Bárbara Barbosa / Especial

"Hoje podemos olhar para trás e ver que valeu a pena. Essa cidade foi construída a muitas mãos para que hoje pudesse se tornar um lugar hospitaleiro e receptivo. Quem vem aqui não deixa de voltar”. É com esse resumo que o prefeito de Siderópolis, Hélio Cesa, o Alemão, faz uma leitura do sexagenário do município. São 127 anos de colonização e 60 anos de emancipação. “Para chegar aqui, é importante um resgate histórico para entendermos que essa cidade foi erguida pelo trabalho de muitas famílias e lideranças políticas”, destaca.

O elo com o passado está nas linhas da história e no sangue do povo sideropolitano, conta o vice-prefeito, Alexandre Feltrin, o Xande. “É essencial resgatar e homenagear essa grande leva de imigrantes italianos e a comunidade afrodescendente com a vinda da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O meu trisavô, por exemplo, Gerônimo Feltrin, foi o primeiro intendente do distrito de Nova Belluno. Então, está na nossa história e nos representa. Esse resgate é fundamental, é o elo com nossas origens”, sublinha. 

“Nós fomos a primeira cidade do Sul do estado a ter sinal de televisão, a ter radioamador, tínhamos até aeroporto. Essa projeção econômica foi possível pela CSN. É essencial que conheçamos o caminho trilhado pela nossa cidade para chegarmos até aqui”, pontua Xande. 

Mesmo ao relembrar o passado, Alemão não perde de vista o futuro. E a perspectiva para os próximos 60 anos, ele tem na ponta da língua. “Gostaria que tivesse ainda mais qualidade de vida, que continuasse com poucos habitantes, onde todos se conhecem e se gostam. Tudo isso para não perdermos a essência desse município acolhedor e repleto de riquezas naturais”, vislumbra ele. 

O resgate de Nova Belluno em discussão

Em julho deste ano - com a comemoração dos 127 anos de colonização italiana -, o debate em torno do resgate do nome original, Nova Belluno, reacendeu no município. O movimento é liderado pela Associação Bellunesi Nel Mondo. A inclusão do nome antigo ao atual seria uma das alternativas indicadas pelo executivo da cidade: algo como “Nova Belluno-Siderópolis”.

Conforme o prefeito, o debate foi prejudicado, momentaneamente, pela eleição presidencial, mas continuará em pauta no primeiro semestre de 2019. “No próximo semestre, vamos resgatar isso e ver se vale a pena realizar um plebiscito”, dispara. 

Envolver o povo e a história

Segundo ele, o tema foi levantado como forma de o povo conhecer a história da cidade. “Retomamos esse debate para que a população conheça as origens da cidade. Para que os livros que nossos alunos estudam contem uma história fidedigna. Até nosso padroeiro foi alterado. Gostaríamos que todos os cidadãos tivessem essa informação, a história verdadeira de Siderópolis”, discorre.

Juridicamente, um plebiscito seria a única forma legal de resgatar o nome, explica Xande. “Temos que consultar o povo a respeito disso. No entanto, hoje, estimamos que mais de 80% da comunidade não se identifica mais com o nome Nova Belluno. Geralmente o pessoal com mais de 60 anos que faz a associação, justamente por saber da história”, explica o vice- prefeito. 

O município tem motivos para comemorar as conquistas de 2018. Uma delas no que se refere ao acesso de um dos importantes cartões-postais da cidade: a Barragem do Rio São Bento.  Segundo o vice-prefeito, as obras de pavimentação da Rodovia SID 159 à Barragem do Rio São Bento seguem em ritmo acelerado. “Quase quatro quilômetros vão ser asfaltados até Rio Jordão Alto. Para o ano que vem, buscaremos recursos  para fechar os três quilômetros restantes até Nova Veneza” explica Xande. 

Com investimento aproximado de R$ 2 milhões, as obras estão em andamento há dois meses. “É importante não só para o Turismo, mas também para o escoamento dos produtos da Agricultura Familiar e, claro, a qualidade de vida da população. 

A ligação mais curta entre a serra e o Sul

Fechando a rota turística da região, ele destaca a pavimentação do trecho entre São Martinho e Nova Veneza. “Vai ser a ligação mais curta entre a serra e o Sul do estado, via São Martinho. Portanto faremos Siderópolis a Nova Veneza por São Martinho. Como Nova Veneza tem alguns atendimentos de saúde de alta complexidade, quando tiver pronto esse asfalto, vamos levar uns oito minutos até um hospital. Para irmos até o São José, em Criciúma, levaríamos 25 minutos. Um terço do tempo”, detalha ele. 

A pavimentação do trecho atrairá novos investimentos na região, segundo ele. “Prevemos que novos dois restaurantes surgirão naquela área por conta da conclusão do asfalto”, menciona Xande. O convênio entre o Município e o Governo do Estado foi assinado em outubro. Na execução das obras, serão investidos cerca de R$ 2,3 milhões. 

Os recursos do Estado são oriundos do Fundo de Apoio aos Municípios (Fundam) e se destinam à pavimentação do trecho de aproximadamente três quilômetros. “Foi um ano de muitas conquistas, de fato. Tivemos êxito em buscar recursos, além de contarmos com a participação e apoio do Governo do Estado”, finaliza Alemão.