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Fóssil de 250 milhões foi encontrado há anos e doado à Famcri nesta terça-feira

Objeto pertencia à mesma flora da origem do carvão mineral e estará exposto no Centro de Educação Ambiental do município
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 18/02/2020 - 17:06 Atualizado em 18/02/2020 - 17:55
Fóssil estará exposto no Centro de Educação Ambiental da Famcri (Foto: Arquivo / Divulgação)
Fóssil estará exposto no Centro de Educação Ambiental da Famcri (Foto: Arquivo / Divulgação)

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"É sensacional. Esse fóssil faz parte da história do município. Quando essa árvore cresceu, Brasil e África eram um continente só. Sabe-se que o nosso carvão mineral é oriundo de resíduos orgânicos. Esse fóssil pertenceu a florestas que deram origem ao carvão", explica o geólogo da Famcri, Maurício Thadeu Fenilli de Menezes, sobre o fóssil de uma árvore de mais de 250 milhões que foi doado para o município nesta terça-feira, 18.

Os fragmentos foram encontrados por um morador do Morro Estevão há alguns anos, durante uma obra que exigiu escavação. Agora, o objeto foi doado para a Famcri e ficará em exposição no Centro de Educação Ambiental. A visitação ao local é gratuita e recebe crianças e pessoas de outras cidades. Além da educação ambiental, agora também terá explicações sobre os fósseis, que são uma forma de conhecimento histórico sobre a região.

"O fóssil é um diferencial dessa região. Foi encontrado um fragmento ali, mas pode ter mais. Criciúma é cientificamente reconhecida pela importância dos seus fósseis e pode ser reconhecida historicamente também", aponta Maurício.

De acordo com o geólogo, o fóssil é de uma árvore já extinta, do gênero das glossopteris, semelhante a uma samambaia gigante. Um fóssil parecido foi encontrado em 1908 na região e ajudou na comprovação da teoria de que Brasil e África, nos tempos pré-históricos, eram unidos, na formação única continental chamada Pangéia. "Encontra-se essa espécie no Brasil e na África, o que é um indício que ajudou a comprovar a Teoria da Deriva Continental", explicou Maurício.

Árvores que viraram carvão

O carvão vegetal,  a principal alavanca econômica da Região Carbonífera, originou-se no mesmo período desses fósseis encontrados. "O processo do carvão e do fóssil acontecem juntos, mas sob condições de temperaturas diferentes. Um virou quartzo e o outro carvão mineral", afirma Maurício. 

Fossilização e formação do carvão são processos diferentes, mas que andam juntos. "O carvão mineral vai ter acúmulo de matéria orgânica mas é submetido a condições de maior temperatura. No carvão mineral você tem a matéria orgânica, no fóssil não tem mais a essa matéria orgânica, você tem a forma exata de como era o tronco. As moléculas de carbono foram substituídas pelo quartzo", explica o geólogo.

Recuperação histórica

Encontrar um fóssil é uma oportunidade de recuperar a formação do passado na região. O fóssil doado à Famcri nesta terça-feira ficará aberto a visitação, mas também está disponível para quem quiser fazer pesquisas.

"É uma oportunidade pros paleontólogos virem aqui e contar melhor essa história. A árvore é típica de litorâneas e indica o ambiente em que ela se formou. Ela pode contribuir para encontrar ou identificar novas camadas de carvão", acrescenta Maurício.

O geólogo também falou sobre o processo de fossilização de árvores, que é mais "simples" em comparação com os fósseis de animais pré-históricos. "É mais fácil fóssil de árvore do que de animais. Os animais tem partes moles, carnes e cartilagens que são mais difíceis de preservar. O tronco por ser mais rígido e denso, acaba preservando melhor. Ainda assim é um processo difícil", esclarece.

O fóssil encontrado tem idade entre 250 milhões e 290 milhões de anos. Ele é anterior ao período de aparecimento dos dinossauros na Terra, estimado em 233 milhões de anos. 

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