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Estudo iniciado em universidade gaúcha pode determinar percentual de infectados por coronavírus no país

Iniciativa surgiu em uma parceria entre o governo gaúcho e a Universidade Federal de Pelotas e ganhou abrangência nacional
Por Heitor Araujo 02/04/2020 - 12:27 Atualizado em 02/04/2020 - 12:40
Reitor da UFPel, doutor em epidemiologia Pedro Curi Hallal (Foto: Reprodução)
Reitor da UFPel, doutor em epidemiologia Pedro Curi Hallal (Foto: Reprodução)

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Uma pesquisa encomendada pelo governo gaúcho à Universidade Federal de Pelotas (UFPel) ganhou destaque nacional e foi espelhada pelo governo federal. O objetivo é definir o percentual de infectados pelo coronavírus no Rio Grande do Sul - e em todo o Brasil - para auxiliar na construção das políticas públicas de combate à Covid-19. A pesquisa rompe com o panorama atual de testar apenas as pessoas com sintomas mais graves da doença. Em todo o Brasil, serão entrevistas - e testadas - mais de 99 mil pessoas, em todas as faixas etárias e, com ou sem sintomas do coronavírus.

A pesquisa em solo gaúcho está em estágio mais avançado e as entrevistas e testes devem começar neste sábado. Ela será feita em quatro etapas, cada uma com 4,5 mil amostras, totalizando 18 mil pessoas no Rio Grande do Sul. Em todo o país, serão três etapas, cada uma com 33,2 mil testes, em um total de 99,7 mil entrevistas. O intervalo entre cada etapa será de duas semanas. A convite do Ministério da Saúde, a UFPel moldou a metodologia para a pesquisa nacional.

De acordo com o reitor da universidade, o doutor em epidemiologia Pedro Curi Hallal, a pesquisa permitirá saber quantas pessoas estão infectadas no país, com base em dados científicos, entender qual a velocidade de propagação do vírus e em qual estágio está a pandemia no Brasil. 

"Vamos responder o percentual infectado em toda a população e quão rápido a infecção se alastra, além do percentual de pessoas com teste positivo que não apresenta nenhum sintoma ou apenas sintomas leves. É uma informação importante para que os municípios possam fazer um planejamento adequado da quantidade de leitos de UTI que serão necessários, da quantidade de respiradores. Todas as questões que hoje são discutidas com base em projeções de dados normalmente internacionais, serão feitas com base em dados reais da população local", esclarece Pedro.

Para o estudo no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde destinou 20 mil testes de coronavírus, de um total de 500 mil que chegou ao país na última terça-feira - é o primeiro carregamento de uma compra de 5 milhões de testes feita pelo governo federal. "É a pesquisa que nos ajuda a definir as políticas de saúde. É para que a gente pare de ser guiado pela pandemia e assuma o comando do processo. Uma quantia ínfima dos testes comprados foi repassada para algumas universidades para que se faça a pesquisa e tenha uma resposta que é essencial para o ministério e para as secretarias estaduais e municipais", justifica o reitor.

Essa pesquisa, de acordo com o epidemiologista, poderá identificar a taxa de letalidade do coronavírus. "Na Itália tinha 12 mil mortes em 105 mil infectados (dados de terça-feira). Se esse número de testados fosse correto, representasse o número de doentes, significaria que o coronavírus mata 12% das pessoas com o vírus na Itália. Não é isso, ele está matando 12% das pessoas testadas, que são aquelas com sintomas graves. Se a gente fizer o estudo populacional e souber o número de infectados, a gente vai notar que a letalidade desse vírus talvez seja ao redor de 0,2% ou 0,5%, mas jamais perto de 10%", explica.

Ao ganhar abrangência nacional, o estudo poderá indicar o estágio da pandemia no país inteiro, mas também localizar os dados para que cada estado e município consiga montar a estratégia de combate. "Os lugares estão com estágios diferentes. São Paulo e Rio de Janeiro estão neste momento mais avançados na pandemia do que os outros lugares. Não adianta pegar dado de São Paulo hoje e o secretário da saúde do Pará, por exemplo, implementar a política. Ele precisa do dado do Pará. É uma pesquisa que não vem para ficar dentro da academia. É uma pesquisa da comunidade", diz Pedro. 

O estudo no Rio Grande do Sul é uma parceria entre o governo do estado, universidades e do setor produtivo. "O financiamento da pesquisa gaúcha é todo do setor privado. É um esforço coletivo do poder público, academia e setor produtivo", conclui o reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal. 

Tags: coronavírus

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