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Mensagem a Garcia

Tem que cumpra a missão e quem faça mais que isso
Por Arthur Lessa Edição 12/08/2022

Diz a lenda que no passado, quando Espanha e Estados Unidos travavam uma guerra, os americanos buscavam, da maneira mais rápida possível, comunicar-se com o chefe de um grupo de soldados chamado Garcia, escondido em uma fortaleza desconhecida, no interior do sertão cubano. Correio e telégrafo não eram opções.

O presidente Mac Kinley precisava de uma solução imediatamente. Eis que alguém lembrou de um homem chamado Rowan. Se alguma pessoa seria capaz de encontrar Garcia, esta pessoa seria ele.

Rowan foi ao presidente americano, que lhe confiou a mensagem e a missão de entregá-la a Garcia. Não vem ao caso os detalhes do desenrolar de acontecimentos, desde o momento em que tomou a carta e a guardou num invólucro impermeável, passou quatro dias em um pequeno barco até a ilha, atravessou o país hostil pelo sertão, a pé, e, três semanas depois, entrega a carta a Garcia.

A aventura em si revela o quanto Rowan tinha de coragem, força de vontade e competência para execução da tarefa. Mas não é isso o que mais impressiona nesse episódio, mas o simples fato de que Mac Kinley deu a Rowan uma carta destinada a Garcia e Rowan não perguntou, sequer, "onde é que ele está?”.

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O conto acima é um pequeno trecho, resumido, de um artigo chamado Carta a Garcia, publicado por Elbert Hubbard, em fevereiro de 1899. Este texto, facilmente encontrado na internet e tem foco na qualidade do comprometimento.

Segundo Hubbard, causa “verdadeiro desespero” a passividade de grande número de pessoas frente a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada tarefa... e fazê-la. Ele define que a regra geral é: assistência regular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho malfeito. E segue mais um trecho do artigo:

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Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Está sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e peça: "Queria ter a bondade de consultar a enciclopédia e de fazer a descrição resumida da vida de Fritz Müller".

Ele dirá calmamente "sim, senhor" e fará o que foi pedido?

Nada disso! Vai olhar admirado e, certamente, fará uma ou algumas das seguintes perguntas:

- Quem é Fritz Müller?

- Que enciclopédia?

- Onde está a enciclopédia?

- Fui contratado para fazer isso?

- E se Carlos o fizesse?

- Ele já morreu?

- Precisa disso com urgência?

- Não seria melhor eu trazer o livro para o senhor procurar?

- Para que quer saber isso?

Eu aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas e explicado a maneira de procurar os dados pedidos, e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Fritz Müller e depois voltará para te dizer que tal homem não existe.

Evidentemente, pode ser que eu perca a aposta; mas, segundo a lei da probabilidade, tenho grandes chances de acerto. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu ajudante que Fritz termina com Z e não com S, mas vais te limitar a dizer meigamente, esboçando o melhor sorriso: “Não faz mal, não se incomode”, e, dito isso, vais te levantar e procurar tu mesmo.

Essa dificuldade de atuar independentemente, essa fraqueza de vontade, essa falta de disposição de, solicitamente, se por em campo e agir, é isso o que impede o avanço da humanidade, fazendo-o recuar para um futuro bastante remoto. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado de seu esforço resultar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam ser dirigidos.

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O texto em si segue por mais alguns parágrafos e não cabe na limitação física desta página, mas os trechos acima são suficientes para provoca a reflexão que proponho nesta leitura.

Deixando de lado a inércia funcional generalizada, inclusive admitida pelo autor, o texto deve ser visto por aqueles que são colaboradores como a questão de que estão empenhados a entregar mensagens a Garcias ou apenas cumprir horários e executar tarefas apenas porque “é assim que é”, ignorando o objetivo de tal ação.

Por outro lado, aos “Presidentes”, tem se cercado de “Rowans”, que entregam o que é preciso? Se sim, tem criado o ambiente que propicie a independência de ação necessária ou faz questão de dizer como cada tarefa deve que ser realizada?

O sucesso de Rowan ao encontrar Garcia se deu por conta da proatividade, sim, mas também por confiança. Ou você viu, em algum momento, o Presidente perguntando ao mensageiro como a tarefa seria realizada.

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