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40 cachorros subnutridos e com indícios de maus tratos são recolhidos em residência no bairro Progresso

Mulher de 56 anos acumulava animais sem condições de criá-los e responderá judicialmente pelo crime de maus tratos
Por Heitor Araujo Criciúma - SC, 14/02/2020 - 13:20 Atualizado em 14/02/2020 - 13:25
Fotos: Heitor Araújo / 4oito
Fotos: Heitor Araújo / 4oito

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O número 48 pintado em vermelho na parede verde indica a parada que um grupo de defensores dos animais procurava. Na pequena casa de madeira no bairro Progresso , com três comodos internos, a catadora de lixo Dona Maria*, 56 anos, mantém 40 cachorros, alguns dembulando pelas pequenas peças e outros presos à corrente no modesto pátio frontal da residência. A situação precária de Dona Maria e dos animais chamou a atenção de defensores dos animais, que criaram um grupo de Whatsapp para organizar uma operação de resgate dos cachorros, com o auxílio da Famcri e da Polícia Militar.

Segundo relatos de vizinhos e de integrantes do grupo, há pelo menos cinco anos os animais são recolhidos por Dona Maria. Ela pega os cachorros que encontra abandonado snas ruas enquanto cata o lixo, mas também recebe animais de pessoas conhecidas, que deixam em frente à residência. Com pouco dinheiro, ela conta que até deixa de comer para comprar ração para alimentar os caninos.

No entanto, a alimentação é escassa e todos os animais permaneciam subnutridos sob os cuidados de Maria. Pessoas ligadas a proteção dos animais afirmam que oferecem auxílio para Dona Maria, primeiro para tratar dos animais doentes subnutridos, depois até para recolher os animais a um local mais apropriado, onde poderiam receber os medicamentos e alimentação adequada. Ainda assim, ela continua com os animais.

Entre os cachorros estavam vira-latas, mas também cachorros de raça, como beagle, pinsher e yorkshire.  Havia também três filhotes recém nascidos, em companhia da mãe. Todos os animais - 40 cachorros e três gatos - foram recolhidos pelos protetores, que agora devem encaminhá-los para adoção. A PM fez o boletim de ocorrência e Dona Maria assinou um Termo Circunstanciado: terá que comparecer ao tribunal para responder pelo crime de maus tratos.

Uma das integrantes do grupo de protetores fez uma postagem no Facebook, na qual Dona Maria é flagrada agredindo um dos cachorros em seu pátio. De acordo com vizinhos, ela recolhe os bichos por pena, deixa de comer para alimentá-los, mas por vezes acaba perdendo a paciência. Um homem que mora ao lado afirma que os dois filhos tentam tirá-la de lá, mas ela não aceita e permanece na residência com os animais.

A Famcri havia feito fiscalização na residência no ano passado, após denúncia de uma veterinária que tinha visitado Dona Maria para ajudar os cachorros. No entanto, nada tinha sido feito para resolver a situação. Revoltados com a inércia do poder público, o grupo de pessoas fez denúncias online e marcou uma reunião para a manhã dessa sexta-feira na sede da Famcri. Após, um fiscal do órgão foi com os protetores e a Polícia Militar para fazer a recolha dos bichos.

A veterinária que está envolvida no grupo relata que esteve na casa de Dona Maria no ano passado e ficou chocada com o que encontrou. "Eu fiquei bem assustada com a situação porque eu nunca tinha visto isso. Tinham vários animais no pátio, em uma sujeira extrema (entulhos, roupas, lixo). Os animais em coleiras de 10 a 15 centímetros, sem comida, água, cheio de fezes", relatou. Na operação desta manhã, a casa e os animais permaneciam no mesmo estado. 

Perguntada pela reportagem por que recolhia os animais mesmo sem condições de criá-los, Dona Maria afirmou que agia com o coração. Os policiais pediram a documentação para o Boletim de Ocorrência, mas ela respondeu que não tinha em mãos, pois ficava com um dos filhos dela.

Ela diz que sofre de câncer e deve deixar o bairro Progresso em breve para morar com um dos filhos em um apartamento. A residência de madeira será vendida para um vizinho.

De acordo com a Famcri, o crime de maus tratos de animais pode render detenção de seis meses a um ano e uma multa de R$ 500 a R$ 3 mil por cada animal. O Ministério Público deve investigar o caso e a justiça determinará o que será feito com Dona Maria. Por enquanto, ela permanecerá sozinha na casa suja repleta de lixo, fezes e entulhos, em meio aos móveis e comidas.

Segundo  funcionários da Famcri, grande parte das pessoas vulneráveis que acumulam animais sofrem de problemas psiquiátricos. Os cães e gatos que estavam na residência foram recolhidos pelas pessoas cuidadoras e receberão os primeiros tratamentos. Todos estavam subnutridos, a maioria com sarna e pulgas e um pinsher, em situação mais debilitada, apresentava vários tumores na barriga. Alguns cachorros foram adotados pelas pessoas que participaram do resgate. A maioria, mais de 30 cachorros e dois gatos, permanecerá em lar temporário. Quem quiser adotar pode entrar em contato pelo telefone 48 999504440.

*nome fictício

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