As comunidades indígenas se manifestaram contra a construção do contorno viário no Morro dos Cavalos, na BR-101. Segundo a coordenadora do Distrito Sanitário Especial IndígenaInterior Sul, Eunice Antunes Kerexu, nenhuma proposta alternativa ao túnel na rodovia será permitida pela comunidade.
"A gente quer muito conversar com o governador do estado, ele nunca recebeu a gente. Então, assim, aqui no Morro do Cavalos a gente não vai permitir nenhum projeto alternativo por dentro da terra indígena que não seja os túneis", afirma Kerexu, em entrevista ao Programa Adelor Lessa, na Rádio Som Maior, nesta quarta-feira (7). Segundo a coordenadora, a proposição alternativa foi recebida com bastante surpresa pela comunidade. "A gente não conversou com ninguém sobre essa proposta do contorno. A gente foi surpreendido quando foi apresentada essa proposta", revela.
Para ela, a proposta do contorno provocaria um maior impacto nas terras indígenas da região. "Pelo desenho que foi apresentado pelo governador, ele impacta diretamente, não só a terra indígena Morro dos Cavalos. Ele vai impactar uma outra terra indígena que tem logo na frente, que é a terra indígena do Maciambu", explica.
Segundo a coordenadora, outro motivo para a recusa da proposta é a falta de respeito com a comunidade. "Lá no passado a gente já foi culpado de não aceitar que fosse duplicado ou que fosse construído os túneis. Acho que se procurar na memória, pesquisar, vão ver que teve muitas culpas dos indígenas por não deixarem duplicar a BR, construir os túneis, das mortes que sempre aconteceram no Morro dos Cavalos", desabafa Kerexu.
Proposta do túnel
Nos últimos dias, o deputado federal Luiz Fernando Vampiro, que defende o contorno, contou que não viu nenhum projeto para a construção do túnel. Porém, Kerexu acompanhou o processo, e lembra da aprovação, que completa 10 anos em 2025. "O projeto do túnel, ele foi aprovado no final de 2015, foi aprovado pela comunidade, em seguida pela FUNAI, e logo mais tarde, em 2018, ela foi aprovada pelo IBAMA", cita. Apesar da aprovação, a licença expirou em 2023. "Ela tem um projeto, ela tem toda a licença, mas ela precisa ser retomada", acrescenta.
Ouça, na íntegra, a entrevista de Kerexu: