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A cultura finalmente chegou

Em "Centro Cultural Jorge Zanatta", capítulo 27, o casarão da Pedro Benedet se torna um centro cultural
Por Denis Luciano Criciúma, SC, 11/12/2018 - 11:05 Atualizado em 11/12/2018 - 11:17
(Arquivo / A Tribuna)
(Arquivo / A Tribuna)

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Durou pouco tempo o cárcere no casarão. Se houve algum desgosto para o saudoso Pedro Benedet, certamente seria este. Ele não viveu para ver o prédio que sonhou sediando pesquisa e memória do nosso ouro negro abrigando presos em um regime político de exceção. Ainda mais presos da envergadura de um Manif Zacharias, que tão bem aproveitou o período de cárcere para desenvolver o mais premiado de seus ótimos livros, conforme já contamos aqui ontem.

Foram meses de desvio de rota na função do casarão, mas pouco ali se desenvolveu de prático e com resultados nos anos e décadas que se seguiram. Houve mais um vai e vem de gestores, de politicagens e troca de titulares. Desde 1960 o casarão estava sob a tutela do Ministério de Minas e Energia. Com a extinção do Plano Nacional do Carvão, em 1970, passou ao Conselho Nacional do Petróleo. Embora não houvesse uma gota de petróleo aqui. A doação do Estado à União em 1976 criaria um problema burocrático dos grandes mais tarde. Não foi fácil trazer de volta ao município o que na origem era seu. 

Em 1991 veio o primeiro pedido de Criciúma para assumir o prédio, a essa altura um pedaço esquecido do tal Ministério da Infraestrutura do governo Collor de Mello, governo que sucumbiria em 92 na onda de corrupção do esquema PC Farias. “Eduardo, vamos trazer esse prédio para a nossa cultura?”. A proposta, carregada da cortesia característica do oftalmologista Henrique Packter, iniciador com diversos e valorosos parceiros da Fundação Cultural de Criciúma, e endereçada ao prefeito Eduardo Moreira, não demorou a tornar-se realidade e, em 7 de maio de 1993, veio a boa nova. O engenheiro Luiz Felipe Seara, enquanto diretor do DNPM em Santa Catarina, deu o aval e, nessa data histórica, a Fundação finalmente tomava posse de parte das salas do casarão. Ali instalavam-se administração, oficinas das mais diversas, galerias e Criciúma passava a ter a sua casa cultural.

“Precisamos de um acervo”, pensou Packter. Daí começaria um garimpo por obras de arte, quadros. Do nada, até uma pinacoteca os criciumenses ganhariam. Mas os problemas eram inúmeros. O recém presidente de uma recém fundada Fundação pouco ou quase nada tinha. Tanto que iniciou a gestão pública da cultura em salas emprestadas, de um casarão que requeria reparos, em um ambiente de outros aparelhos culturais também em difícil situação, casos do Teatro Elias Angeloni, do Memorial Dino Gorini, do Museu Augusto Casagrande e da Mina Modelo, todos em precárias condições. Era mais uma luta da qual faria parte o casarão da Pedro Benedet. Mas a boa estrela brilhou e essa batalha ganhou um associado decisivo que, com seus recursos e desprendimento, mais os apelos de dois ilustres criciumenses, fez a boa ação que permitiu restaurar a casa da nossa arte e, em troca, ela eternizou o nome desse mecenas.

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