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O sabor da vitória sobre a Covid-19

Em sua primeira edição, Toda Sexta publicou reportagem na qual dois médicos contaram como, cada um a seu modo, venceram o coronavírus
Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 05/10/2020 - 14:45 Atualizado em 05/10/2020 - 14:49
Fotos: Guilherme Hahn / Toda Sexta / Especial / 4oito
Fotos: Guilherme Hahn / Toda Sexta / Especial / 4oito

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Nota do editor: A revista e jornal Toda Sexta estreou no último dia 25, apresentando reportagem do jornalista Marciano Bortolin sobre a pandemia de Covid-19. Dois casos de médicos que Criciúma que tiveram a doença, encararam e venceram foram contados. O repórter fotográfico Guilherme Hahn assina as fotos. Confira:

Fé, força, vontade de viver. Cada um pode creditar o triunfo a qualquer um destes fatores, e muitos outros, dependendo de sua crença. Para quem supera uma batalha, a vitória tem um sabor especial. Para quem triunfa sobre uma doença, um gosto ainda mais doce. 

Em março, o novo coronavírus (Covid-19), aquela doença que surgiu em Wuhan, na China, assolava muitos países e que parecia tão distante, chegou a Criciúma. No dia 13 daquele mês, a pediatra Clarissa Inês Almeida cumpria mais uma de duas missões como vice-presidente do Hospital da Unimed de Criciúma. Desta vez, uma reunião entre diretores da instituição em Concórdia. Já se ouvia muito sobre o coronavírus, mas ele ainda não havia registros de transmissão comunitária em Santa Catarina. 

No dia seguinte ao encontro, um colega apresentou sintomas e, um dia depois, foi a vez de Clarissa.  “Apresentei diarreia, dor no corpo. Não apresentei sintomas gripais. Fiz o exame e na época demorava três dias para ter o resultado e quando veio, já fui internada logo em seguida sintomas respiratórios, quatro dias fui entubada”, recorda a pediatra que foi um dos primeiros casos de Criciúma a necessitar de internação.

Na época com 62 anos, sem doenças prévias, ela permaneceu entubada por 14 dias. O período de internação chegou a 40 dias. Isso, lembra ela, deixa sequelas, e é preciso um tratamento intenso para se recuperar. “As pessoas veem o paciente saindo do hospital e pensa que está 100% bem, mas não é bem assim. É necessária uma fitoterapia intensiva, pois a gente fica debilitada, não consegue caminhar, se alimentar. Uma das sequelas é a fibrose pulmonar. Uma sequela que permanece. Fiz traqueostomia. Sai da intubação e isso demora para cicatrizar. São mais 60 dias para cicatrizar depois da alta. Graças a um trabalho com uma reposta boa, a muitas orações e energias positivas, hoje estou bem. A única coisa que sempre digo é que as pessoas têm que se cuidar na transmissão. Hoje estou bem, trabalhando e sou muito grata a toda equipe da Unimed que foram muito ágeis no tratamento e graças a tudo isso eu me recuperei”, relata.

A solidão do quarto de hospital

Clarissa não sabia há quantos dias estava no leito do hospital. A condição não lhe permitia se comunicar nem pela fala, nem por gestos, já que não conseguia mexer os músculos. Conforme o tempo vai passando, a solidão vai aumentando e, além da condição física, vem os problemas psicológicos, que podem afetar de forma mais forte algumas pessoas. 

“A Covid-19 é uma doença que além de não ser previsível em quem vai ser grave ou não, ela atinge o emocional, porque fica isolado, não tem contato com familiares a não ser por vídeo, áudio, ficamos sozinho no hospital e isso afeta bastante. Se para mim que sou conhecida, no trabalho da Unimed há tanto tempo, conheço todos os profissionais, foi ruim emocionalmente, imagina alguém que não sabe como funciona. São tantos dias com os bloqueadores musculares que fiquei praticamente paralisada e vai recuperando aos poucos. Depois que acordei, fiquei uma semana na UTI e o trabalho da equipe é importante. Não tinha ideia se foi três semanas, dois dias, quando acordei fiquei sabendo que estava desde o dia 20 intubada”, afirma.

Um dia memorável

Páscoa é dia de alegria para grande parte das pessoas. Família reunida em volta de uma mesa, risos, união. Em 2020, a data foi ainda mais representativa para a pediatra. “Sai da UTI no domingo de Páscoa. Foi bem emocionante ir para o quarto neste dia”, menciona.

A doença não escolhe

Gaúcha, Clarissa Almeida, que está em Criciúma desde 1983, salienta que o coronavírus não escolhe quem vai infectar e ninguém está imune. Mesmo sendo jovem, sem comorbidades e ativa, a pessoa pode sofrer caso seja infectado. “Eu não tinha nenhuma doença prévia. Não tomava nenhuma medicação, sou pessoa ativa e em três dias estava em estado grave. Não esperei para iniciar o tratamento. Foram realizados todos os tratamentos possíveis . Não demorei para ir para o hospital, fiz o exame logo, fiquei em isolamento logo”, acrescenta.

Como médica, Doutora Clarissa reforça a importância da manutenção dos cuidados para evitar a infecção. “As pessoas não podem achar que a pandemia acabou. É preciso manter o afastamento, o uso da máscara, a higienização. A pandemia não acabou, os números estão diminuindo, mas não pode relaxar. Estamos ouvindo que na Europa está voltando e se começar com aglomeração aqui, vai voltar”, conclui.

A busca pela cura

Médico, Ricardo Puléo, 42 anos de idade, passou a sentir um desconforto na cabeça no dia 17 de julho. Tomou medicamento, mas ela não o deixou. “Era um desconforto, não era uma dor que me impedia de fazer as coisas. Continuei com a rotina normalmente, mas aquela dorzinha me incomodando. No outro dia comecei a ter sintomas gripais. Uma sensação de febre e continuei com a dor de cabeça. Tomei remédio fiquei com a temperatura um pouco elevada, de 37,8, que não é considerada muito alta, mas não é normal também”, recorda.

Os sintomas passaram a preocupar, e um colega de trabalho decidiu agendar um exame para os dois, já que ele também começa a apresentar indícios de que estaria com Covid-19. “Ele me falou para eu ir fazer e eu disse que, como eram somente dois dias de sintomas, não iria aparecer, mas ele disse para eu ir assim mesmo e que já havia agendado para nós dois. Eu fui, fiz o exame, meio despretensioso, e deu positivo. Não tinha tosse, nem falta de ar, era só a dor de cabeça e a sensação de gripe”, frisa.

Com o diagnóstico, Ricardo passou a fazer tratamento. “Tomei os remédios, me isolei em casa. Tomei azitromicina porque sou diabético tipo 1, então sou do grupo de risco, embora faça atividade física regularmente. Tomei hidroxicloroquina também. A dor de cabeça passou em dois dias e veio uma dor de garganta. Mas uma dor de garganta da mais forte que eu tive em toda a minha vida. Não me faltou ar, fiquei em casa, tomei todos os remédios prescritos”, fala.

Tratamento 

Além da hidroxicloroquina e da azitromicina, o médico ainda fez uso da ivermectina e de dipirona para febre e dor no corpo. “A dor no corpo terrível. Não precisei ir ao hospital, me internar nem nada. Fiz a avaliação cardíaca, deu tudo bem, nenhuma alteração. Fiz o exame depois da hidroxicloroquina e deu tudo certo. Fiquei sete dias com a dor de garganta horrível, depois passou e fiquei com a dor no corpo. Foram dez dias com mal estar. Nos outros quatro dias eu fiquei me recuperando tranquilo. Terminou este período, fui trabalhar já sem nenhum sintoma”, pontua.

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Tags: coronavírus

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