Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS INFORMAÇÕES DAS ELEIÇÕES 2024!

Lauro Müller, o berço histórico do carvão mineral

Empresas carboníferas são as maiores geradoras de emprego da cidade e produzem 80 mil toneladas ao mês
Por Bruna Borges Lauro Müller, SC, 20/01/2019 - 11:15
Arquivo / A Tribuna
Arquivo / A Tribuna

Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp? Clique aqui e entre para nosso grupo

Dos 12 municípios que formam a Região Carbonífera, Lauro Müller - aniversariante deste domingo, comemorando 62 anos de emancipação - é o que guarda as raízes mais profundas com a atividade da extração do minério. Por ter sido a cidade onde foi aberta a primeira mina de carvão do país, é considerada o berço nacional do carvão mineral.

Lá pelos idos de 1885, quando o mineral ainda era explorado por uma empresa britânica, foi Lauro Müller que recebeu a construção do primeiro trecho da Ferrovia Dona Tereza Cristina. Naquela época, o transporte era realizado de trem até o então Porto de Laguna. 

Hoje, quase um século e meio depois, os lauromulenses seguem desenvolvendo com orgulho a tradição da extração mineral e possuem, segundo o prefeito Fontanella, a maior reserva de carvão mineral de todo o Sul Catarinense. A quantidade da riqueza ainda disponível no subsolo da cidade garante que a exploração siga forte por muitos anos. 

A exploração do mineral permanece até os dias atuais como o carro-chefe da economia da cidade. “Nossa principal atividade hoje ainda é o carvão mineral, seguido da agricultura familiar e da agricultura voltada à suinocultura e à criação de vacas leiteiras”, afirma Fontanella. 

Mineração é o setor que mais emprega na cidade / Arquivo / A Tribuna

A maior empregadora

A importância que o carvão mineral tem para a população de Lauro Müller se reflete na geração de empregos. Atualmente, as empresas Carbonífera Catarinense e Carbonífera Belluno são as duas que desenvolvem a atividade no município. Juntas, elas são as maiores empregadoras da cidade. 

E se nas décadas de início da exploração, no século retrasado, o processo era realizado de modo arcaico, com picaretas e sem preocupação com a segurança dos trabalhadores, hoje a realidade mudou. 

O carvão mineral é extraído do subsolo com tecnologia de ponta, os mineiros realizam seus serviços do dia a dia equipados com todos os itens de segurança e o rejeito, que no passado era negligenciado, hoje segue rígidos processos ambientais e é uma das maiores preocupações das empresas mineradoras.

Geração de energia

Aquela Ferrovia Dona Tereza Cristina, construída em 1885 para levar o carvão até Laguna, ainda é hoje o meio de transporte que continua responsável por fazer chegar, dessa vez ao Complexo Termoelétrico Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo, o carvão extraído e beneficiado em Lauro Müller, assim como nas demais cidades da região.

A produção mensal do mineral na sua cidade berço é de 80 mil toneladas, utilizadas quase que na totalidade para a geração de energia elétrica. Comparada muitas vezes com outras matrizes energéticas, a atividade mineradora é defendida pelo prefeito. 

“Muitas pessoas falam que a energia do vento e da água é mais barata. Sabemos que a termoelétrica é mais cara, mas ela é necessária, porque quando não chove, ela está à disposição”, coloca Fontanella. 

Prefeito Fontanella enfatiza a importância do carvão para a economia local / Foto: Daniel Búrigo

No pequeno produtor, uma grande força

Depois da mineração de carvão, é da agricultura que vem o sustento dos moradores de Lauro Müller. A cidade se destaca em especial na criação de suínos e no setor leiteiro, mas também vem crescendo na produção de melado, açúcar mascavo, cachaça e vinho. 

“Nosso município é constituído de pequenas propriedades rurais e queremos manter essa característica do nosso povo. A nossa intenção é manter o colono produzindo no interior e auxiliar para que com pouca terra ele tenha mais renda”, comenta o prefeito. 

Dentro dessa estatística da população que escolheu produzir visando o lucro está a Vera Lúcia Cavalheiro Soligo. Ela é paranaense, mas há 15 anos mora na comunidade de Morro da Palha e, ao lado da família, produz e vende vinhos coloniais.

Vera é produtora de vinho no Morro da Palha / Foto: Daniel Búrigo

Na propriedade, ela planta algumas variedades de uva, mas para produzir sua safra de 12 mil litros ela conta com fornecedores de outras cidades. A comercialização é feita na própria residência e após esses 15 anos a família aproveita a melhor propaganda que pode existir em no interior: o boca a boca.

“Nós antes fazíamos o vinho para consumo próprio, mas depois algumas pessoas foram provando e começaram a pedir para produzir, assim foi crescendo. Hoje, todos na redondeza já nos conhecem, vêm aqui comprar o vinho, que é a melhor bebida de todas”, conta Vera Lúcia.

Além da vizinhança, o vinho colonial é apreciado por visitantes de fora. “Vem bastante turista aqui o ano todo. Já recebemos turista da Argentina, do Norte do país, de Minas Gerais, São Paulo, Paraná”, relata a produtora. 

Trabalhar no paraíso

A produção dos vinhos coloniais fica sob responsabilidade da Vera Lúcia. No período de janeiro e fevereiro, os mais intensos, quando há a colheita da uva e produção do vinho, o filho, a filha e o genro ajudam no serviço. Nos meses seguintes, a correria diminui um pouco e o trabalho fica mais no atendimento aos clientes. 

Tanto nos dias de trabalho mais pesado quanto nos de maior descanso, a vida no Morro da Palha é, para Vera Lúcia, a melhor que se pode ter. “Aqui é o paraíso, não tem incomodação de carros passando, buzinando, som alto. Os vizinhos são a família da gente, todo mundo se conhece, a água a gente tira do poço e é uma água muito limpa. No fim de semana a família se junta para almoçar, é muito bom”, comenta.

Para Vera, viver e trabalhar no interior de Lauro Müller é como estar no paraíso / Foto: Daniel Búrigo

No interior de Lauro Müller, não são só as pessoas que vivem tranquilamente. Os animais também aproveitam seus dias na calma da cidade e convivem de forma pacífica com os seres humanos.

“Os beija-flores já me conhecem. Eu estou aqui embaixo, onde ficam os vinhos, e eles vêm para pedir água. Às vezes tem até 40 ao redor da gente, eles já sabem o nosso cheiro. O lagarto também é de estimação, ele aparece aqui de vez em quando. A gente só não cria outros animais como galinha e cachorro, por causa da higiene que é preciso ter com o vinho”, afirma Vera Lúcia. 

Copyright © 2022.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito