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Antes da tempestade, um cineminha...

Em Centro Cultural Jorge Zanatta, capítulo 14, os cinemas dos fins dos anos 60 e a crise política que se avizinhava
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 21/11/2018 - 11:10
Reprodução / Tribuna Criciumense, 24/12/1956
Reprodução / Tribuna Criciumense, 24/12/1956

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Os anos 60 se aproximavam e José Pimentel nem a maioria absoluta dos brasileiros imaginavam que se fermentava, sutilmente para dali a alguns anos, um golpe militar, a Revolução de 64, que teria nascedouro no fenômeno da virada da década, com a eleição de Jânio Quadros.

Por aqui as preocupações seguiam paroquiais no jornal do Pimentel. Tanto que, nas últimas edições de 1956, sobressaltava uma Criciúma que discutia o nome do aeroporto do Pinheirinho, as idas e vindas da economia que seguia mais desfavorável do que favorável ao nosso carvão, os animais soltos pela cidade e, a melhor de todas as notícias, o investimento de nossos cinemas em tecnologia.

Sim, a grande diversão daquela Criciúma com 30 anos de vida emancipada era ir ao cinema. Se emocionar e gargalhar diante das telonas no Cine Rovaris, o pioneiro, de 1940, e o recém nascido Cine Milanez, novinho em folha. Era um breve desestressar naquele 57 que chegou carregado para os senhores do Plano Nacional do Carvão.

Na primeira reunião técnica de 57 no casarão da Pedro Benedet, o assunto era o plano de amparo aos trabalhadores do carvão. A panela de pressão das cobranças por benefícios sociais aos mineiros se tornava cada vez mais forte. E o Plano, tendo à frente o General Osvaldo Pinto da Veiga, era acusado de omissão. Logo, ter água fresca dali tratada e encanada e ter um moderno aparelho de raio-x além de técnicos estudando o presente e o futuro da mineração não eram mais serviços que saciavam a uma população crescente, que já batia aos 60 mil habitantes. 

Se queria mais do casarão. Mas sabia-se, também, que as políticas dali emanadas eram a ligação entre Criciúma e o Brasil. Era a nossa esperança, o que nos fazia estar no mapa. Por essas e outras que o prefeito Addo Caldas Faraco, hábil e sensível, fazia propagar no Tribuna Criciumense os artigos que tentavam diminuir a fervura. Um deles, sob o título “Solidários ao General Pinto da Veiga”, era avalizado pelo sindicato dos mineradores. Era um jeito de fazer Criciúma um tanto simpática ao principal braço federal que operava na cidade.

Alguns desses artigos tiveram que ser espremidos por Pimentel e sua brava equipe do nosso jornal em outras páginas para abrir espaço à grande nova daquele fim de ano: o novo equipamento importado da Iugoslávia que passava a conferir “alta fidelidade de som e magnífica projeção”, conforme prometia o anúncio de página inteira no Tribuna de 24 de dezembro de 56. Natal e Ano Novo com diversão garantida ao sabor dos bons filmes para fazer aguardar os próximos anos que prometiam tensões também atrás das grossas paredes do casarão da Pedro Benedet.

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