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Bronca contra o chefe do casarão

Por Denis Luciano Criciúma, SC, 23/11/2018 - 11:05
Reprodução / Tribuna Criciumense, 24/12/1956
Reprodução / Tribuna Criciumense, 24/12/1956

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“Uma portaria contra o carvão. O Plano Nacional do Carvão, em discrepância com o interesse nacional – urge providência enérgica do Presidente da República”

Foi ao sabor desta manchete que os criciumenses partiram à ceia de Natal naquele 24 de dezembro de 1956. A alarmante notícia publicada por Tribuna Criciumense mexia de fato com a cidade. Ocorre que Criciúma, com seus 60 mil habitantes e com os recantos revirados por pirita e pelo vai e vem das minas de carvão, tinha uma fundamental relação com o ouro negro. Tudo estava direta ou indiretamente ligado ao minério. A renda das famílias, o movimento do comércio, a criação de mais serviços públicos, até os sonhos e perspectivas tinham umbilical relação com a prosperidade das carboníferas.

Vai além a notícia.

“Num ataque frontal à Constituição, o General Veiga, presidente da Comissão Executiva do Plano do Carvão Nacional, pretende com uma portaria obrigar que os mineradores de carvão de Santa Catarina deixem de beneficiar seu produto e o entreguem, em bruto, à CSN”.

Isso era quase que um lesa-pátria a Criciúma. O barulho com a notícia pesada só não era maior por conta da letargia comum das festividades de fim de ano. O noticiário estava amortecido, já que o frenesi daqueles dias era ir à Casa Oro, ou à Casa Honório Búrigo, ou aos tantos lojões mais e menos prestigiados fazer suas compras para garantir os presentes de Natal. Era preciso, claro, que a economia continuasse pujante, mas a preocupação naquele instante era com os presentes debaixo da árvore.

Mas o “ataque à Constituição” citado por Tribuna que o general, hoje nome de importante rua na Próspera, acabara de cometer, era razão de impropérios e agitos dos mais diversos no ambiente político. Contam que uma rodinha no Café São Paulo, esquentada pelos afiados argumentos de dois jornalistas, por pouco não terminou em coluna policial do Tribuna. É que o próprio José Pimentel e seu colega João Sônego, que àquela altura muito estava envolvido com o futebol mas já mergulhava nos ambientes sindicais e políticos, animavam uma discussão para a qual atraíram dois ou três vereadores, chegados ao prefeito Addo Faraco. A provocação que fez exaltar ânimos era de que Addo muito propagandeava e pouco de fato realizava pelo carvão. Não se sabe o autor exato de tal citação, mas os seus barulhos levaram poucos minutos para sair da praça Nereu Ramos e retumbar ali no casarão da Pedro Benedet. E olha que trocar mensagens por WhatsApp era mais que ficção científica naqueles últimos dias de 56.

Soube-se no casarão que a conversa da praça girava em torno de uma Criciúma que carecia de representação política mais enérgica, e que se a tivesse, menos teríamos que brigar para que nossas indústrias fossem respeitadas. Enquanto não o eram, justificava-se o artigo “A Cidade em Revista”, que Ézio Lima fazia publicar uma semana depois, em 31 de dezembro. “O que nos reserva 57?”. Surpresas estavam por vir.

A lembrar que o General Osvaldo Pinto da Veiga dirigia o Plano Nacional do Carvão por aqui. O plano mandava no casarão da Pedro Benedet. Logo, toda essa pendenga municipal era contra o chefe do casarão.

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