Blog Renato Matos
As regras do trânsito, o martelo e o coronavírus
No Brasil, morrem em média 30.000 pessoas ao ano por acidentes de trânsito. Milhares permanecem com disfunções graves.
Medidas preventivas podem reduzir em muito esses números. Entre as mais importantes: evitar que motoristas dirijam embriagados.
Isso não é nenhuma novidade, mas, até 2008, os governantes apostavam e contavam com a prudência e o discernimento das pessoas.
Naquele ano foi promulgada a lei seca, que passou a penalizar com rigor quem dirige sob efeito do álcool.
Essas regras foram endurecidas ainda mais em 2018, com tolerância zero ao álcool.
Aos infratores, multas que alcançam 3 mil reais (dobradas em caso de reincidência) e possibilidade de prisão até 8 anos para quem causar morte no trânsito sob efeito de substâncias psicoativas.
Segundo projeções do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro, órgão da Escola Nacional de Seguros, nos primeiros 10 anos, a nova legislação evitou a morte de 40.700 pessoas e a invalidez permanente de outras 235.000.
Estivessem as autoridades de trânsito insistindo apenas na necessidade de conscientizar a população, sem as duras penalidades associadas, teríamos alguma chance de reduzir esses índices vergonhosos?
A estratégia do martelo e da dança no controle da Covid-19
O termo, não a estratégia, foi criado por Tomas Pueyo, engenheiro do Vale do Silício, num artigo que viralizou pelo mundo.
É o plano adotado pela maior parte dos países que vêm conseguindo sucesso na luta contra o SARS-CoV-2.
O martelo representa um período relativamente curto (semanas), em que medidas muito rigorosas são tomadas para colocar o vírus sob controle o mais rapidamente possível.
A segunda fase, a da dança, retrata a época de estabilidade, quando os números passam a cair. Nesta, as restrições são gradualmente relaxadas.
Agora, sem dúvidas, estamos na hora do martelo, de medidas impopulares.
Não conseguiremos implementá-las apenas com apelos ao bom senso e conscientização das pessoas.
Para lembrar: enquanto acidentes de trânsito matam no Brasil em torno de 80 pessoas por dia, há semanas o coronavírus vem matando mais de 1000.
Com projeções de piora.