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Interney fala sobre a Social Media Week SP e o mercado digital em 2018

"Se você ainda não enxerga a importância do digital em 2018 você já está morto, apenas esqueceram de te enterrar"
Por Ale Koga Criciúma, SC, 20/09/2018 - 09:14 Atualizado em 20/09/2018 - 12:07

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Interney é quase sinônimo de internet para mim e para muitos que estão na vida digital desde que ela começou a fazer parte de nossas vidas em meados dos anos 90.

Edney Souza, conhecido no mundo digital como InterNey, é  Organizador e Curador da Social Media Week São Paulo, Diretor Acadêmico na Digital House Brasil, Professor de Marketing Digital na ESPM, , colunista do blog WordPress.com Brasil e Adnews e conselheiro da ABRADi-SP e quando o assunto é o mercado digital e a sua profissionalização, não tem como não querer bater um papo com ele e saber mais sobre o que está acontecendo e o que ele pensa a respeito.

Sendo assim, missão dada é missão cumprida e durante a minha passagem pela Social Media Week SP 2018, tive a oportunidade de enviar algumas perguntas para o Interney e você confere abaixo a mini entrevista exclusiva para o Portal 4oito na íntegra. 

1) Qual a importância do evento para os profissionais de mídia e para o mercado?

Existem muitos eventos de comunicação no nosso mercado. Alguns são hipersegmentados, outros tem um conteúdo muito grande de palestras patrocinadas, outros tem um custo muito elevado e raramente tem espaço para novos talentos.

A ideia da Social Media Week São Paulo é ser um evento onde você pode se aprofundar em um assunto seguindo uma trilha, mas também pode saltar para outros temas ao longo da semana. Você paga um valor simbólico se não quiser perder uma palestra mas pode consumir muito conteúdo de graça, e se você batalhar um pouco você pode ocupar o palco.

Somos hoje o evento mais democrático e diverso do mercado, com profissionais mais experientes e ao mesmo tempo novos talentos. As discussões geradas na Social Media Week São Paulo mudam a cara do mercado brasileiro a cada edição.

2) O que mudou da 1ª edição para a 10ª edição do evento na maneira de passar o conteúdo?

Eu confesso que nem participei da 1ª edição que aconteceu em fevereiro de 2010, isso fez com que eu contasse o evento incorretamente durante um tempo, é inclusive difícil achar detalhes da edição de 2010. Fui palestrante e co-curador da edição de fevereiro 2011 na FAAP, a 2ª edição, rolaram mais 3 edições (set/2011, fev/2012, set/2012) e assumi o evento de set/2013 em diante. A atual edição é a 11ª.

Lá atrás o evento tinha um característica que era bem interessante de ter vários pequenos eventos espalhados pela cidade, era bacana do ponto de vista de ser democrático, mas complicava muito a logística e muita gente se perdia enquanto outros não forneciam uma condição adequada para o evento ocorrer.

Além disso a curadoria era muito fechada, mesmo convidando diversos curadores para colaborar era difícil sair dos nomes tradicionais do mercado.

Com o objetivo de manter o aspecto democrático e diversificar a programação em 2014 eu decidi convidar toda a minha base de contatos para palestrar. Surgiram 300 propostas, muita gente que eu nunca tinha visto palestrar antes. Daí começou a ideia de fazer curadoria colaborativa.

Em 2015 utilizei uma plataforma de curadoria aberta para qualquer um poder se inscrever e de 2016 em diante utilizar uma plataforma que a 80/20 Marketing desenvolveu pra gente. O número de propostas pulou para 700 nessa edição e hoje conseguimos trazer muita gente nova, mantendo o aspecto democrático, e graças a ESPM organizar todas as atividades próximas com uma ótima infraestrutura.

Além disso a partir de 2014 passamos a usar inscrições por sala. Dá muito trabalho para se inscrever mas acabamos com o problema de overbooking. Algumas pessoas não se adaptaram ao formato mas no geral eu considero um sucesso. Continuamos tendo um evento acessível que cresce cerca de 1000 participantes por ano.

3) O que o Edney de 1997 imaginava que fosse acontecer no futuro da internet? E o que de fato aconteceu?

O Edney de 1995 quando olhou a internet pela primeira vez pensou que todo mundo ia se comunicar através dela e isso ia afetar significativamente o mercado de coisas impressas, o conhecimento seria melhor distribuído e a humanidade poderia dar um salto de desenvolvimento.

Hoje todo mundo se comunica pela internet, revistas, jornais e livrarias estão falindo, as pessoas de fato tem mais acesso ao conhecimento, mas também tem mais acesso a ignorância alheia. Ainda não aprendemos a conviver com as diferenças, mas pelo menos agora sabemos que os diferentes existem. Ainda acredito que vamos ter um salto de desenvolvimento mais significativo do que inteligência artificial e robôs, mas vamos ter de esperar uma convivência mais harmoniosa pra colaborarmos mais uns com os outros.

4) O que o profisional digital não pode deixar de estar ligado? O que é/será tendência?

É preciso olhar com carinho para as novidades tecnológicas e saber separar o que já é aplicável ao mercado, o que já não funciona mais e o que será adotado em breve. A tecnologia vive de ciclos, não podemos nos prender ao passado mas não podemos ignorar o futuro, é uma constante transformação. Porém entender tecnologia sem entender a sociedade, como ela se comunica e como ela se relaciona raramente vai permitir que você desenvolva algo aplicável e escalável. Tecnologia sem capital humano é só um peso de papel muito caro.

 5) O que você considera obrigatório para quem está no mercado digital hoje?

Estar preparado para sair da sua zona de conforto. Romper com o status quo. Se preocupar com o próximo e por último estar bem informado. Informação para quem está na zona de conforto, sem compromisso com a mudança e olhando para o próprio umbigo não gera resultado nenhum.

6) Para empresas e profissionais que ainda não enxergam o poder e a importância do digital, o que você recomendaria?

Não recomendo nada, se você ainda não enxerga a importância do digital em 2018 você já está morto, apenas esqueceram de te enterrar.

 7) A profissão do social media ainda não é totalmente regulamentada e "padronizada". Você vê isso como um problema? Por que ainda não conseguimos profissionalizar a profissão?

Não há necessidade de regulamentar um profissional de social media, na verdade social media não é mais profissão. Gerar conteúdo é uma profissão, se relacionar com pessoas é uma profissão, gerenciar comunidade é uma profissão. Social Media é apenas mais um canal que podemos trabalhar. 

A própria Social Media Week evolui para assuntos paralelos por entender que, apesar de Social Media estar no centro de diversas técnicas e tecnologias de comunicação ela não é o objetivo final, ela é apenas o meio para que as empresas alcancem seus objetivos.

8) Como foi a decisão de deixar a profissão que exercia para se dedicar somente ao seu blog? Hoje em dia muitas pessoas desejam fazer a mesma coisa mas tem os boletos para pagar. O que você pode passar da sua experiência para quem quer fazer do blog/redes sociais o seu trabalho principal?

Pra mim foi uma decisão muito simples, pois desde janeiro/2004 eu já ganhava com o blog mais do que o meu salário e mesmo assim eu só criei coragem em agosto/2005. Hoje em dia são raras as pessoas que vão conseguir viver diretamente de publicidade como foi o meu caso lá atrás. Eu mesmo repensei todo o meu modelo de negócio ali entre 2011 e 2013. 

Hoje Acredito muito mais nos modelos híbridos onde o produtor de conteúdo tem receitas paralelas de consultoria, palestras, treinamentos, e outros serviços ou até venda de produtos. 

9) Nunca se teve tanto acesso a informação, eventos, palestras, workshops a respeito do mundo digital. Como se manter atualizado sem sofrer com da sensação de estar perdendo algo importante?

Você tem de procurar o seu foco, a própria Social Media Week é um exercício para isso, tem 7 palestras simultâneas, tem programações bem diferentes de um dia para o outro. Se você não consegue escolher o que ver na programação do evento já é um indício de que você ainda está perdido no mercado. 

E isso não é uma característica exclusiva do jovem, na verdade eu tenho visto muito mais pessoas de 30 ou 40 em diante perdidas do que os de 18 anos. É gente que lá atrás quando fez a faculdade achou que tinha decidido o resto da vida e agora não quer fazer de novo a escolha da carreira. Enquanto o jovem de 18 já sabe que daqui a 10 anos ele vai trabalhar com alguma coisa que ainda não tem formação disponível.

O que me ajuda muito é: O que eu preciso saber / fazer para ser útil para o mercado hoje? O que eu preciso me preparar para ser útil para o mercado no ano que vem. E isso já é suficiente. Qualquer coisa fora desse escopo eu encaro como entretenimento e não é tempo perdido, porque precisamos nos divertir, só não coloco como prioridade nem fico chateado se perco.

10) 10ª edição de SMWSP é um baita marco. Como você se sente sendo responsável por trazer esse evento para a América Latina?

Então como disse anteriormente é a 11ª edição e na verdade quem trouxe o evento foi uma galera ligada ao Startupi, depois o Bob Wolheim assumiu e em 2013 ele me passou o bastão. Eu me sinto muito orgulhoso num primeiro momento pela confiança que me foi depositada e num segundo momento me sinto orgulhoso de ter ampliado esse evento e impactado a vida de tanta gente. 

Tenho um prazer muito grande de estar hoje nos bastidores sabendo que nos 7 palcos simultâneos profissionais estão se desenvolvendo, empresas estão construindo suar marcas, pessoas estão gerando relacionamentos e dali a pouco nos corredores muita gente vai marcar café e almoços que vão virar negócios. 

Eu faço esse evento para devolver para o ecossistema muito do que o ecossistema me deu, e em troca eu ganho esse gigantesco networking que cria uma rede positiva ao meu redor.

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