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Em Criciúma, aumenta em 122% número de internados em UTI na última semana

Leitos do sistema público no Hospital São José tem taxa de ocupação de 60%; município não descarta medidas restritivas
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 23/06/2020 - 10:11 Atualizado em 23/06/2020 - 11:33
Movimento nas ruas foi menor nesta terça-feira (Foto: Heitor Araujo)
Movimento nas ruas foi menor nesta terça-feira (Foto: Heitor Araujo)

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Criciúma apresentou um aumento expressivo de internações por Covid-19 na última semana. Em sete dias, cresceu 122% o número de pacientes em UTI no município, enquanto os internados em clínica aumentou 156%. Atualmente, são 20 pacientes em UTI na cidade, enquanto outros 41 estão em clínica, segundo dados divulgados pela vigilância epidemiológica na última segunda-feira, 22. Os números envolvem casos confirmados e suspeitos. A crescente acendeu de vez o sinal de alerta na prefeitura, que já admite a possibilidade de medidas restritivas no município.

Na rede pública de saúde, a situação começa a ficar delicada. Dos 28 leitos de UTI disponíveis no Hospital São José, 17 estão ocupados - uma taxa de ocupação de 60%. Em uma semana, mais do que duplicou o número de pacientes em tratamento intensivo contra a Covid-19, de acordo com o diretor técnico Raphael Elias Farias. Apenas nas últimas 24 horas foram três novas internações

O prefeito Clésio Salvaro, que desde abril pressiona o governo do Estado pela retomada das atividades em Santa Catarina e rapidamente liberou o transporte coletivo quando o poder foi municipalizado, já admitiu a possibilidade de medidas restritivas a partir de quinta-feira, quando terá reunião com a equipe da Saúde. Em vídeo divulgado no nas redes sociais, porém, o prefeito criticou a população.

"Procuramos flexibilizar as coisas aqui porque gostamos de ver a cidade crescendo e evoluindo, o povo na rua trabalhando. As pessoas não estão colaborando ou agora vão transferir toda a culpa para o prefeito? Vocês precisam colaborar, eu não quero fechar o comércio, shoppings, academias, restaurantes. Mas se você não colaborar, não teremos outra alternativa", disse Salvaro.

Os números de internação são os mais altos no município. Saltou de 16 (entre UTI e clínica) no dia 31 de maio para 61 na última segunda-feira, envolvendo a rede pública e a saúde suplementar, um aumento de 281%. Entre os dias 15 e 22 de junho, o crescimento também é relevante: de 25 para 61, aumento de 144%.

De acordo com Raphael Elias Farias, a maioria dos internados no Hospital São José é de pessoas acima de 50 anos, mas há um paciente mais jovem no Hospital São José. O médico mostra-se preocupado com o aumento nos últimos dias, que quebra o paradigma de estabilidade no número de internados pelo Sus. 

"A gente mantinha quase que o mesmo número de pacientes internados, eram os mesmos. Agora dobrou na última semana. Essas reuniões familiares, de amigos, são os principais contatos. Pequenas reuniões de grupos, de amigos, e viagens de turismo também", lamenta.

O pneumologista Renato Matos cita medidas restritivas impostas em outros municípios para falar sobre o combate à Covid-19. Em Florianópolis, shoppings, galerias e academias serão fechados, enquanto supermercados, bares e restaurantes funcionarão em período reduzido, medidas que serão validadas a partir desta quarta-feira. No município, a multa para quem andar sem máscara na rua será de R$ 1,2 mil.

"A situação é muito preocupante. Há um aumento gradual (de internações), mas agora muito rápido. A gente está vendo uma irresponsabilidade muito grande das pessoas. Tem que ser feita alguma coisa para segurar isso antes que medidas mais restritivas tenham que ser tomadas. Não adianta só hipertensos, idosos, obesos ficarem em casa, se o jovem sai. O nosso sistema de saúde é extremamente pequeno para uma situação como essa. Temos que ter medidas mais restritivas. Uso de máscara tem que ser obrigatório na cidade", afirma o pneumologista.

Para Renato, que integra o corpo técnico que reúne-se com a secretaria da Saúde para sugerir medidas de combate à Covid-19, apesar de incômodas, medidas como as de Florianópolis não devem ser descartadas em Criciúma. "Estamos com três meses (de pandemia) e parece que agora vai começar. Esse jeitinho brasileiro, de que aqui não vai pegar, talvez nos traga um preço muito grande em mortes e na economia. O Banco Central americano mostra que na gripe espanhola aqueles que fizeram fechamento mais rigoroso tiveram a recuperada econômica mais rápida", avalia.

"Na Itália, agora que estão começando a liberar. Aqui liberou rapidamente. O movimento estava baixo, mas as coisas estavam abertas. Se atingirmos número que o sistema de saúde não consiga suportar, vamos ter que fechar coisas, isso é muito ruim para nós. Temos que ter medidas mais duras, policialescas. Não é o velho que está em casa, é a pessoa que está na festa que leva a doença para ele", concluiu o médico.

Em Criciúma, o número de infectados também vem aumentando gradualmente. Saltou de 415 no fim de maio para 577 na última segunda-feira. Há uma semana, eram 518 pessoas com coronavírus no município: aumento de 11% nos últimos sete dias. 

Tags: coronvírus

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