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A casa de Jorge Zanatta. E da cultura

Fundação Cultural de Criciúma reencontra o seu espaço nesta sexta-feira. Um dia de memórias
Por Fagner Santos Criciúma, SC, 14/12/2018 - 12:01
A viúva e a filha, orgulhos da trajetória de Jorge Zanatta / Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna
A viúva e a filha, orgulhos da trajetória de Jorge Zanatta / Fotos: Daniel Búrigo / A Tribuna

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"Ele dizia que não era culto o suficiente para receber uma homenagem tão grande”. A lembrança de Rosane Zanatta Perucchi, filha de Jorge Zanatta, rememora 1996. É daquela época a conclusão das reformas que deram origem ao Centro Cultural, no antigo casarão da Pedro Benedet.

À época, o empresário, falecido em 2007, cobriu os custos da obra. Por esta e outras boas ações ao povo criciumense, foi escolhido para receber a homenagem. A decisão de dar o nome de Jorge Zanatta ao Centro Cultural acabou pegando a família de surpresa. 

“Foi nessa sala ao nosso lado que vieram nos trazer a notícia”, conta a viúva de Jorge, Adelinda Bergmamn Zanatta, enquanto aponta para o cômodo, em sua espaçosa casa no Balneário Rincão. Hoje com 94 anos, ela guarda a ocasião com riqueza de detalhes na memória. “Era verão, calor. No dia, a reação dele foi de espanto, e a nossa também”. 

Como veio a homenagem

A filha narra o desenrolar da história: “Ele ficou muito feliz, mas acabou nem entendendo muito bem o porquê de ter sido o homenageado”. Entretanto, acrescenta que o papel do empresário para a cidade pesou. E muito. “Acreditamos que a escolha tem relação também com a geração de empregos que trouxe a Criciúma, entre outras ações”, acredita a filha. 

O motivo da crença parte das próprias palavras do empresário. “Ele dizia que estudou pouco, parou cedo, então essa foi a forma de ele oferecer acesso facilitado à cultura para a população, algo que ele dizia não ter tido oportunidade”, relata Rosane. Antes de o prédio ser reformado, Criciúma não oferecia aulas de violão, violino e outros instrumentos, além de aulas de arte. “Passou a ter ali, como ele apontou”, completa. 

Elas acompanharam com especial atenção as reformas recentes. Desde 2015 fechado, o Centro Cultural Jorge Zanatta volta hoje à rotina dos criciumenses como a casa das expressões locais e regionais. O ato inaugural começa às 20h. Um momento de real emoção. “Com certeza”, concorda a viúva.

Ele está ali faz muito tempo

Quem acompanhou de perto essa história foi o servidor público Claudino Giácomo Vitorette, 76 anos. Vigia do Centro Cultural Jorge Zanatta há mais de 30 anos, diz que as mudanças foram muitas, mas o respeito à estrutura pouco demonstrado. “Eu nasci em 1946, sempre vivi por perto”, lembra. “Quando virou da cultura, mudou a cara, mudou tudo, a população usava para aprender, conhecer”, conta Vitorette. 

Depois, o abandono do espaço acabou impedindo o contato de Vitorette com o centro. “Fui transferido para o Parque das Nações quando pegou fogo aqui”, relembra. “Mas voltei assim que a restauração começou”, acrescenta. 

Hoje se orgulha do que vê no espaço. “As salas estão bonitas, reformadas, mas com a aparência que tinha antigamente”, afirma. “Tem também muitas árvores ao redor, e elas continuam aqui, não mexeram. Tem pera, pitanga, ameixa, pêssego, tem até pau-brasil”, elenca o servidor. 

Um lugar cheio de história

O processo de reforma cumpriu todos os rituais preconizados pelos organismos que tratam do patrimônio histórico. Tombado desde o início dos anos 90 pelo município, o casarão é avalizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 2007.

Entregue em 1945 para servir ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o casarão foi erguido em um terreno de propriedade de Pedro Benedet, que foi grande incentivador da produção mineral, da pesquisa e do cuidado histórico. 

Passou aos cuidados do Plano Nacional do Carvão em meados dos anos 50. Em 1964, o casarão serviu por alguns meses de cárcere durante o Regime Militar. Depois, sob o comando da Agência Nacional do Petróleo, controlava a circulação e fiscalização de combustíveis na região. Passou do Estado para a União em 1976. Em 91, o município requereu a posse do prédio. A criação da Fundação Cultural de Criciúma (FCC) pelo prefeito Eduardo Moreira em 93 deu corpo ao pedido.

Em 94, o empresário Jorge Zanatta foi convidado a colaborar com a restauração, no que consentiu, sob a gestão do primeiro presidente da FCC, Henrique Packter. A FCC assumiu plenamente o casarão, já reformado, em 1996, e ali permaneceu até 2015, quando precisou ser desalojada por conta das precárias condições.

Uma nova cara para o clássico

Atingido por um incêndio em setembro de 2017, o prédio passou por dez meses de reformas. A reinauguração, hoje, às 20h, vai abrir as portas para que o povo criciumense tenha acesso novamente à cultura. Sem comprometer a arquitetura original da estrutura. “O que se trouxe de novo foi a acessibilidade para a edificação”, aponta o diretor da Fundação Cultural de Criciúma (FCC), Ismail Ahmad Ismail. 

A FCC, que já funcionou ali entre 1993 e 2013, vai voltar a ocupar o espaço. “Serão quatro salas para a FCC e vamos realizar ali todos os serviços administrativos relacionados à cultura na cidade”, afirma Ismail. A equipe da FCC que vai trabalhar no local conta com 11 pessoas. 

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