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Tantas inspirações, muitas experiências

Lembram os criciumenses que foram curtir Natal e Ano Novo diferentes? Eles estão de volta
Por Redação Criciúma, SC, 14/01/2019 - 07:57
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Na última edição de 2018 e primeira deste ano, A Tribuna contou um pouco da aventura de nove criciumenses que fizeram das últimas semanas um tempo de aventuras embrenhando-se, a partir do Sul do Brasil, pelos interiores de Argentina e Chile até encontrar o alto Atacama, o desértico norte chileno como ponto culminante de uma história para as vidas deles. Essa turma está de volta. Com a bagagem da vida ainda mais pesada.

“O que me encantou no filme foi o desapego”. Eis William de Souza Eleutério, um dos aventureiros, contando que encontrou em “Into the Wild”, uma produção que narrou a história real de um norte-americano que nasceu em família abastada mas que, com problemas de relacionamento e educação rígida, doou economias, abandonou o conforto e passou a se aventurar na natureza. “Trabalhamos muito para comprar casa e coisas materiais. Estudamos para ter uma profissão. Ele abandonou o carro pelo caminho, foi viver a vida que queria. Isso me fez pensar no que eu desejo para a minha vida”. William, uma das tantas histórias que se cruzaram naqueles caminhos.

E que caminhos. Cada um deles com suas histórias a contar a experiências a viver, absorver, traduzir e tocar adiante a partir daqueles dias inesquecíveis entre argentinos, chilenos, dificuldades, limitações mas muitas, muitas alegrias. Que o digam, além de William, Ana Cristina da Silva, Ana Lúcia Pintro, Deivisson Nascimento, Fabio de Godoi Machado, Monique Garcia, Nicoly Patrício, Norton de Souza Correa e Ramilla Rosso Possamai. Deles, Fábio tinha alguma experiência internacional. “Eu já fui de Criciúma ao Uruguai de bicicleta”. E que aventura. Houve alguns do grupo que lamentaram não ter passaportes para carimbar no trajeto.

Foram mais de 6,3 mil quilômetros percorridos de 22 de dezembro ao último dia 3. “Longas retas”, atestou a professora Ana Lúcia. “Elas trouxeram surpresas. Numa delas, a RN 16, encontramos nuvens de borboletas brancas durante o dia e ouvimos cantos de cigarras à noite”. No retorno, convicções. “A felicidade somente é real se for compartilhada”. O lema é tomado emprestado daquele filme, citado antes, inspiração de William para suas aventuras.

Recordações e muitos aprendizados

As paisagens impressionaram a todos, tanto na Argentina quanto no Chile. Era William quem dirigia pelas longas estradas no meio do deserto. E todos admiravam a paisagem pelas janelas. O cansaço venceu alguns, não poucas vezes.

Na Argentina, a grande surpresa veio com as belezas da região de Purmamarca. Conheceram o famoso Cerro de Los Siete Colores. Até entrevistas deram, a uma pequena emissora, a Radio Viltipoco. As Grandes Salinas renderam muitas fotos e filmagens. Cenas engraçadas também. Ali, conheceram o olho do salar, visita imprescindível.

No Chile, o banho em águas muito salgadas é uma das lembranças latentes do grupo. Como na Lagoa de Cejar e nas Lagunas Escondidas de Baltinache. Conheceram ainda as lagunas Miscanti e Miniques da Reserva Nacional dos Flamengos. 

Visitaram um oásis no Valle de Jere. “Um lugar que lembra passagens da bíblia. Vários canais de água lembram o Egito. Muitas frutas como pêra, figo, uva e granada”, recorda Ana Lúcia. “O Valle de Marte aumentou as feridas nos pés e na boca, mesmo de quem se protegeu com manteiga de cacau, chapéu e lenço. Nada grave”. O anoitecer no Valle de La Luna fez correr lágrimas de quem não estava concentrado em fazer as fotografias do momento.

O grupo planejou economizar. Três noites, dormiram dentro da Van enquanto viajavam. Quatro noites, em hostels. Outras quatro na casa de amigos chilenos e duas noites acamparam.
O primeiro acampamento foi montando na Cordilheira do Sal, no deserto de Atacama, o mais seco do planeta. Em frente às barracas estava a carcaça de um famoso ônibus abandonado. A curiosidade sobre sua origem tem várias versões. Pode ter sido abandonado por uma empresa de ônibus ou deixado lá como refúgio para os trabalhadores de uma mineradora da região. Talvez tenha sido uma forma de atrair turistas, pois o local conhecido como Valle Del Bus (Vale do Ônibus) é procurado para registros fotográficos.
Norton nunca tinha dormido numa barraca e não foi nesta noite sua primeira experiência. Resolveu dormir ao relento, passando frio porque não teve coragem de sair do saco de dormir para ir até o veículo se aquecer. “Achei que ia passar mais frio no caminho, não queria perder esta chance, então aguentei. Apesar de ter passado a maior parte da noite em claro, foi positivo porque pude apreciar um dos céus mais estrelados do mundo. Vi várias estrelas cadentes e aparição da lua atrás do vulcão Lincancabur. Foi um momento mágico pra mim”, contou o estudante de Design Gráfico.

Na Argentina pagaram aproximadamente R$ 10 para se abrigarem num hostel em Purmamarca. Foi lá que preparam a modesta Ceia de Natal e tomaram banho com água aquecida à gás, comum nas casas da região. Em San Pedro de Atacama, no Chile, gastaram R$ 60 no Hostel Casa de Los Músicos. A francesa Brigite Frías, casada com o chileno Miguel Frías, foi presenteada com uma faixa do Criciúma que colocaram junto à bandeira do Brasil que já decorava a área interna do prédio, um dos raros na cidade com um andar além do térreo.

Comer, beber, usar internet...

Na alimentação, os suprimentos que levaram de Criciúma ajudaram. Mas comeram em restaurantes, provaram carne de lhama e tomaram muita Coca Coca. Por dez pesos, compraram um pé de alface. Ganharam outro. Sem tempero, um limão que veio de presente ajudou e muito. Cada um levou seus copos, pratos e talheres.

E manter a higiene? Eles conseguiram. Em uma das paragens, em Guatin, havia um rio onde as mulheres tomavam banho e lavavam seus cabelos com ajuda de uma panela. Por ali, a descoberta de  uma cachoeira foi bem vinda.

Não houve dificuldades para comunicação. Houve sim para usar internet. “O wi-fi no Chile deixa as pessoas bêbadas”. Explicação dessa máxima do economista Fábio Machado. “Os bares eram os lugares mais frequentados pelos criciumenses para acessar a internet. O acesso às redes sociais é muito ruim e limitado para estrangeiros que querem economizar”.

Com o passar da viagem, o câmbio deixou de ser problema. Os aventureiros foram aprendendo a lidar. Ao trocar 100 dólares por 740 pesos em Resistência, na Argentina, concluíram que R$ 1 valia pouco menos de dez pesos locais. Uma porção de batatas custava 6 mil pesos. Ou seja, R$ 36. Uma garrafinha de Coca, 2 mil pesos, R$ 12. E fica uma dica: notas de dólares com qualquer defeito, eles não aceitam. Precisa estar em perfeito estado.

O réveillon em San Pedro do Atacama, com churrasco, maionese, música e dança, abriu 2019 em alto estilo. Viram uma tradição local, de queimar uma cadeira onde um homem fica sentado até a meia-noite da virada de ano. É para destruir as coisas ruins do ano que passou. No ponto final da viagem, o mar ainda estava a 270 quilômetros, mas essa puxada será, certamente, conversa para próximas aventuras.

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