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É de pequeno que se aprende

Érick, Alice e seus colegas dos primeiros anos da Escola Hercílio Amante, de Criciúma, receberam lições de cidadania durante o projeto ‘Chá com as avós’, que serão disseminadas em toda comunidade
Por Francieli Oliveira Criciúma, SC, 23/09/2018 - 22:24 Atualizado em 23/09/2018 - 22:35

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"Aprendi que quando vejo uma pessoa idosa tentando atravessar a rua eu vou ajudar, também aprendi que no ônibus ela tem preferência para sentar”, relata o pequeno Érick Marcelino Bonfante, de apenas seis anos. Ao lado da avó Anadir Colombo Bonfante, a dona Ana, ressalta ela, o menino descreve o que aprendeu durante o ano na Escola Municipal de Ensino Fundamental Hercílio Amante, no Bairro Floresta I, de Criciúma. Ao ser questionado o que achou do ensinamento, ele é sucinto, mas a pequena palavra vem carregada de muito sentimento. “Amei”, diz com brilho nos olhos.

A avó Ana já faz parte do dia a dia escolar de Érick. “Todo mundo me conhece aqui já, sou eu que trago e venho buscar ele todos os dias. Somos muito próximos, quando ele dorme lá em casa é uma festa”, diz toda orgulhosa. Mas, pelo segundo ano, participa do ambiente escolar de forma diferente. Ela, junto com as outras avós dos 50 alunos dos primeiros anos do ensino fundamental, integra o projeto “Chá com as Avós”, o ponto alto de todo um ensinamento colocado em prática durante todos os meses.

A avó de Érick, dona Ana, participa pela segunda vez do projeto, já a dona Nadir, que é avó da Alice, passa pela primeira vez pela experiência e se sente muito lisonjeada
Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna

Em 2016, a dona Ana participou com a neta Emily Marcelino Bonfante, irmã do Érick. “Nesse ano eu achei que não viria, mas ele falou que queria as duas avós”, relata a avó com felicidade. O respeito que o neto sempre teve com ela até aumentou após participar do projeto. “Ele se preocupa comigo, quando estou fazendo alguma coisa, vem dizer que eu trabalho muito, que preciso descansar. Daí ele diz, vó, a senhora tem que descansar porque já está na terceira idade”, revela Ana.

A avó da Alice Demétrio Dutra, também com seis anos, é a dona Nadir Damasio Dutra. Ela mora no Bairro Milanese em outra região de Criciúma, mas não deixou de participar do projeto e de estar um pouco mais perto da neta. “Foi a primeira vez que participei e me senti bem lisonjeada, bem orgulhosa. É muito importante para nos sentirmos valorizadas”, elenca dona Nadir. “Aconselho que outras escolas também tenham essa iniciativa”, acrescenta.

A pequena Alice, assim como o Érick, também aprendeu que o respeito aos mais velhos está em todas as partes e momentos do dia. “Foi muito legal. Eu aprendi a respeitar os idosos nas filas da lotérica, nos ônibus”, relembra.

Aprendi que quando vejo uma pessoa idosa tentando atravessar a rua eu vou ajudar, também aprendi que no ônibus ela tem preferência para sentar”,
Érick Marcelino Bonfante - Estudante

Encontro com as avós e visita ao asilo colocam em prática o ensinamento

O projeto “Chá com as avós” foi realizado pela primeira vez em 2016 e deu tão certo que chegou a sua terceira edição e com projeção para a quarta em 2019. “Não trabalhamos apenas a questão dos avós, mas dos idosos em geral, o respeito nas filas, nos estacionamentos, até mesmo para que eles cobrem dos pais que façam o correto e eles ficam cuidando”, relata a professora Simone Borges, que pelo terceiro ano aplica o projeto em suas aulas.

Para que as crianças entendessem como realmente funciona teve as saídas de campo. “Fomos até o shopping, mostramos como estão demarcados os estacionamentos exclusivos para os idosos, assim como nas lotéricas e eles também visitaram os asilos”, lembra a professora Simone.

A professora Sônia Regina da Silva Roque está engajada pela primeira vez no projeto, já que esse é seu primeiro ano na Hercílio Amante. “Esse projeto vem para valorizar o que muitas vezes está se perdendo, que é o respeito ao idoso. Também confeccionamos cartões para entregar e ouvimos relatos de que é o primeiro cartão recebido”, conta Sônia.

Ao final, o projeto é brindado com um encontro na escola, o chá com as avós. “Elas vêm até a escola para conhecer o ambiente escolar dos netos, assistem a apresentações, e confraternizamos com um chá, que também relembra a questão cultural das ervas cultivadas nos tempos de nossas avós, nos remete à infância, aos domingos de visitas aos avós”, descreve a diretora da Escola Hercílio Amante, Ana Paula Colombo. “A escola tem esse olhar para outras questões, além do conteúdo pragmático, então, em todas as turminhas é desenvolvido algum tipo de trabalho, seja em relação aos idosos, ou sobre os indígenas e as africanidades”, complementa a diretora Ana Paula.

Além dos conteúdos como matemática, língua portuguesa e ciências, os pequenos levam para a vida, não só suas, mas também de suas famílias, a cidadania. “A escola tem esse papel também e na hora de escolhermos uma frase para o mural não poderia ter outra que descrevesse melhor do que a ‘respeitar a pessoa idosa é tratar o próprio futuro com respeito’”, lembrou a professora Simone.

A escola tem esse olhar para outras questões, além do conteúdo pragmático, então, em todas as turminhas é desenvolvido algum tipo de trabalho, seja em relação aos idosos, ou sobre os indígenas e as africanidades” 
Ana Paula Colombo - Diretora

As professoras Sônia e Simone foram as responsáveis pelo projeto neste ano e recebem o carinho dos alunos e também das avós

O ensino hoje que incentiva a valorização no amanhã

Ensinar o respeito agora irá refletir lá na frente, quando esses pequenos, hoje, entre seis e sete anos, se tornarem adultos. Para a presidente da Comissão do Idoso da Ordem dos Advogados do Brasil, da Subseção Criciúma, Juliana Espíndola Caldas Cavaller, o número de idosos cresceu e vem crescendo muito no país, o que mostra ainda mais a importância de trabalhos como o desenvolvido na Hercílio Amante. “A pirâmide inverteu e daqui a pouco o número de idosos será bem do que de jovens, por isso, conscientizar as crianças que vão conviver com muitos idosos é muito importante, especialmente, na questão dos direitos e do respeito a essas pessoas, uma questão de consciência mesmo”, elogia Juliana. Principalmente porque não temos políticas públicas preparadas para esse crescimento no número de idosos”, pondera a advogada.

Para a secretária de Educação de Criciúma, Roseli de Lucca Pizzolo, os projetos em relação ao respeito aos mais velhos é muito importante na educação infantil. “Faz com que nossos alunos valorizem a sabedoria que as pessoas vão adquirindo com o passar da idade. Além da vivência, é muito importante valoriza a sabedoria. E esses projetos fazem com que não se aprenda somente a respeitar, mas admirar. Nossos idosos merecem o nosso respeito e nossa admiração”, acrescenta Roseli.

Faz com que nossos alunos valorizem a sabedoria que as pessoas vão adquirindo com o   passar da idade. esses projetos fazem com que não se aprenda somente a respeitar, mas admirar. Nossos idosos merecem o nosso respeito e nossa admiração”
Roseli de Lucca Pizzolo - Secretária de Educação

São mais de 30 milhões de idosos

Em 2017, a população brasileira superou a marca dos 30,2 milhões de idosos. A divulgação foi feita em abril na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características dos Moradores e Domicílios pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Desde 2012, houve um acréscimo de 4,8 milhões de pessoas acima dos 60 anos.

Em 2012, a população de idosos era de 25,4 milhões. Os 4,8 milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um crescimento de 18% desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil. As mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo).

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