Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS INFORMAÇÕES DAS ELEIÇÕES 2024!

Dia da Natureza: número de incêndios em vegetação sobe mais de 250% em SC

Do início do ano até o final de setembro, foram registrados 5.523 incêndios no Estado, 256,8% a mais que em 2019; conheça os efeitos na biodiversidade
Lorenzo Dornelles - ND Mais Criciúma, 04/10/2020 - 10:56 Atualizado em 04/10/2020 - 11:00
Foto: Corpo de Bombeiros Militar/Divulgação/ND
Foto: Corpo de Bombeiros Militar/Divulgação/ND

Quer receber notícias como esta em seu Whatsapp? Clique aqui e entre para nosso grupo

Neste domingo (4) é comemorado no Brasil o Dia da Natureza. A data criada com o intuito de conscientizar a população sobre a importância do meio ambiente, chega em 2020 permeada de aumentos significativos nos desmatamentos e queimadas em florestas no país.

O Estado também não tem muito o que celebrar. De acordo com dados do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, até o dia 29 de setembro deste ano foram registradas 5.523 ocorrências de incêndio em vegetação, número que corresponde a um aumento de 256,8% em relação a mesma data do ano anterior, que era de 1.548.

Ainda conforme os dados do Corpo de Bombeiros, de janeiro até o dia 29 de setembro de 2018 foram registrados 1.497 incêndios, e em 2017, eram 2.034 ocorrências neste mesmo período.

Segundo o comandante do 1º BBM (Batalhão de Bombeiros Militar), Diogo Losso, um dos fatores que explica a alta nos dados de queimadas é a estiagem que atingiu o Estado durante o ano. No entanto, a ação humana continua sendo uma das principais causas de incêndio em vegetação em Santa Catarina.

“Ela se dá de diferentes maneiras, como colocando fogo diretamente em regiões de mata, como em rejeitos, para limpeza de terrenos ou ainda no descarte de bitucas de cigarro e vidros que podem ter o efeito de lupa, em contato com o sol, iniciando uma chama na vegetação seca”, explica.

Efeitos graves na biodiversidade

De acordo com o professor de botânica da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), Christian da Silva, os constantes incêndios em vegetação têm efeitos que incluem a perda de diversidade, extinção local de plantas ou animais e até de paisagem.

“As áreas de mata atlântica em geral, não são áreas que evoluíram com adaptação ao fogo. A vegetação não está acostumada a regimes de incêndios contínuos ou repetidos, então toda vez que tem uma queimada, geralmente destrói uma porção inteira da vegetação, e a partir deste momento você desequilibra um balanço que existia, você tira a estabilidade daquele ecossistema e vai levar um bom tempo até que a natureza consiga restabelecer as condições anteriores”, analisa.

“E dependendo do ambiente, estamos falando de formações florestais ao longo de encostas de morro, com solo instável e pouco fértil, então quando perde a vegetação ainda tem riscos de deslizamentos, quando abre clareira tem possibilidade de estabelecimentos de espécies invasoras, entre outros problemas graves”, alerta o pesquisador.

“O bicho não tem para onde correr”

O especialista ressalta que a Mata Atlântica, enquanto bioma, possui diferentes tipos de fisionomias e tem ecossistemas associados, como a Restinga, Manguezal, entre outros. Por isso, há uma diversidade muito grande de ambientes que estão sujeitos a incêndios no Estado, e em cada um deles, a resposta ao fogo é diferente.

“A Restinga, por exemplo, quando ocorre um incêndio geralmente mata todas as plantas, assim praticamente toda a vegetação é eliminada, muita parte da fauna queimada acaba morrendo, apenas alguns animais com maior capacidade de locomoção conseguem se deslocar para outras áreas, isso se elas estiverem disponíveis, porque temos áreas naturais muito reduzidas, então o bicho nem tem para onde correr”, explica o professor.

Depois que o fogo passa, Christian da Silva explica que começa um processo lento, chamado sucessão ecológica. “Esse processo demora um tempo pra ocorrer e tem algumas influências externas quando a vegetação nativa deixa de existir de uma hora para outra”, ressalta.

“Algumas espécies não vão conseguir sobreviver e deixar sementes viáveis no solo para germinação, então isso vai afetar a diversidade local, e até a estrutura da comunidade como um todo. São efeitos que podem ser até difíceis de estimar”, conclui o especialista.

Fumaça do Pantanal chegou ao Estado

Além do aumento dos incêndios locais, as queimadas que atingem o Pantanal e a Amazônia há mais de dois meses trouxeram reflexos para o Sul do país.

A fumaça chegou ao céu de diversas cidades do Oeste do Estado, entre elas Dionísio Cerqueira, São Miguel do Oeste, Campo Erê, São Lourenço do Oeste e Galvão.

Em Joinville, no Norte de Santa Catarina, causou um fenômeno registrado por muitas pessoas no domingo: o pôr do sol avermelhado.

Pôr do sol avermelhado teve influência da fumaça vinda das queimadas no Pantanal – Foto: Drica Fermiano/NDTV

Em nota, a Defesa Civil de Santa Catarina afirmou que após as queimadas na região do Pantanal, a fumaça que chega ao Estado pode mudar até a cor da água das chuvas, além de diminuir a qualidade do ar.

O documento da Defesa Civil, divulgado no dia 16 de setembro, utilizou imagens de satélites que mostraram que a fumaça chegou na região Oeste do Estado.

Localizados há quase 2 mil quilômetros de distância do Pantanal, os principais municípios atingidos pela fumaça foram os que fazem fronteira com a Argentina ou na divisa com o Paraná.

Copyright © 2022.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito