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Coronavírus: Os relatos de quem está em São Paulo

Na tarde desta quarta-feira, 25, estado chegou às 40 mortes em decorrência do Covid-19
Por Marciano Bortolin Criciúma, SC, 25/03/2020 - 15:50 Atualizado em 25/03/2020 - 15:55
Jornalista Ana Paula Cardoso mora em São Paulo há um ano e sete meses
Jornalista Ana Paula Cardoso mora em São Paulo há um ano e sete meses

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São Paulo chegou nesta quarta-feira, 25, aos 40 mortos em decorrência do coronavírus (Covid-19). Em todo o país, são 48 óbitos. No total são 810 casos confirmados no estado, do total de 2.292 infectados no Brasil. Na busca por frear a proliferação do vírus, o governador do estado paulista decretou a quarentena, que entrou em vigor nessa terça-feira, 24 em todos os 645 municípios. 

Durante 15 dias, a medida impõe o fechamento do comércio, exceto os serviços essenciais de alimentação, abastecimento, saúde, bancos, limpeza e segurança. Assim como em Santa Catarina, onde a quarentena já foi decretada pelo governador Carlos Moisés da Silva na semana passada e prorrogada por mais sete dias, a decisão muda a rotina das pessoas. 

Do Sul catarinense, mas morando na capital paulista há um ano e sete meses, a jornalista Ana Paula Cardoso, diz que o Governo do Estado anuncia com frequência, novas medidas para conter o aumento da Covid-19 e também para manter a economia de pé, apesar das consequências que virão. “Acredito que algumas ações preventivas poderiam ter sido tomadas um pouco mais cedo, logo que o primeiro caso foi detectado, até porque o que se viu pelo mundo foi uma evolução muito rápida dos casos e o que a gente viu me deixou bem preocupada. Mas vejo que muitas outras ações que vieram na sequência foram implementadas rápido e tiveram resposta rápida da população também”, comenta.

Entre os temores com relação à evolução do coronavírus, ela diz que está o tempo que ainda se levará para conter. “Se as pessoas que estão doentes vão conseguir a cura, mesmo com tanto empenho aqui no estado de São Paulo. Por exemplo, em agir e montando hospitais de campanha no Pacaembu e no Anhembi como forma de reforço, entre outras tantas ações. Além disso, se uma das principais medidas para conter o novo coronavírus é o isolamento social, além da higiene, claro, infelizmente nem todos podem cumprir essa orientação, seja por trabalhar em serviços essenciais ou porque não foram liberadas ou são profissionais independentes e precisam estar na rua trabalhando, além da população de baixa renda, e por consequência, fica mais difícil de se proteger, mesmo sabendo do risco que correm”, cita.

Preocupação com quem está no Sul de Santa Catarina

Toda a família de Ana Paula é do Sul de Santa Catarina. “Acompanho por sites de notícias e conversando com os familiares. Meus pais já são idosos, integram o grupo de risco e estão em isolamento em casa, conversamos muito sobre isso, sobre essa necessidade, principalmente com a minha mãe, que é extremamente ativa. Todos os dias conversamos para saber do dia a dia, trocar experiências, informações de como a situação tem sido conduzida em Criciúma, também para saber como cada um está enfrentando as restrições e uma rotina completamente nova. A cada fim de conversa eu agradeço muito por termos condições de estarmos com saúde e protegidos”, relata.

Há cerca de uma semana, a empresa em que a jornalista trabalha adotou o home office para 100% dos colaboradores. “De lá para cá, não tenho saído de casa para nada. Fui ao mercado uma única vez para comprar alguns produtos que faltaram, fui super cedo e vi pouquíssimas pessoas nas ruas. As reuniões e alinhamentos e trabalho são todos feitos online, por hangouts, e precisei criar uma rotina adaptada para manter o corpo e a mente sãos, com mais leituras, atividades físicas adaptadas para fazer dentro de um apartamento. Tenho evitado assistir muito noticiário e o excesso de informações. Tento me manter otimista de que juntos vamos conseguir desacelerar a pandemia, é hora de pensar de forma coletiva e na saúde de todos”, pontua.

Tomada de decisões

Há quase dez anos morando em São Paulo, a jornalista, Kellen Rodrigues, comenta que, para ela, as tomadas de decisões aconteceram no momento certo. “Ainda podemos evitar muita contaminação porque fomos mais rápidos do que na Itália, por exemplo. Acho que os governos estaduais agiram rápido. Se estivéssemos esperando o governo federal acredito que seria uma tragédia, mas os governadores, tanto de São Paulo, quanto de Santa Catarina, do Rio de Janeiro e vários outros, têm mostrado que entenderam o que está acontecendo e assumiram a responsabilidade. Não é hora de politicagem, a prioridade é preservar vidas. Estou indignada com a falta de ação do governo federal”, fala.

Kellen ressalta que o home office não é privilégio de todos e que pensa nas pessoas que não foram liberadas ou que trabalham em serviços essenciais. “E também nas pessoas em situação de rua. Mas estou confiante que, se quem puder ficar em casa realmente cumprir a determinação das autoridades, vamos frear o coronavírus logo”, acredita.

"Parece que todo dia é feriado"

A jornalista, que mora a duas quadras da Avenida Paulista, comenta que tem a sensação que todo dia é feriado. “Sábado fui ao supermercado e vi poucas pessoas na rua, parecia feriado mesmo. Essa foi minha única saída em uma semana. Já sou acostumada a trabalhar em home office e sou super caseira, então considero mais fácil. Sinto falta de ir ao supermercado e de poder encontrar as pessoas, fazer aula presencial, abraçar. Mas eu acho que o isolamento físico no fim das contas vai nos aproximar”, cita.

A situação do Sul e Santa Catarina é acompanhada por sites e pelos familiares, sendo que a principal preocupação estava relacionada à saúde mental da família e amigos do que com o vírus em si. “Acho que eles estão se protegendo bem. Minhas duas irmãs trabalham em posto de combustível, uma entrou de férias e a outra segue trabalhando, mas confio que ela está se cuidando corretamente. Temos conversado todos os dias. O que tenho dito para todos é: é uma pandemia, é sério, temos que saber o tamanho do que está acontecendo no mundo (no sentido de não fazer pouco caso, não achar que é uma gripe boba), e fazer tudo que for recomendado, lavar as mãos, não sair de casa, usar álcool gel. Essa é a nossa parte, no mais, é ficar em paz e cuidar da saúde mental. Porque se já estamos fazendo o que mandam as autoridades, ficar em pânico não resolve nada. Temos que manter a esperança”, declara.

 

Kellen mora há mais de nove anos em São Paulo


 

Tags: coronavírus

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