É preciso sinalizar melhor onde termina Criciúma e onde começa Içara pela Via Rápida. O recado ficou mais claro ontem, com um equívoco que envolveu a limpeza das margens da rodovia. Ocorre que a equipe do lado criciumense, que faz o serviço rotineiro, foi adiante, ultrapassou o limite e limpou também parcela içarense.

“Uma pessoa da nossa equipe ligou avisando que teve o equívoco, daí o serviço parou”, confirma o diretor do Samae de Içara, Ederaldo Inácio. O repórter Jotha Del Fabro, da Rádio Som Maior, flagrou o engano de ontem pela manhã. Havia 12 homens trabalhando em um trecho de três quilômetros da rodovia Içara adentro, a partir do limite com Criciúma.

Um dos trabalhadores ouvido pela reportagem no Programa Adelor Lessa chegou a mencionar um ponto de referência da roçada. “Começamos de Içara, do viaduto para cá, ali onde tem aquela placa do veado”, apontou, referindo uma das sinalizações de trânsito existentes na margem da rodovia. “A ordem é até essa placa aí”, completou. Ocorre que esse ponto já pertence a Içara, conforme checado posteriormente.

Desde a inauguração

O impasse na roçada das margens vem desde a inauguração da Via Rápida, em dezembro de 2017. O prefeito Clésio Salvaro concorda em o Município efetuar o serviço no trecho criciumense, enquanto em Içara o prefeito Murialdo Gastaldon discorda. “Não é a nossa intenção assumir um serviço que é obrigação do Governo do Estado. E a Via Rápida, se ela nem estadual é ainda, nós não podemos nos envolver nesse imbróglio. Eu não sei nem como fica essa situação juridicamente, como é vista pelo Tribunal de Contas a possibilidade de a Prefeitura fazer a roçada em uma estrada com essa situação”, afirma.

Dando de ombros a esse impasse, Salvaro tem orientado as equipes de roçada a manter a parte criciumense em dia, sem mato acumulado. Como isso não ocorre em Içara, onde a extensão da rodovia é maior, a cena é até curiosa para quem chega nas cidades pela estrada.

Tema na pauta da Câmara

O assunto foi abordado ontem à noite na Câmara de Criciúma. “Sentimos essa dificuldade. Já pedimos, houve cobranças expressivas com o Governo do Estado para que resolvam, prometeram e nada até agora”, lamenta o vereador Tita Beloli (MDB). Ele fez aprovar um requerimento com a queixa para ser encaminhado ao Deinfra. Até problemas de segurança têm sido registrados. “Recebemos relatos de assaltos no trecho. E a vegetação assim, alta, atrapalha muito”, completa.

O vereador expôs na sessão de ontem no Legislativo um vídeo com depoimento do aposentado Ernesto Bettiol Neto. “Tem muito mato. Isso acaba tapando placas, acaba muita gente jogando lixo, o que é indevido, e também até abandono de animais, cachorros, largam aqui”, disse. “Não tem câmera, iluminação nem nada. E em muitos lugares não tem o guard-rail”.

Tita Beloli recorda da época em que, na Comissão de Obras do Município, acompanhava questões relacionadas à estrada com o Deinfra. “Quando a gestão era de alguém aqui da região, era mais fácil. Agora, não sendo, tudo ficou mais complicado”, lamenta.

Sem previsão

As equipes de roçada em Içara estão com limpeza planejada a partir dos próximos dias na SC-445. “É uma rodovia estadual, mas em área muito urbana. Tem placas encobertas e paradas de ônibus com mato. Ali vamos limpando, pois a nossa população sofre”, explica o diretor do Samae içarense. “Sobre a Via Rápida, vamos nos próximos dias voltar a conversar com o prefeito para ver se a orientação de não fazer a roçada continua”, completa.

Estadualização ainda pendente

A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) ainda não monitora oficialmente a Via Rápida. Policiais militares fazem o monitoramento, mas com as dificuldades inerentes do efetivo limitado. Esse é um dos tantos problemas do inconclusivo processo de estadualização da rodovia. Faltam algumas partes da obra e a instalação da iluminação.

“Sobre a Via Rápida, eu sei que existe a falta de uma alça na terceira linha. Além disso, a Celesc tem a responsabilidade de entregar iluminada a nossa Via Rápida, então estaremos avançando com total afinco. Por enquanto, está em um limbo, como não é estadualizada não podemos fazer a manutenção. É uma situação incômoda”, afirma o superintendente regional do Deinfra, Gustavo Taufembach.

O processo de licitação pela Celesc para contratação da iluminação deve ser lançado ainda em abril. O investimento será de R$ 4,2 milhões. Uma das definições é que caberá aos municípios o pagamento da conta de energia para manter a via iluminada. “A iluminação das rodovias, sejam elas municipais, estaduais ou federais, é de responsabilidade do Município. Vamos pagar pelo custeio da iluminação e eu espero que eles façam logo essa obra”, diz o prefeito de Içara.