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Na evolução do empreendedorismo

Dino Tramontin sempre viveu da agricultura. Agora, busca os meios para crescer fazendo turismo rural
Por Vanessa Amando Turvo, SC, 19/03/2019 - 08:55
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna

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Durante 18 anos, o agricultor Bernardino Tramontin plantou arroz, também trabalhou com fumo por dez anos e tirou desses cultivos o sustento da família. Depois, decidiu trocar de ramo e dedicar-se ao plantio de cana-de-açúcar, à produção de açúcar mascavo – herança do avô e do pai – e à administração do Restaurante Nostro Piccolo Mondo, localizado dentro de sua propriedade, onde também cultiva tilápia e funciona um pesque-pague, na comunidade de Morro do Meio, no interior de Turvo.

Como se já não tivesse trabalho suficiente, Dino, como também é conhecido, resolveu inovar e empreender no turismo rural. O trabalho também é feito pela esposa Adriana e o filho Lorenzo, que, inclusive, participou do Curso de Turismo Rural promovido pela Prefeitura. Além do pesque-pague, eles abrem o restaurante toda quarta-feira à noite – quando servem o tradicional peixe frito, polenta frita e pirão de peixe – e nos fins de semana, quando são servidos lanches no sábado à noite e cardápios que variam a cada domingo, durante o almoço.

“O restaurante funciona onde, no passado, era a estufa de fumo. Limpamos tudo, colocamos as mesas e adaptamos para receber o público. Quem vem aqui é porque gosta de comida caseira, gosta do interior, é tudo bem simples, mas o pessoal tem gostado bastante, estamos com o restaurante desde 2014”, destaca Dino.

Ele faz o açúcar mascavo artesanal

O ponto alto da propriedade de Dino Tramontin é a produção de açúcar mascavo, elaborado de modo artesanal desde o tempo de seu avô, por volta de 1940. Feito a partir da cana-de-açúcar, a qual não pode ser estocada, o açúcar mascavo começa a ser produzido em meados de maio e segue somente até outubro. Segundo o agricultor, este é o período no qual há mais trabalho. No ano passado, a família conseguiu produzir em torno de 3 mil quilos de açúcar, vendidos para toda a região Sul do estado.

“É suado, desgastante, a gente sai quebrado, mas preferimos continuar fazendo do jeito artesanal. Colhemos uma quantidade de cana num dia e no dia seguinte fazemos o açúcar, depois colhemos mais um pouco e fazemos de novo. A cana é moída para extrair a garapa, que é um caldo. Esse caldo ferve no tacho por três horas para evaporar a água e engrossar até virar um melado. Depois, colocamos num coxo de madeira para não queimar e ficamos batendo para secar e ensacar. Esse é o ciclo do açúcar mascavo”, relata.

O processo artesanal chama atenção, por isso o agricultor também abre o engenho para visitas durante o período de produção do açúcar. Fora dele, o engenho fica fechado. De acordo com Dino, basta entrar em contato com a propriedade para fazer o agendamento, pois, geralmente, o açúcar é feito nos dias em que o restaurante não funciona, já que é a família Tramontin que administra as duas coisas, mas isso também depende das condições climáticas. Ele conta, inclusive, que recebe excursões de estudantes.

“As escolas agendam as visitas e os alunos chegam de ônibus. As crianças ficam maravilhadas com o processo, querem conhecer tudo, fazem várias perguntas. Para eles é muito mais do que um trabalho de escola, é tudo muito diferente. Para gente é a recompensa por um dia cansativo de trabalho, eles nos divertem. Também recebemos famílias com filhos, gente de outras cidades e até de outros estados”, revela.

A partir da cana, eles também produzem melado, cachaça de melado e puxa-puxa, produtos que são vendidos no galpão do engenho.

Quinze anos de Domingo Doce

Em 2004, quatro casais de amigos queriam visitar e passar um dia na propriedade de Dino para conhecer a produção de açúcar mascavo. Na ocasião, perguntaram também se poderiam levar um pedaço de carne para fazer um churrasco. O agricultor aceitou, outros ficaram sabendo e, no ano seguinte, já foram 20 pessoas. Assim surgiu o Domingo Doce, um evento compartilhado que, em 2019, vai para a sua 15ª edição, no dia 21 de julho. É aberto ao público, sempre crescendo.

“A ideia é passar um dia em contato com a natureza, estaremos produzindo o açúcar e eles vão poder acompanhar tudo. Quem quiser participar deve trazer um pedaço de carne e a gente assa na hora, temos voluntários para isso. O Domingo Doce começou do nada e tomou proporções enormes. Ano passado foram mais de 600 pessoas”, destaca Dino.

Antes era tudo gratuito, bastava levar a carne, mas, por conta do crescimento nas últimas edições, alguns detalhes serão mais bem organizados, como a contratação de equipe de segurança, instalação de banheiros, entre outros. “Por isso será cobrado um valor de estacionamento e as pessoas só vão poder entrar com pulseirinhas. Foi uma sugestão que recebemos e decidimos acatar para organizar melhor”, adianta o agricultor.

O evento conta com o apoio da Prefeitura de Turvo e já entrou para o calendário anual de eventos da cidade. Além da produção de açúcar e do churrasco, também haverá degustação gratuita dos produtos feitos a partir do açúcar mascavo artesanal.

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