A investigação que resultou na denúncia contra o presidente da Cooperaliança, em Içara, Reginaldo de Jesus, o Dede, revelou uma série de crimes supostamente praticados durante a sua gestão. O inquérito, conduzido pela Polícia Civil em Içara e presidido pelo delegado Rafael Iasco, levou cerca de dois anos para ser concluído e acumula mais de 700 páginas de apurações.
Segundo o delegado, foram identificados indícios de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, envolvendo diferentes práticas criminosas. Entre elas, o recebimento de propinas de fornecedores, que eram convertidas em materiais elétricos e repassadas a construtoras da região. Essas empresas, em troca, teriam transferido imóveis para o presidente da cooperativa.
Também foram constatados desvios de materiais da Cooperaliança para loteamentos privados, além do fornecimento irregular de postes e mão de obra, o que é proibido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O inquérito apontou ainda superfaturamento na compra de luminárias, em alguns casos chegando a quase 2.000% acima do valor de mercado. O montante excedente, de acordo com as investigações, era destinado a um estacionamento de veículos ligado ao suspeito.
Outro ponto levantado foi a utilização de recursos da cooperativa para fins eleitorais. “Constatamos a compra de votos durante eleições e também o uso indevido de dados da cooperativa para manipulação do processo eleitoral”, afirmou o delegado Rafael Iasco em entrevista ao Programa Adelor Lessa, na rádio Som Maior, nesta segunda-feira (1º).
O delegado destacou ainda a rápida evolução patrimonial de Dede como um dos fatores que motivaram o aprofundamento das apurações. “O que chamou atenção foi a ascensão meteórica do presidente. Identificamos movimentações financeiras até dez vezes maiores do que o declarado, além de depósitos fracionados e sem origem identificada”, explicou.
Durante o curso das investigações, Dede chegou a ser preso preventivamente, mas foi liberado posteriormente. Ainda assim, o inquérito seguiu reunindo provas e resultou na denúncia apresentada pelo Ministério Público, aceita pelo juiz Rodrigo Barreto, da Comarca de Içara, nesse final de semana.
Ouça na íntegra o que disse o delegado Rafael Iasco: