O relator da CPI dos Respiradores, deputado estadual Ivan Naatz (PL) promete para a próxima terça-feira, 25, antes das oitivas dos ex-secretários Douglas Borba, Helton Zeferino e a ex-superintendente Márcia Pauli, novos documentos que podem alterar dar novo entendimento sobre a compra de respiradores mecânicos pelo Estado, em contrato de R$ 33 milhões com a empresa Veigamed. Até o momento, a CPI ateve-se a técnicos da Defesa Civil para entender os processos de compras emergenciais do governo desde o início da pandemia do coronavírus.

"Compilei documentos que estão sendo trabalhados, estudados e preparados. Serão apresentados para Santa Catarina na próxima terça-feira. Pretendemos estar com a certificação pronta e vão dar um novo norte para essa investigação. Não posso falar nada agora porque precisamos ter cuidado de não fazer julgamento de valor antes do tempo", disse Naatz ao Programa Agora, da Rádio Som Maior.

O deputado não descartou que a investigação possa chegar até o governador Carlos Moisés, ainda não citado pelos depoentes da CPI e cuja investigação da força tarefa composta por Ministério Público (MP), Polícia Civil e Tribunal de Contas do Estado (TCE) não aponta participação. Por enquanto, os nomes mais trabalhos na CPI são dos ex-secretários Douglas Borba e Helton Zeferino, exonerados após a publicação do escândalo dos respiradores.

"O Douglas Borba, Helton Zeferino e a Márcia Pauli (ex-superintendente), que são os agentes envolvidos diretamente, serão ouvidos na terça-feira. Do que elas falarem e houver contradição, há o pedido da CPI de acareação entre eles. Primeiro precisamos ouvi-los, depois se preciso fazer a acareação. Temos muito interesse em conversar com cada um deles. Terça-feira vamos compreender muito do que aconteceu", projeta Naatz.

Durante a oitiva da última terça, 19, deputados do MDB que compõem a mesa da CPI questionaram a conduta de Naatz na insistência de perguntas sobre a contratação do hospital de campanha, que foi suspensa pelo governador Carlos Moisés. Naatz reforçou que entender aqueles processos - inclusive com participação do advogado de Biguaçu, Leandro de Barros, ouvido na quinta-feira da semana passada e tentou se desvincular de Douglas Borba, mas acusou Helton Zeferino de participação na compra dos respiradores - é importante para a elucidação de responsabilidades na compra dos respiradores. 

O deputado atacou os parlamentares medebistas, lembrando o caráter governista que o partido assumiu ao longo dos anos. "É uma invenção de deputados da CPI e que têm proximidade com o governo (que estamos focando no hospital de campanha). A especialidade deles sempre foi ajudar o governo. É uma estratégia da defesa, ninguém está investigando compra de hospitais de campanha. O que tentamos entender é o processo, se deixou na mão de cada um, não instruiu, não preservou o erário", contra-atacou Naatz.

O relator afirmou que houve quatro tentativas de fraudes desde o começo da pandemia, com esta dos respiradores sendo a única consolidada. Naatz respondeu ao governo sobre a tentativa de afastamento dos deputados do PSL que fazem oposição ao governador na Alesc, inclusive o presidente da CPI, Sargento Lima.

"A atuação do governo dentro da CPI tentando criar obstáculos. Tudo isso faz parte do processo. Tem que ter calma e inteligência para concluir os trabalhos. Meu dever é apresentar o relatório com tudo o que aconteceu e seguiremos nisso até o final", afirmou Naatz. "A partir de amanhã partimos diretamente à compra dos respiradores", prometeu.

A partir das 10h da quinta-feira serão ouvidos quatro servidores da secretaria da Saúde: 

Luiz Felipe Ferreira, controlador geral do Estado 

Carlos Roberto da Costa Junior, assessor jurídico da secretaria da Saúde

wagner martins queiroz - engenheiro eletricista da secretaria da Saúde

Carlos Charles Campos Maia, diretor de licitação e contratos da secretaria da Saúde