Depois de fazer diversas denúncias ao Ministério Público (MP), devido aos cuidados com os profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate à pandemia, o Conselho Municipal de Saúde de Criciúma, elabora um documente que será levado ao órgão.

Ao programa Ponto Final, da Rádio Som Maior, o presidente do conselho, Julio César Zavadil, reclama da falta de cuidados com os profissionais e da aglomeração no Centro de Triagem da cidade. “Desde o início da pandemia o conselho vem discutindo formas de minimizar estes problemas. Os casos cresceram mais de 120% em Santa Catarina. Em Criciúma está crescendo muito e o conselho está fazendo todos os esforços para traçar ações para enfrentar a pandemia. Temos discutido com o secretário, com a Vigilância Sanitária que tem feito sugestões que não estão sendo seguidas pelo gestor, então temos visto acontecer dentro dos espaços de saúde a falta de equipamentos de proteção, isolamentos adequados. Recebemos denúncias que o Centro de Triagem estava cheio hoje (quinta-feira), que não está como preconiza a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a Vigilância Sanitária”, relatou.

Zavadil ressaltou ainda que o cuidado deve ser maior devido à quantidade de pessoas que passam pelo local. “Temos pessoas ali dentro que são de todos os segmentos desde médicos, laboratórios, associações, temos  tentado fazer esta discussão com a administração. Não fomos ouvidos nem para estar no comitê, onde se discute onde colocar os valores. O conselho é o órgão legítimo que deveria estar nestes espaços. Cobramos o adoecimento e a forma de contágio de médicos e qual a forma que estão fazendo para isolar estas pessoas, como está sendo monitorado. A forma de trabalho está precária e não temos resposta do gestor. Fica só no diálogo e nada que levamos para discutir em conjunto é ouvido”, enfatizou o presidente do conselho, acrescentando que 15% dos profissionais de saúde de Criciúma já foram afastados devido ao contágio pelo novo coronavírus.

Médico também fala do assunto

Médico psiquiatra da infância e adolescência e integrante do Conselheiro Municipal de Saúde, Giovani Rizzo, também relatou ao programa Ponto Final, os problemas vistos por ele. “Todo o local onde atuo foi organizado para atendimento durante a pandemia, no início. Posteriormente a isso, algumas adequações continuaram, mas desde essa segunda-feira está sem uma higienizadora para que se faça a limpeza entre os atendimentos”, revelou.

Rizzo está afastado por apresentar sintomas semelhantes à Covid-19 e foi ao Centro de Triagem para fazer o teste. “Fui no Centro de Triagem fazer o teste e tinha 18 pessoas na sala de espera. Para se ter uma ideia da situação que estamos passando. Isso está relacionado também a ter somente dois médicos atendendo. Ser organizado antes e agora com maior necessidade diminuir, traz mais receios e problemas para quem atende e ai vem a questão psicológica. Em março e abril foi montada uma estrutura melhor, e agora que precisa mais se diminuiu”, finalizou.