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Dia do Médico: Os desafios e conquistas

O exercício da Medicina, tema de fundamental importância para a sociedade, é lembrado hoje
Por Redação Criciúma, SC, 18/10/2018 - 06:15
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna
Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna

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Considerada uma das profissões mais importantes para a sociedade, estando diretamente ligada à saúde e à vida, o exercício da medicina é lembrado nesta quinta-feira, 18 de outubro, Dia do Médico. O presidente do Sindicato dos Médicos da Região Sul Catarinense (Simersul), Licínio Argeu Alcântara, lembra a importância e destaca as ações da profissão em âmbito nacional e local.  

“A medicina continua sendo uma profissão bela e engrandecedora, em que as pessoas ainda buscam por idealismo. Já foi considerada uma das mais nobres, entretanto considero que todas as profissões são nobres, especialmente quando exercemos de forma ética, profissional e humana”, coloca Alcântara.

Licínio Alcântara / Foto: Divulgação

Para o presidente do Simersul, a classe tem sofrido com medidas adotadas pelo Governo Federal e também com a grande abertura de cursos de medicina, que não atingem os indicadores de qualidade de ensino necessários. “A profissão de médico no Brasil sofreu diversos ataques nos últimos anos com a implantação de planos populistas como o Mais Médicos, que trouxe profissionais para o país sem a devida capacitação. Também propôs trazer especialistas nessas condições”, observa. 

De acordo com Alcântara, o número crescente de instituições de ensino que não estão preparadas para formar médicos de qualidade é algo de extrema preocupação. “Felizmente na nossa região a situação é contrária à nacional. Temos ótimos cursos e estamos avançando bastante com relação a discussões, envolvendo antigos problemas relacionados a saúde pública de Criciúma. Queremos enaltecer a medicina de Criciúma e região onde temos recebido ótimos especialistas com um atendimento bom, qualificado e ética, inclusive com a oferta de procedimentos, tratamentos e diagnósticos encontrados somente em grandes centros”, acrescenta.

Mais médicos e investimentos nos municípios

A União recebe e devolve, os Estados partilham e os municípios, mais próximos da realidade, fazem o primeiro atendimento. O esquema de gestão pública de saúde, aparentemente simples, envolve uma série de escalões e idas e vindas até o estágio final, no frente a frente do consultório entre médico e paciente.

Criciúma para o Estado

Em Santa Catarina, a gestão da Saúde cabe a um criciumense. O ex-vereador e ex-deputado Acélio Casagrande vem, desde fevereiro, capitaneando a pasta. “Os médicos atendiam nos hospitais catarinenses com estoques médios de 30%. Elevamos a 80%. Médico precisa de condição para trabalhar, e isso passa por ter insumos e medicamentos”, aponta, elencando uma das prioridades.

Acélio Casagrande / Foto: Daniel Búrigo / A Tribuna / Arquivo

O investimento na atenção básica e em remédios consome parte considerável dos R$ 10 milhões mensais repassados a municípios todo mês. “Havia sete meses de atraso quando chegamos, hoje estamos em dia”, orgulha-se. Em um dos tantos programas apoiados pelo Estado, Criciúma, por exemplo, recebe R$ 230 mil mensais. “Para programas de saúde da família, próteses dentárias e farmácia básica”, cita Casagrande. Mas Santa Catarina vive um problema que é nacional: a falta de mão de obra médica em algumas especialidades. “As mais críticas, na oftalmologia, ortopedia e otorrinolaringologia”, conclui.

Família do estetoscópio e do jaleco

Josiana Michels / Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna

O filho é médico. A nora, também. E a neta, bom, é um caso à parte. “E é a alegria da minha vida”, conta o vovô Anderlei Antonelli. O ex-prefeito e ortopedista das antigas, ainda plenamente na ativa, está em festa hoje. Comemora os dois aninhos da Ana Luisa, a sua alegria, e abraça também a nora, a médica Josiana. Ela que desde 2010 é a mulher de Marcus Vinícius, filho de Antonelli e também médico. No caso, oftalmologista.

Trocando em miúdos, o Dia do Médico para os Antonelli é data de celebração para o pai e o filho pela profissão, para a nora, pelo diploma e data de nascimento, e a netinha, que nasceu no dia do aniversário da mãe. “É muito presente para um dia só”, brinca o sempre bem humorado ex-prefeito, hoje às voltas com suas consultas, não tão frenéticas como na juventude na Medicina, as coisas da política, nas quais ele continua militando, e o convívio com a família.

Antonelli vem de uma antiga tradição. Fez parte da numerosa turma que migrou do Sul de Santa Catarina para o Sul do Rio Grande do Sul. Estudou, como tantos daqui, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Foi lá que o ex-prefeito e tantos outros buscaram seus diplomas para atender por aqui. “Era uma das Universidades mais próximas para a época, e todos daqui se davam muito bem por lá”, lembra o ortopedista, formado nos anos 70.

Mamãe, esposa e médica

Formado em 2002 no Rio Grande do Sul, Marcus Vinícius Antonelli está há dez anos em Criciúma clinicando. Não demorou para, em 2010, unir-se a Josiana, que, completando 35 anos hoje, está concluindo sua formação em endocrinologia. “Aqui na minha agenda está anotado: 18 de outubro de 2016, o dia em que o Marcus e a Josiana me deram a Ana Luisa”, repete sempre com um sorriso no rosto o vovô Anderlei, grato à nora e ao filho pelo presente de Dia do Médico.

A içarense Josiana Ferreira Michels seguiu mais recentemente todo o roteiro que o marido e o sogro já cursaram, da dedicação que a Medicina exige até que o diploma esteja na parede, o consultório aberto e os pacientes chegando. “É uma grande dedicação. E, com a Ana por perto, melhor ainda”. Pois é, doutora, mas agora é responsabilidade multiplicada. A filha e os pacientes.

Um não médico pode gerir Saúde

Anderlei Antonelli é um médico que exerceu mandatos eletivos. E Acélio Casagrande? “Sou a prova de que um gestor em saúde não precisa ser médico”, atesta o atual secretário de Estado da Saúde. “Como colocar um contador de secretário de Saúde?”, ouviu o então prefeito e atual governador, Eduardo Moreira, em 1993, quando ele escolheu o seu chefe de gabinete para comandar a pasta no lugar do demissionário Luiz Augusto Borba. “Fui. Houve resistências, mas depois, com muito diálogo, ouvindo os médicos, ganhamos a confiança deles”, recorda.

Foram dois anos e meio na pasta. Depois, no governo Paulo Meller, mais três anos e meio. Recentemente, foi secretário-adjunto de Saúde de Santa Catarina por mais dois anos e meio até que, em fevereiro último, veio a oportunidade para comandar a área no Estado. “Em 1994 fui a Cuba conhecer o programa de Saúde na Família lá. Fizemos isso de forma pioneira no Brasil, em Criciúma”, resgata, lembrando um dos momentos importantes da sua trajetória.

Mas e a relação com os médicos, 25 anos depois do primeiro convite para ser um “não médico” gerindo saúde? “Muito boa”, garante. “Nosso trabalho é diminuir as dificuldades para os profissionais trabalharem”, arremata.

A busca pelo equilíbrio

O exercício da medicina começa cedo para o Dr. Luiz Augusto Borba. Ele é o responsável por abrir as portas do ambulatório da Unimed já pelas 7h e segue, incansavelmente, até às 19h. A correria é tão grande que é comum o almoço em velocidade recorde. “Em alguns dias, nem dá tempo para comer alguma coisa”, observou. 

Guto Borba / Foto: Guilherme Hahn / A Tribuna

A rotina médica se entrelaça com afazeres familiares, como transportar o filho até a Apae, onde ganha atenção para necessidades especiais. “É algo que não posso deixar de fazer, e nunca deixaria”, afirmou. Isso porque a família é o grande foco do médico. De segunda a sexta-feira, em horário comercial, dedica-se ao atendimento dos pacientes e a serviços administrativos na Unimed Criciúma, mas, nos finais de semana e feriados, todo o tempo com a esposa e os filhos acaba sendo pouco para Borba. “E assim é que costumo levar o meu cotidiano, ba- lançando entre a medicina e a família”, apontou o profissional. Equilíbrio que se mostra essencial para a boa manutenção da saúde do próprio médico.

Família e um terceiro elemento

O dia a dia corrido do médico, repleto de atendimentos em consultório, é dividido com atividades administrativas.  Durante à tarde, entre 13h e 17h, é quando o jaleco e o estetoscópio ficam de lado e a calculadora é a principal ferramenta do profissional, que também ocupa o cargo de diretor da Controladoria Médica da UNIMED Criciúma. 

Borba é o responsável por garantir o balanço entre gastos e qualidade no acolhimento dos pacientes. “É com uma análise detalhada que eu obtenho a base para decidir onde cortar, onde investir de uma maneira que beneficie a unidade hospitalar, mas principalmente o paciente”, explicou o especialista, que trabalha no setor administrativo da Unimed há quatro anos, mas já garantiu 26 anos de experiência corporativa no Grupo Cecrisa. 

Tecnologia e sentimentos

Ainda assim, o exercício da medicina é o que mais gosta de fazer. A atividade garante a realização pessoal, profissional e como ser humano de Borba, e o contato com os pacientes vai além do consultório. “Mesmo que eu não faça mais atendimentos fora de consultório, a busca por diferentes motivos médicos ocorre diariamente, por WhatsApp, ainda que nada substitua o atendimento pessoal”, comentou o gastroenterologista.

Mas a especialização não garante que a totalidade dos atendimentos seja relacionada ao aparelho digestivo. “Eu vejo a medicina como uma maneira de tratar problemas pontuais, mas também como prevenir, impedir que algo maior se desencadeie ou até mesmo ocorra”, explicou Borba. É um exemplo vívido de como uma pessoa pode melhorar, onde pode fazer diferente, para que os resultados sejam diferentes dos que possam trazer problemas para a saúde física e mental, que, para o médico, estão intrinsicamente ligadas. “Deve-se cuidar primeiro do cérebro. Se a mente vai bem, o corpo vai bem”, comentou. 

O pensamento vai além e o profissional auxilia seus pacientes, também, de acordo com o que percebe dos sentimentos demonstrados durante a consulta. “Se existe um peso psicológico com base na raiva, é bem possível que o fígado demonstre mais chances de adoecer, ou se a vontade de chorar anda grande na pessoa, o pulmão pode vir a sofrer em breve”, argumentou. Essa forma de se relacionar com os pacientes acaba selando a garantia de que a profissão escolhida foi a correta. “O bem-estar de alguém é o que dá combustível para que eu possa continuar garantido a felicidade dos pacientes”, finalizou.

O Guto do Botafogo e a gastroenterologia

Quer achar um torcedor do Botafogo em Criciúma? Procura o Luiz Augusto Borba. É paixão que vem de longe. Vem do radinho de pilha, das brincadeiras de infância ouvindo os narradores do Rio de Janeiro e os grandes clássicos do passado que chegavam do Maracanã fazendo chacoalhar o jovem coração alvinegro criciumense. “Tanto que a primeira vez que eu pisei no Maracanã foi uma emoção danada. Pensar que ali desfilavam aqueles craques que, criança, eu conheci de tão longe”, recorda, orgulhoso da sua paixão.

Os amigos não se custam a brincar com ele quando das vitórias - às vezes raras - do seu time. “Lá vai o Guto e meia dúzia encher uma Kombi para festejar na Centenário”. Ele responde com um sorriso e, às vezes, devolvendo o deboche.

Paixão igual ele nutre pela história da sua família. Neto de Donatila Borba, a intelectual do passado que empresta seu nome à biblioteca muni- cipal, e filho de Carlos Augusto Borba, um desbravador da contabilidade em Criciúma e um dos alegres rapazes que, em maio de 1947, fundaram o Comerciário Esporte Clube, Luiz Augusto sempre recorda com alegria incontida as suas origens. Não sossegou enquanto não viu o pai, nos últimos tempos de sua rica existência, concluir o livro “Reminiscências... em gotas”, um conjunto de memórias lançado em 2012, na forma de um apa- nhado sobre as ricas memórias do homem que não ajudou a iniciar apenas o Criciúma, mas também a Unesc e tantas outras obras. “Ele deixou um grande legado para a nossa cidade”, enfatiza sempre o filho. O seu Borba, pai do Guto, partiu em 2013.

Devoção e pioneirismos de um médico

Atuando há 42 anos como pneumologista, Celso Menezes também empresta seu conhecimento para casos, em parte, holísticos. É que mais de 40% dos mais de 25 atendimentos diários em sua clínica são de pessoas - em sua maioria pacientes há décadas - que procuram o médico para uma opinião de como prosseguir em casos psiquiátricos, problemas emocionais e outras especialidades. “Eu me sinto mais um clínico geral, pois acaba aparecendo um pouco de tudo no consultório”, relatou. A alta procura é sinal de que o profissional oferece confiança nos diagnósticos. “Eu atendo algumas famílias que são pacientes há cinco gerações. São avós, filhos, netos, bisnetos”, elencou o especialista.

Lutas reconhecidas

E a fama não surgiu por acaso. Menezes contribuiu com inúmeras conquistas médicas e sociais de Criciúma e região. Durante a década de 1980, por exemplo, esteve presente na implantação do primeiro serviço de endoscopia do Sul Catarinense, além  da primeira UTI, quimiote- rapias, hemodiálise, centros de estudos médicos, atendimento à Aids, doença epidêmica na época, e outras conquistas. 

Reforço ao Rincão

O pioneirismo veio, também, em um de seus atos mais reconhecidos: o repasse da clínica particular Nossa Senhora dos Navegantes, no Balneário Rincão, ao Governo do Município, em 2017. A unidade, semelhante a uma UPA, atendia a população de maneira privada há 24 anos, desde que foi erguida, em 1994. 

“Foi um ato em prol da saúde do município, mas também da minha própria”, comentou o médico. Problemas de saúde levaram a dificuldades em gerir e atuar medicamente em duas clínicas pessoais, a do Rincão e também outra próxima ao Hospital São João Batista. 

Caminhos diversos

E foi também na vida pública que o reconhecimento começou a bater à porta de Menezes. Durante o ano de 1988, foi coordenador do 3º CARS (Centro Administrativo Regional de Saúde) de Criciúma, hoje 20ª Gerência Regional de Saúde. “Fui o primeiro gerente regional de Saúde da AMREC, pois na época em que atuava ocorreu a transformação do órgão”, lembrou. 

Medicina sem distâncias nem fronteiras

Profissão enquanto sonho e ideal. Medicina enquanto meio e fim. A jovem Patrícia leva isso ao pé da letra. Ela e tantos colegas que, Mundo afora, dedicam o exercício profissional a não apenas um meio de ganhar a vida, mas um caminho para fazer vidas melhores. Com 32 anos, há sete graduada pela Unesc, a médica Patrícia Ancelmo Martins já viveu duas vezes a experiência de clinicar em um campo de refugiados. Na Síria.

Patrícia Martins na Síria / Foto: Divulgação

“Tudo começou da nossa indignação de ver como as pessoas precisam de ajuda”. Assim, Patrícia, o marido Guilherme e vários amigos fundaram o Movimento Brasil pela Síria. A ONG, nascida em Criciúma, já ganha repercussão nacional – “por conta das redes sociais e do trabalho”, lembra ela – e faz brilhar sonhos e acumular conhecimentos.

“Já fui duas vezes lá”. Patrícia, que é médica de Estratégia de Saúde da Família (ESF) na unidade básica do bairro Milanese, teve duas oportunidades de conhecer um campo de refugiados na Jordânia, perto da fronteira com a Síria. A primeira, em 2017. A segunda, em janeiro último. Os voluntários da ONG viajam às próprias custas, cobrem suas despesas com passagens e alimentação e fazem uso das férias para ficar 15 dias por lá. Assim foi nas duas ocasiões.

Uma nova visão

“E, a partir disso, tudo mudou”. É que a médica viu nos confins da Jordânia uma rotina muito diferente das limitações que a pobreza impõe aos seus atendidos. “Aqui há os pobres. Lá, é uma miséria que vai muito além, pois são pessoas que saem de casa com a roupa do corpo e sem pátria, corridos pela guerra”, conta, visivelmente emocionada. Eis alguns dos muitos aprendizados colhidos nas jornadas, que vão se repetir. 

Com a experiência de médica da família, ela atende a tudo e a todos quando vai servir aos sírios refugiados. Nas duas idas levou o marido. Guilherme Naspolini, jovem como ela, é dentista. Na missão do ano passado, a equipe da ONG foi até com um barbeiro, que ensinou noções de barbearia e até doou equipamentos.

As dificuldades de perto

Na primeira ida, tudo era novo. Na segunda, já com caminhos conhecidos e vínculos formados, foi possível rever famílias, então melhor assentadas. “É um povo muito educado e simpático, nos servem os biscoitos que doamos para eles, fazem que tomemos o chá deles e são atenciosos demais”.

Quando viajam, os voluntários se hospedam em Amã, a capital da Jordânia, e viajam diariamente até o campo de refugiados, em Zaatari, a cerca de 70 quilômetros. “Vamos e voltamos todo dia”. O campo de Al Mafraq, um dos maiores, conta com milhares de refugiados. “É um dos maiores. Para entrar lá, só credenciado pela ONU. Nós atendemos fora, àqueles que não conseguem acesso ou ficam no entorno”. A fome impera. “Tem pessoas que ficam dias na fila esperando um prato de comida”.

Meses depois da última viagem, e já pensando nas próximas, Patrícia relembra as cenas na sua rotina, no Milanese. “É a oportunidade que a profissão nos dá de ajudar, aprender e contribuir para um mundo melhor”. É mais um exemplo da Medicina que cumpre o seu papel.

Um olho na balança, outro no cardápio

Com a missão de dizer verdades e encontrar soluções, cabe ao médico, muitas Vezes, contrariar. Famílias, mães, pais, sempre pode haver um puxão de orelha na medida da indisciplina que leva a algum problema de saúde. “O seu filho trabalha?”, perguntou o médico Leandro Avany Nunes certa vez a um paciente. “Não, ele tem sete anos”. “Certo, mas e como ele compra comida?”, insistiu. “Ele não compra”.

Resultado da conversa, Leandro fez os pais verem que a obesidade do pequeno filho era culpa deles. “Olhe para o seu filho. Se ele é uma criança obesa, será um adulto obeso”, alerta. “Uma criança que aos 12 anos é obesa tem mais de 70% de chances de ser um adulto assim. Com cinco anos, a chance é de 50% ou mais”. 

Leandro Avany Nunes / Foto: Divulgação

Com números à mão e conceitos na cabeça, o médico faz o “mea culpa” para lembrar desses tempos difíceis, de agenda curta para as refeições por força do trabalho e compromissos. “Vai na dispensa, só tem alimentos industrializados e de preparo rápido. E, no máximo, uma gavetinha na geladeira com um pouco de verduras”, aponta, reconhecendo que na sua casa também é assim. “E quem come em casa hoje em dia?”. A pergunta do cirurgião é procedente. E impõe mais desafios ao cotidiano de uma geração que não se alimenta bem. E isso resulta em mais pacientes nos consultórios.

“Antigamente, tínhamos um litro de refrigerante para dividir entre três irmãos só no domingo. Na casa do pobre e do rico era assim”, recorda, para ilustrar a diferença em relação aos tempos atuais. “Hoje as crianças tomam refrigerante diariamente. E demais. É um crime”, lamenta.

Encarar a obesidade como uma doença. Eis o paradigma que profissionais como Leandro e seus colegas tentam enfatizar todo dia. “Não é um fato da vida estar acima do peso. É uma doença, e é preciso acompanhar as decorrências dela”. O médico pontua a obesidade “como o excesso de peso que vai fazer com que ocorram alterações e inflamações celulares que levam a outras doenças”. “É uma grande epidemia”, define.

Os números para o futuro são preocupantes. “Nos próximos dez a 20 anos, em países como o Brasil, México e Estados Unidos, o custo da saúde por causa da obesidade vai ser equivalente ao que o cigarro custou ao Mundo”, destaca o médico. “E isso é muito grave”. Metade dos brasileiros estão acima do peso, e 18% convivem com obesidade. 

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