Acontece muito. Na rua é todo dia. Depois da visibilidade do resgate do Flecha foram duas cadelas estupradas, cachorro com a coluna quebrada, com machucados, gente ligando todo dia", comentou Manoel Alexandre, da OPA. "Tem os protetores e protetores. Tem protetor de Facebook e protetor de verdade", completou. "Há pessoas que não gostam e fazem conta que gostam. Na Praça do Congresso já falaram dos canos, colocaram veneno", observou Rosane.

Recentemente, em Criciúma, voluntários providenciaram a instalação de canos para colocar comida para animais nas ruas. "Havia a questão dos pombos. Atrai eles, eles vão até o local para comer, e eles transmitem doenças. O cano está na porta do parquinho das crianças", ponderou Anequésselem, referindo a reclamação recebida apela Famcri. "Eles são abandonados no Centro, por isso colocamos canos na Praça do Congresso, por exemplo. Pombos sempre existiram ali. Eu coloco a ração à noite para não ter problemas", respondeu Rosane.

Vitor Valentim, presidente da ONG Amigo Bicho, de Içara

Sobre a oferta de castrações pela Famcri, a presidente da Pipa sublinhou que "pelos critérios, muita gente vai correr". "Critérios previstos na lei, que somos obrigados a cumprir. É muito válido e necessário", respondeu Anequésselem, lembrando que, por licitação, a prefeitura conseguiu R$ 82 por castração, para procedimentos que podem custar até R$ 300 nas clínicas especializadas. "Vinha cachorro da Amrec inteira, trazendo comprovante de renda e residência falsos", observou a presidente da Famcri, justificando o estabelecimento de critérios mais rígidos para a cedência das 3 mil castrações em Criciúma.

Um ouvinte referiu o caso de abandono frequente de cães na Mina do Mato, em Criciúma, e que no fim das contas eles acabam servindo de reforços para a segurança no bairro. "Não é o cão de rua, é o cão da rua", elogiou Manoel. "Eles fazem barulho e são bons vigias", comentou Rosane. "Parabéns aos moradores que cuidam bem deles e permitem isso", acrescentou Anequésselem. Outro ouvinte questionou sobre o descarte adequado de animais mortos. "As clínicas fazem esse serviço, cobram por quilo do animal e fazem o encaminhamento para o aterro adequado", referiu Rosane. "O dever de zelar pela proteção desses animais, pelo caráter social, é de todos, e não de onde o cachorro está ou da ONG, é do poder público em parceria com as pessoas. As pessoas transferem responsabilidade", lembrou Vitor.

Manoel Alexandre integra a OPA, ONG de proteção animal do Balneário Rincão

O programa contou a história da jornalista Tássia Búrigo, que há alguns anos adotou a cadelinha Pê, vítima de maus tratos e que estava quase morta quando foi resgatada. Pê virou, depois, um exemplo de bons cuidados e é o personagem de uma conta no Instagram com mais de 42 mil seguidores. "Em 2014 eu estava procurando um cachorrinho para adotar. Eu acompanhava o trabalho da ONG SOS Vira Latas e via que os cachorros idosos, sem um olhinho, sem uma patinha, ficavam para trás, e eu buscava um cachorrinho assim", contou Tássia. "Quando eu vi a história da Pê no Facebook pensei que ela precisaria de mim. Passei a acompanhar ela na clínica, ficou 15 dias internada, precisou de transfusão de sangue, eu ia, fazia carinho, ela não tinha a menor reação", relatou. "Até que chegou o dia de ela ir para casa. Ela é muito surpreendente, eu esperava que fosse raivosa, que fosse roer tudo na minha casa, fazer as necessidades por tudo, por conta do trauma que passou, ela foi bastante torturada. Ela é muito educada, elegante, as pessoas se espantam com a Pê. Não precisa da guia, ela obedece os meus comandos, nunca latiu muito alto", arrematou, compartilhando sua história inspiradora.

Confira a íntegra desta edição do Agora no podcast:

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