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Gado Jersey: da Coroa Britânica a Braço do Norte

Município do Sul catarinense é a capital nacional do gado Jersey e tem na produção leiteira uma importante fonte de renda
Por PANORAMA AGRO 27/08/2019 - 13:36 Atualizado em 27/08/2019 - 16:34 * Conteúdo de responsabilidade do anunciante
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação

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Jersey é uma pequena ilha no arquipélago de Ilhas do Canal, no Canal da Mancha, entre o Reino Unido e a França.  Nas ilhas do arquipélago, o escritor francês Victor Hugo ambientou o livro Os Trabalhadores do Mar, que descreve a relação do homem com a natureza, desde as rochas mortais do canal, temida pelas embarcações a vela dos séculos passados, até a fauna e a flora local. É da fauna de Jersey que vem o gado que cada vez mais conquista os produtores de Braço do Norte, no Sul catarinense. A cidade é a Capital Nacional do Gado Jersey. 

Das ilhas britânicas, o gado Jersey expandiu-se pelo mundo, mas manteve a essência. Por lei local, não pode desembarcar qualquer animal que seja predador ou traga doenças ao gado. Assim, o Jersey manteve-se puro e hoje produz o leite mais nutritivo do mercado. O gado Jersey de Pura Origem (PO) chegou ao Sul catarinense na década de 80, tornando a região referência na criação.

Em 2004, foi criada a Feagro. Nos últimos três anos, Braço do Norte recebeu uma das cinco etapas de exposições anuais de gado Jersey no Brasil. O município conta com mais de 420 produtores de leite, com mais de 12 mil cabeças de gado - a grande maioria da raça Jersey. São produzidos mais de 61 milhões de litros de leite por ano. 

Feagro

O embrião da Feagro surgiu bem antes, ainda na década de 90. O gado Jersey popularizou-se na região na década de 80, com a chegada dos animais PO. Assim, nos anos 90, já aconteciam exposições em Braço do Norte. Adir Engel, presidente da Feagro, relembra o que motivou a criação da feira. "A cada ano que mudava a presidência, quem era mais amigo da empresa ganhava melhores lugares. Depois de 2003, viu-se a necessidade de fazer uma feira e não mais uma exposição", explica.

A Feagro não limita-se apenas ao gado Jersey, mas a todas as produções do agronegócio regional, com atenção especial também à suinocultura. "Graças à Feagro, conquistamos o título de capital nacional do gado Jersey. Ela não desenvolve apenas o mercado do leite, mas todo o agro e em toda a região Sul. Hoje ela é a maior exposição de gado Jersey em número de animais da América Latina", exalta Adir.

Foto: Raul Voorsluys

"Os municípios da nossa região tem a sustentação no agro, poucos tem outras atividades. Fica em 40-50% da arrecadação. Aqui em Braço do Norte não é diferente, o leite tem uma importância econômica muito grande. O leite vai pra outros municípios, pois tem apenas cinco laticínios na cidade", fala Adir sobre o escoamento do leite produzido em Braço do Norte, que mantém uma economia voltada especialmente às pequenas e médias propriedades.

Há 15 anos com o Jersey

Quem administra uma média propriedade, toda voltada à criação do Jersey, é a produtora Maria Rosinete Souza Effting. Na Cabanha Gunthier, em Braço do Norte, ela mantém 110  cabeças de gado. Destas, 54 vacas voltadas à produção do leite, mantidas em confinamento para maximizar o potencial, enquanto os jovens se desenvolvem soltos no campo. Por dia, elas produzem cerca de 1,3 mil litros de leite. 

Maria Rosinete começou com o Jersey há quinze anos, após a propriedade de 36 hectares, antes voltada à suinocultura sob a administração do cunhado e do marido, apresentar pequena lucratividade. "Foi uma decisão que eu não me arrependo. O gado Jersey é dócil, de fácil trato. Os laticínios procuram leite de qualidade e ele fornece", explica.

A produtora conta que começou com gados PO daqui da região, mas também trouxe embriões de outros países, como por exemplo do Canadá. Além de produzir leite, a fazenda também trabalha na reprodução e na venda de embriões. 

Leite mais nutritivo

Mais elementos sólidos, ou seja, mais gordura e proteína: o leite do Jersey é considerado de melhor qualidade, por exemplo, do que o da vaca holandesa, a mais tradicional quando se pensa na produção do leite. 

Mais do que isso, o Jersey é mais adaptável à região do Sul catarinense. Por ser menor e mais dócil, é mais indicado para a criação em terreno acidentado. Por esses motivos, ele foi trazido à região e tornou Braço do Norte a capital nacional.

No Brasil, o Jersey chegou no fim do século XIX, trazido pelo estancieiro, escritor e diplomata brasileiro, Joaquim Francisco de Assis Brasil, no que hoje é a cidade de Pedras Altas, no Rio Grande do Sul, perto da fronteira com o Uruguai. Por todo o país, nos dias de hoje, são mais de 150 mil cabeças. Diz a história que a primeira amostra do animal foi adquirida juntamente à Granja Windsor, da rainha Vitória.

Essa é a trajetória do gado Jersey. Das ilhas do romance de Victor Hugo, à granja da coroa britânica, até a estância de Assis Brasil, direto à capital nacional do gado Jersey, Braço do Norte, Santa Catarina. 

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