Os impactos das recentes negociações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem influenciar diretamente a economia brasileira, na avaliação do empresário do agronegócio Ricardo Faria, fundador e chairman do Grupo Granja Faria. Em entrevista ao Programa Adelor Lessa nesta terça-feira (07), ele comentou ainda a alta carga tributária interna e projetou o cenário econômico para 2026.
Conversa entre Lula e Trump
Faria avaliou como positiva a recente interação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, a conversa telefônica de mais de meia hora reforça a possibilidade de encontros futuros, inclusive na Indonésia. “Trump disse que houve química entre os dois. A conversa foi muito positiva. Lula é experiente e conduziu a negociação com habilidade, sem retaliações, mantendo o diálogo aberto. Hoje já temos 52% da pauta de exportação com tarifas reduzidas, incluindo Embraer, suco de laranja e madeira”, afirmou Faria.
O empresário destacou ainda a capacidade de Lula de aglutinar apoio nacional e gerar popularidade em meio às discussões sobre o “tarifão” dos EUA.
O “Tarifaço” aplicado pelos Estados Unidos
O empresário classificou como “golpe duro” o aumento das tarifas americanas sobre produtos brasileiros, mas elogiou a postura do governo brasileiro. “O presidente não retalhou, procurou soluções e manteve negociações abertas. Isso foi muito inteligente, e ajudou a reverter parte das tarifas. O ponto político da medida americana já começou a ser corrigido”, disse.
Segundo Faria, medidas como essas têm efeito direto sobre o nacionalismo e a imagem do país, e podem ser resolvidas em médio prazo com negociação.
Impostos internos e taxação do capital
O empresário criticou a alta carga tributária interna e a taxação do capital, citando a medida provisória 1.303 e o decreto do IOF como exemplos de políticas “esquizofrênicas” que impactam investimentos privados. “Todos os países que taxaram capital perderam. No Brasil, pagamos 34,5% de imposto de renda e ainda haverá tributação sobre dividendos. Isso retira investimentos do capital privado, que é mais eficiente do que o público”, explicou Faria.
Ele usou uma metáfora para ilustrar o comportamento do capital diante das incertezas fiscais. “O capital é um cachorro medroso. Toda vez que o cachorro vê muito barulho, ele foge para um lugar mais confortável. A quantidade de saída é gigantesca. As pessoas procuram onde se sentem melhor, com retorno e segurança”, disse.
Faria também comparou o cenário brasileiro com Estados Unidos e Europa, destacando a diferença nas taxas de juros e na atratividade para investidores internacionais.
Perspectivas para a economia em 2026
Apesar das críticas, o empresário projetou um ano positivo para a economia brasileira em 2026. “Os pacotes de estímulo que vêm sendo aplicados somam R$ 260 bilhões. No próximo ano, ainda teremos vento de cauda e redução de juros globalmente, o que deve manter o dólar estável. Mas em 2027, o equilíbrio fiscal será um desafio, independentemente de quem esteja no governo”, alertou.
Faria ressaltou que as mudanças tributárias, a reforma em andamento e a preparação para as eleições terão impacto direto no cenário econômico e nos investimentos.