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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Dr. Renato Matos 06/12/2021 - 10:18 Atualizado em 06/12/2021 - 10:18

Quando parecia que as coisas estavam se ajustando com as altas taxas de vacinação, veio essa nova variante de preocupação, identificada na África do Sul.

O mundo entrou novamente em alerta.

Já foram detectados casos em mais de 30 países, Brasil inclusive.

Continuamos sem saber se é mais transmissível ou letal que as variantes que a precederam, mas há sinais de que tenha maior capacidade de reinfectar pessoas que já tiveram a Covid.

Boa parte dos casos descritos na África do Sul mostram doenças leves, mas o relato se refere a pessoas jovens, que costumam apresentar formas mais brandas da doença. 

Não costuma haver perda de olfato ou paladar, apresentando-se como um quadro gripal usual, o que já observamos em pessoas completamente vacinadas e infectadas pela Covid.

A farmacêutica Regeneron, fabricante do coquetel de anticorpos monoclonais contra o SARS-CoV-2, já avisou que seu produto poderia ser menos eficaz contra essa nova variante, devendo ser atualizado caso a variante se espalhe de forma agressiva.

Já a britânica GSK informou que seu Sotrovimab, também uma mistura de anticorpos monoclonais, usado naqueles casos com potencial de evoluir para formas graves, continua eficaz.

A grande questão – e preocupação – é se as vacinas em uso, na maioria baseadas na proteína Spike, manterão sua eficácia contra a Ômicron, que apresenta mais de 30 mutações nessa localização. 

Na pior das hipóteses, as fabricantes de vacina já informaram que em 3 meses poderão lançar no mercado novos imunizantes direcionados contra a nova variante.

Lembrar que a segunda variante de preocupação, a beta, também surgida na África do Sul, não trouxe maiores consequências em nível mundial.

Evidentemente, não é hora para pânico, mas de vacinar os recalcitrantes, reforçar a imunização dos já vacinados há mais de 6 meses e manter medidas sanitárias adequadas à situação local e pessoal de cada um.

O brasileiro da Ômicron

A descoberta da variante Ômicron teve a participação direta de Túlio de Oliveira, brasileiro de 45 anos que há 25 vive no país africano.

Com estilo zen, filho de hippies “raiz”, estudou no Colégio Champagnat da congregação Marista em Porto Alegre e formou-se em biotecnologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Chegou à África do Sul em 1997, quando sua mãe foi trabalhar por lá.

Fixou residência no país, e, estudando o vírus HIV, fundou um dos maiores centros de estudos genômicos do mundo, de onde veio a informação sobre o surgimento da nova variante, logo rotulada de preocupação pela OMS.

Nosso conterrâneo tem mais de 150 publicações em revistas científicas, dentre elas Nature, Science e Lancet.

Em entrevista ao The New Yorker Magazine, Túlio de Oliveira disse que o surgimento dessa nova variante é “o último prego no caixão da imunidade do rebanho” induzida por infecção natural.

Diz a Folha que é torcedor do Internacional.

Por Dr. Renato Matos 29/11/2021 - 07:56 Atualizado em 29/11/2021 - 07:59

Quando estávamos nos acostumando a uma vida mais normal – em muitos casos normal demais - o relato do aparecimento de uma nova variante com potencial para trazer de volta dias sombrios preocupa.

Apesar de ainda não sabermos se é mais transmissível, se provocará casos mais graves ou se poderá escapar das vacinais em uso, com certeza, alguns dados chamam a atenção.

Antes de tudo, a rapidez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) a rotulou como variante de preocupação.

Essa denominação é reservada para aquelas variantes com maior transmissibilidade, maior capacidade de provocar doença ou que podem suplantar as medidas habituais de controle sanitário ou eficiência das vacinas.

Para comparação, a variante Delta, que hoje predomina na maior parte do mundo, foi detectada na Índia no final de 2020 e foi classificada como de preocupação pela OMS somente em maio de 2021.

No caso da Ômicron, a OMS foi informada no dia 24 de novembro. O Comitê Consultivo responsável pela avaliação das novas variantes reuniu-se dois dias depois e já a etiquetou como de preocupação. 

Tem 50 mutações, 32 na proteína Spike – o alvo utilizado pela maioria das vacinas no mundo, entre elas Pfizer, AstraZeneca e Janssen.

Essa é a quinta cepa classificada como variante de preocupação. As anteriores são alfa, beta, gama e delta. 

Era uma história já prevista: o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, está rouco de dizer que os países ricos deveriam ajudar os mais pobres na aquisição de vacinas.  

A África – que tem apenas 7% da sua população completamente vacinada – mostra que essa doença é de todos. 

Sem vacinas e sem cuidados, o surgimento de novas variantes de preocupação é (era?) somente questão de tempo.

Ômicron – a breve?

Seguindo a nomenclatura adotada pela OMS, seu nome deveria ser “nu”, mas a letra foi pulada por soar como “new” em inglês.

A letra seguinte da fila seria “Xi”, também desprezada por ser um sobrenome comum na China, inclusive do seu Presidente, Xi Jinping.

As maiores fabricantes de vacinas já preveem que entre duas e três semanas saberão se suas vacinas continuam eficazes contra a Ômicron.

Caso haja escape da vacina, calculam que em três meses terão imunizantes diretamente dirigidos contra ela. 

Tomara que a Ômicron tenha o comportamento previsto pelo seu nome. 

Segundo o dicionário Houaiss, a origem da palavra significa 'o pequeno, ou seja, breve'.

Por Dr. Renato Matos 22/11/2021 - 08:28 Atualizado em 22/11/2021 - 08:30

O Brasil, segundo o Ministério da Saúde, passou de 360 milhões de doses de vacinas contra a Covid aplicadas.
Apesar do alto perfil de segurança e comprovadíssima eficiência, alguns resistem.

Como pneumologista, acompanhei de perto dois pacientes, com nível de educação superior, que, por motivos ideológicos, resolveram não fazer a vacina. Tiveram casos graves, com risco iminente de morte.
Um deles voltou a consultar após a internação. 
Profissional da área da saúde, logo que começou a ter sintomas fez o teste que comprovou a infecção pela Covid.
Mantendo-se fiel ao seu grupo foi acompanhado, à distância, por um ortopedista de outro estado, que prescreveu, em doses altas e em momentos inoportunos, tudo aquilo que os estudos já mostravam que não funcionava. 

Como estava piorando, já com febre há 12 dias, aceitou a indicação do irmão, paciente antigo, e fomos procurados.
A indicação de internação foi imediata.

Foram 2 semanas difíceis, necessitando de altos fluxos de oxigênio. Mas sobreviveu. Tinha pouco mais de 40 anos, com 2 filhas pré-adolescentes.

No dia do retorno, após o exame clínico, perguntei, educadamente, se, caso tivesse morrido, sua família conseguiria manter um padrão razoável de vida.
- Não doutor. Sou profissional liberal, tenho uma boa remuneração, mas sem nenhum patrimônio ou seguro que pudesse deixá-las financeiramente confortáveis.  A vida delas mudaria muito. 
- Essa foi a maior angústia durante o tempo de hospital. Mais do que o medo de morrer. - Completou
- E agora, vais te vacinar? - Perguntei
- Depois do que passei, vou sim.
Porém, virando-se para a esposa, que estava sentada ao lado:
- Mas tu não me enche mais o saco!

Por Dr. Renato Matos 15/11/2021 - 11:29 Atualizado em 15/11/2021 - 11:30

Singapura é composta por 63 ilhas, onde moram um pouco mais de 5 milhões de habitantes - uma das maiores densidades populacionais do mundo.

De acordo com o relatório das Nações Unidas, ocupa o oitavo lugar no índice de desenvolvimento humano, com expectativa de vida de 85 anos - mais de cinco anos superior à norte-americana.

Tem um sistema de saúde peculiar - mistura prestações de serviços públicos e privados - que além de ser considerado um dos mais qualificados do mundo, tem melhor custo-efetividade.

Desde o início da pandemia, a ex-colônia britânica foi um modelo de gestão, com vigilância extensiva, rastreio de contatos e restrições de movimentos para manter baixos os casos de vírus.

Além disso, o governo pagava integralmente a conta de qualquer cidadão internado em hospitais particulares (70% dos atendimentos no modelo de saúde do país), desde que residentes permanentes ou portadores de um passe de trabalho de longo prazo e que estivessem doentes com a Covid-19, a menos que o teste estivesse positivo logo após retornar do exterior.

Chegando a 85% das pessoas elegíveis totalmente vacinadas e a 18% com as doses de reforço, começou, como esperado, a aliviar restrições relacionadas com o vírus.

Apesar da alta taxa de vacinação, o número de casos diários começou a subir. De 50 a 100 em agosto, agora, nas últimas semanas, vem se mantendo em torno de 3.000, evidentemente, com internações e mortes preponderando entre os não vacinados.

O remédio veio amargo.

A partir do dia 9 de novembro, Singapura deixou de cobrir os custos médicos das pessoas "não vacinadas por opção”.

“Atualmente, as pessoas não vacinadas representam uma grande proporção daqueles que requerem cuidados intensivos e contribuem, de maneira desproporcional, para a pressão dos nossos recursos", indicou nota emitida pelo Ministério da Saúde.

Vacinar não é obrigatório.

Mas, dentro do sistema peculiar de saúde, aqueles que se vacinaram não são mais obrigados a partilhar dos custos gerados pelos que negam, sem justificativa, a imunização.

Parece justo.

Por Dr. Renato Matos 08/11/2021 - 11:47 Atualizado em 08/11/2021 - 11:47

No início da pandemia, sem medicamentos eficazes ou vacinas, dependíamos exclusivamente de isolamento físico, uso de máscaras e medidas de higiene.

Ou sorte, casos infectados.

Meses depois, as fantásticas vacinas começaram a mudar o cenário.

Além da proteção de até 90% contra quadros graves e mortes, reduzem o risco de transmissão do vírus em aproximadamente 50%.

Mas não temos – ou não tínhamos - medicamentos eficazes que pudessem ser usados naqueles em que a eficiência da vacina não era suficiente – ou naqueles teimosos não vacinados.

O tratamento precoce “de verdade”. 

Os aprovados anticorpos monoclonais são extremamente caros e, na nossa realidade, não disponíveis.

Partindo do princípio de que vírus são combatidos com antivirais e não com antibióticos ou antiparasitários – vide hepatite C e HIV - as companhias farmacêuticas vêm trabalhando exaustivamente na sua pesquisa.

As últimas semanas nos trouxeram excelentes notícias.

Primeiro, o Molnupiravir, da Merck.  Usado até o quinto dia de sintomas, por via oral, em indivíduos não vacinados e com pelo menos uma comorbidade, reduziu em 50% a necessidade de internação em comparação ao grupo placebo, sem nenhuma morte entre aqueles que o usaram.

Agora, a Pfizer tornou público o resultado do ensaio clínico que vinha testando a associação de dois antivirais, também utilizados por via oral: o PF-07321332, associado ao Ritonavir.

Se confirmados, os resultados do já batizado PAXLOVID são exuberantes: redução de 89% no risco de internação ou morte naqueles tratados até três dias após o início dos sintomas. Com 5 dias, resultados quase parecidos.

Diversos antivirais – mais de 200, segundo a revista Science - estão em estudos.

Até termos esses medicamentos à disposição, alguns cuidados ainda se fazem necessários.

Quanto maior for o seu risco, pela presença de comorbidades ou pela possibilidade de infectar familiares ou amigos que façam parte de grupos mais vulneráveis, maiores devem ser os cuidados.

Não podemos, nesse momento, colocar toda a responsabilidade nas vacinas.

Já sabemos da imprevisibilidade do SARS-CoV2.

Não temos o direito de agora botar tudo a perder.

Por Dr. Renato Matos 01/11/2021 - 08:43 Atualizado em 01/11/2021 - 08:44

Apesar de fazerem parte de um grupo com baixa letalidade, as crianças podem apresentar quadros graves quando infectadas pelo SARS-CoV-2.

Além disso, são reconhecidas transmissoras da doença, justamente pelo fato de apresentarem poucos ou nenhum sintoma.

Há poucos dias, um painel independente do FDA, órgão que regula o uso de medicamentos nos Estados Unidos, votou por liberar a vacina contra a Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos.

Com um placar elástico: 17 a favor e 1 abstenção.

O resultado já era esperado – crianças nessa faixa etária tem um robusto sistema imunológico, já exposto a diversos agentes etiológicos – e vacinas.

Oficializando as expectativas, a Pfizer/BioNTech apresentou o resultado de um estudo em que 3.109 participantes de 5 a 11 anos receberam a vacina e 1.528, o placebo.

Ao final do período estipulado foram observados 3 casos no grupo vacina e 16 no grupo controle – uma eficácia média de 90,7%.

Usando duas doses de 10 microgramas – 1/3 do habitual – com um intervalo de 3 semanas, a resposta imune e perfil de segurança foram semelhantes às obtidas entre os adolescentes.

Havendo o aval final do FDA e regulamentação pelo Comitê Consultivo de Práticas de Imunização do CDC, a vacinação nos EUA deve começar já nos próximos dias.

A Pfizer já afirmou que irá encaminhar a mesma solicitação para a ANVISA durante o mês de novembro.

Apesar de cinco diretores da agência receberem ameaças de morte caso aconteça a aprovação das vacinas para este grupo de crianças, esperamos que, em breve, também sejam imunizadas.

Aí, sim, Papai Noel vai poder entregar seus presentes com mais tranquilidade.

Só não sabemos ainda se poderá vir sem máscara - já aprendemos que 2 meses é um período longo para fazermos pressuposições sobre esse imprevisível vírus.

Por Dr. Renato Matos 25/10/2021 - 08:14 Atualizado em 25/10/2021 - 08:17

Talvez um dos grandes aprendizados que adquirimos durante a pandemia foi a eficácia das máscaras. Já assimiladas culturalmente por alguns povos asiáticos, mas, até meados do ano passado, a própria Organização Mundial da Saúde ainda não recomendava oficialmente o seu uso. Mas, logo o seu papel ficou claro. Numa doença altamente transmissível, de evolução imprevisível e sem tratamento, a transmissão por via aérea precisava de barreiras que reduzissem a sua propagação. Além dos trabalhos científicos que mostram sua eficiência, é visível na rotina de consultório a sua importância. Costumo brincar com meu filho, também pneumologista, que, se as pessoas continuarem a usar máscaras depois da pandemia, precisaremos mudar de especialidade. 

Máscaras funcionam. Porém, dado o grande impacto das vacinas na redução e gravidade dos casos das infecções por coronavírus, já está na hora de pararmos com seu uso? A experiência de outros países que nos precederam com altos níveis de vacinação mostra que ainda não. Nos EUA, contra a opinião da maioria dos epidemiologistas, o presidente Biden liberou o uso de máscaras. Sabemos no que deu: as infecções aumentaram muito, a mais transmissível variante Delta assumiu o posto e a doença voltou com força. O mesmo aconteceu em Israel e em diversos países europeus.

Aqui, com vacinação atrasada em relação a esses países, apesar de algumas posições políticas contrárias, a máscara e o afastamento físico foram nossas melhores armas. Interessante notar que esse é um dos motivos que os especialistas usam para explicar o menor impacto da variante Delta em nosso país. O não uso de máscaras em ambientes externos por pessoas vacinadas, desde que não haja aglomerações, parece seguro. O problema quando se coloca isso como lei é a sensação do “já passou”. Tomara que sim, mas talvez ainda tenhamos um bom caminho a percorrer.

Por Dr. Renato Matos 21/10/2021 - 11:28 Atualizado em 21/10/2021 - 11:31

Acompanhamos centenas de pacientes com Covid. O medo costuma acompanhar a internação, numa doença que, até alguns meses, tinha - e, agora, em não vacinados, ainda tem - um curso imprevisível.
A piora da falta de ar, o aumento da necessidade de oxigênio, a persistência da febre e, pior, a transferência para a UTI, são eventos devastadores. Tanto para o paciente, como para os familiares.

Na UTI, os sinais de melhora costumam ser lentos, geralmente, medidos em semanas. Tempo de tortura psicológica imensa para todos os envolvidos. Marcou-me, em especial, um caso que não acompanhava como médico.  Mas o irmão do paciente, que conhecia desde a adolescência, ligava com certa frequência para obter informações de como o quadro poderia evoluir. Certo dia, mandou uma mensagem de voz em que relatava a surpreendente melhora do irmão, já com alta prevista para o dia seguinte. Entrou nos detalhes dos preparativos que a filha de 11 anos vinha fazendo, esperando com ansiedade a volta do pai, que já estava longe há semanas. Explodindo de alegria, preparou a casa com carinho, quase uma festinha de aniversário: balões coloridos, cartazes de boas-vindas, docinhos. O pai morreu naquela noite.
Sempre penso nela quando vejo pessoas recusando a vacina pelos mais absurdos motivos. Seus filhos não merecem passar por isso.

Por Dr. Renato Matos 18/10/2021 - 07:56 Atualizado em 18/10/2021 - 07:56

Faço, mais uma vez, uso das palavras do professor Mario Rigatto, agora para saudar todos aqueles que, como nós, foram privilegiados em poder exercer a medicina.
Coisa de médico de antigamente?
Medicina também é uma arte, e, quando de qualidade, não envelhece.
A necessária atualização não prescinde da sensibilidade do artesão, mesmo com o aumento dos intermediários, humanos e tecnológicos.

Vamos ao mestre:

“Estranha profissão é a de médico. 
Dele se pede toda a sensibilidade que um ser humano pode abrigar. 
Para que entenda a linguagem da dor, da angústia, do medo, da desesperança e do sofrimento. 
Para que fale com a alma de seus pacientes. 
Para que transforme tênues fímbrias de esperança no lenho ardente da vontade de viver. 
De pessoa assim tão rica de sentimentos se pede, paradoxalmente, o mais frio domínio das emoções. 
Para que um franzir de cenhos ou um arquear de boca não semeiem, no espírito do paciente, dúvidas e opressões. 
Para que o tremer da mão não imprima, ao bisturi, o erro milimétrico que separa a vida da morte. 
Para que o marejar dos olhos não o prive da clareza meridiana que se pede ao diagnosticista. 
Para que o embargo da voz não roube credulidade a sua mensagem de fé. 
Sempre me pareceu difícil reunir, num mesmo indivíduo, tão nobre textura e tão rude couraça."

Parabéns a todos os colegas.
Continuamos juntos.

Por Dr. Renato Matos 12/10/2021 - 08:06

O governo norte-americano afirmou, no dia 8 passado, que vai permitir a entrada de viajantes internacionais que tenham tomado qualquer uma das vacinas aprovadas pela Organização Mundial da Saúde.
Das 6 vacinas autorizadas pela OMS, agora passaporte vacinal para passear na Disney, 4 estão em uso no Brasil: Pfizer, AstraZeneca, Janssen e, também, a injustiçada CoronaVac.

Mais uma evidência de sua eficácia.
Mais um detalhe: terceira dose não é exclusiva para quem recebeu a Coronavac. Os países que basearam sua vacinação com a Pfizer e a AstraZeneca também estão aplicando a terceira dose para idosos e imunossuprimidos.

Por Dr. Renato Matos 11/10/2021 - 08:35 Atualizado em 11/10/2021 - 08:36

Foi publicado em preprint, há poucos dias, no MedRxiv, “Avaliação de diferentes tipos de máscaras faciais para limitar a disseminação do SARS-CoV-2 – Um Estudo de Modelagem”. 
O estudo foi feito por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) e avaliou o impacto de diferentes tipos de máscaras na incidência de Covid e mortalidade pela doença nos EUA.
A análise mostrou que as máscaras faciais estão associadas a reduções nas taxas de infecção por Covid-19: de 69% (máscaras de tecido) a 78% (máscaras cirúrgicas).
Quando foi avaliado o impacto sobre a mortalidade, houve redução de 82% para as máscaras de tecido comum e 87% para as máscaras cirúrgicas, no período considerado no estudo – 6 meses.
Esses dados reforçam os diversos estudos epidemiológicos, de modelagem matemática e de laboratório, realizados durante a pandemia. 
Máscaras faciais de diversos materiais têm o potencial de reduzir substancialmente a transmissão do SARS-CoV-2, sua eficiência dependendo do tipo e ajuste da máscara e da adoção percentual na população.

E máscaras não reduzem apenas os casos de Covid. 
Segundo a revista Nature, os Estados Unidos registraram apenas 646 mortes por gripe na temporada 2020-21 - a média anual está na casa das dezenas de milhares — e houve apenas uma morte por gripe pediátrica. A Austrália não teve mortes sazonais por gripe até agora em 2021, em comparação com entre 100 e 1.200 em anos anteriores.
Na situação de incerteza que ainda vivemos, o uso de máscaras, associado à vacinação e ao distanciamento físico em lugares pouco ventilados, ainda é fundamental.

Por Dr. Renato Matos 04/10/2021 - 07:42 Atualizado em 04/10/2021 - 07:43

O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi diagnosticado com a Covid no dia 21 de setembro, quando estava em Nova York com a comitiva presidencial.
E, por que, segundo o noticiário, o ministro não pode viajar de volta para o Brasil?
Primeiro, lembrar que o ministro não está cumprindo quarentena, como habitualmente é dito.  
Quarentena é a regra que se aplica a pessoas que tiveram contato próximo e sem medidas adequadas de segurança com alguma pessoa infectada – tradicionalmente de 14 dias, mas já com outros protocolos mais curtos.

Como infectado, o ministro precisa cumprir os dias de isolamento: 10 para casos leves, como parece ser o seu caso.
O problema é que para entrar em aviões comerciais, dependendo da regra do país de destino, é necessário que se apresente um teste negativo de PCR para o SARS-CoV 2, realizado 72 horas antes do embarque.
Séries de literatura mostram que 9,5% dos pacientes permanecem com PCR positivo 30 dias depois do teste inicial e, em alguns casos, a positividade chega a alcançar 3 meses – ou talvez um pouco mais.
Dentro dos conhecimentos atuais, depois de 3 meses, a possibilidade de reinfecção deve ser fortemente considerada.

O PCR para Covid, teste altamente sensível, detecta a presença do material genético do vírus nas secreções respiratórias, mas nada diz a respeito da sua viabilidade – podem ser apenas restos de vírus mortos.
Se o país de destino – ou de retorno – exigir o PCR com antecedência ao embarque, será muito difícil explicar na companhia aérea que aquele é um positivo “residual”.
E caso você se infecte durante a viagem, mesmo assintomático, vai ter que ficar de molho, como o ministro.

Considere esses riscos quando estiver planejando sua próxima viagem.

Por Dr. Renato Matos 30/09/2021 - 14:44 Atualizado em 30/09/2021 - 14:45

Há pouco o New England Journal of Medicine trouxe a experiência israelense sobre a administração de uma dose adicional de vacinas em pessoas que já haviam recebido 2 doses da vacina da Pfizer.
Israel foi um dos primeiros países a alcançar altos índices de vacinação entre seus habitantes. Em março deste ano, metade de sua população já estava “completamente” vacinada.
A incidência da Covid-19 caiu de aproximadamente 900 casos por milhão por dia, em meados de janeiro de 2021, para menos de 2 casos por milhão, em junho de 2021.

No entanto, o surgimento de novas variantes de preocupação (especificamente, a variante delta) levou a um ressurgimento, tanto da infecção confirmada, quanto da doença grave. 
No início de junho, menos de 20 casos de Covid-19 eram diagnosticados por dia. 
Até o final de agosto, mais de 10 mil casos eram confirmados diariamente e mais de 600 pessoas com casos graves estavam internadas.

Em 30 de julho de 2021, a administração de uma terceira dose (“booster”) da vacina Pfizer-BioNTech foi aprovada em Israel para pessoas com mais de 60 anos e que haviam recebido uma segunda dose da vacina pelo menos 5 meses antes.

O trabalho publicado na New England avaliou dados de 1.137.804 pessoas com 60 ou mais anos que haviam sido completamente vacinadas e receberam a dose de reforço contra aqueles que não receberam o reforço. 

Após pelo menos 12 dias depois da dose de reforço, aqueles que receberam a dose adicional tiveram aproximadamente 11 vezes menos infecções confirmadas.
A taxa de doença grave foi menor por um fator de 19,5 vezes. 

Números substancialmente menores, num estudo populacional, que mostram que nessa faixa etária a revacinação é adequada.

Por Dr. Renato Matos 27/09/2021 - 08:39 Atualizado em 27/09/2021 - 08:39

Por definição, surto de Covid-19 é a identificação de pelo menos 3 casos confirmados, associados a uma reunião de pessoas que não morem juntas, sem medidas de proteção e com vínculo temporal, ou seja, casos que ocorreram no intervalo de até de 14 dias.
Numa situação dessas, como deveriam, do ponto de vista sanitário, se comportar os envolvidos?

Antes de mais nada, lembrar que quanto melhor a situação epidemiológica, mais importantes são as medidas de isolamento e quarentena, a fim de identificar e interromper, oportunamente, as possíveis cadeias de transmissão, prevenindo a ocorrência de uma nova onda de casos.
Conforme as normas em vigor, uma pessoa é considerada “contato próximo” se teve exposição ao infectado, sem uso de máscaras, em ambiente fechado, por quinze minutos, ou mais, no período de 24 horas – esses 15 minutos podem ser consecutivos ou em blocos ao longo do dia.

A regra para os infectados é bem conhecida: devem se manter isolados durante 10 dias, desde que permaneçam sem febre nas últimas 24 horas e tenha havido remissão dos sintomas respiratórios.
Imunossuprimidos e casos graves devem manter isolamento de 20 dias

No quesito quarentena – o isolamento daqueles que tiveram exposição ao infectado – há variações.

A recomendação clássica continua sendo os 14 dias depois do último contato, sem necessidade de realizar nenhum exame.

Mas já são considerados outros cenários de encerramento antecipado da quarentena entre os comunicantes assintomáticos:  10 dias sem necessidade de realização de testes ou 7 dias se o teste (PCR ou teste de antígeno), realizado após o quinto dia do último contato sem proteção com o infectado, mostrar-se negativo.

Essas são as recomendações do CDC e já constam em documento da ANVISA.

Ainda está em discussão se mudará o tempo de quarentena para os completamente vacinados, já que mesmo assintomáticos ainda podem transmitir o vírus.

Por Dr. Renato Matos 22/09/2021 - 07:41 Atualizado em 22/09/2021 - 07:42

Há dois dias, a Pfizer anunciou os resultados do estudo que mostrou um perfil adequado de segurança, tolerabilidade e robusta resposta imune em crianças de 5 a 11 anos de idade vacinadas contra a Covid-19 com seu imunizante.

A dose utilizada pelos 2.268 pequenos participantes foi de 10 microgramas, bem abaixo dos 30 microgramas utilizados naqueles acima dos 12 anos.
A Pfizer e sua parceira BioNTech levarão esses dados para serem avaliados pelas agências regulatórias dos EUA (FDA), da União Europeia (EMA) e, “tão logo quanto possível”, para outras. 
Mas as crianças têm um sistema imunológico maduro para tomar essas vacinas?

Lembrar que os recém-nascidos, de preferência ainda no hospital, recebem a vacina BCG, contra a tuberculose, e a primeira dose da vacina contra a hepatite B.
Até os 6 meses, seguindo o calendário da Sociedade Brasileira de Imunizações, as crianças devem ser vacinadas contra sarampo, cachumba, rubéola, Haemophilus influenza, poliomielite, rotavírus, pneumocócica conjugada, meningocócicas conjugadas ACWY/C e B.

Ao completarem 6 meses, já podem receber a vacina contra a Influenza.
Certamente, um sistema imunológico em construção, mas completamente apto a responder a estímulos vacinais.
Inclusive contra a Covid.

Por Dr. Renato Matos 20/09/2021 - 07:59 Atualizado em 20/09/2021 - 08:00

A estratégia do governo Biden, que pretendia iniciar imediatamente a aplicação de uma terceira dose de vacinas para todos os norte-americanos que haviam sido totalmente vacinados há 8 meses, foi rejeitada por um painel de especialistas convocados pelo FDA, que é equivalente à nossa ANVISA.
O placar da votação não deixa dúvidas sobre o posicionamento atual dos membros do comitê: “16 a 2” contra um reforço da Pfizer para pessoas com 16 anos ou mais, sem comorbidades.
"Não está claro que todos precisam ser revacinados, além de um subconjunto da população que claramente estaria em alto risco para doenças graves", disse o Dr. Michael G. Kurilla, membro do comitê e funcionário do Instituto Nacional de Saúde.

Dr. Paul A. Offit, um dos membros do comitê e diretor do Centro de Educação de Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia, questionou se doses extras fariam muito para mudar o curso da pandemia. "Todos concordamos que, se realmente queremos impactar essa pandemia, precisamos vacinar os não vacinados", disse ele.
No entanto, o painel votou por unanimidade a favor da revacinação de idosos, imunossuprimidos ou outros com alto risco de formas graves da Covid.
Os membros do Comitê salientaram também a importância de revacinação dos profissionais de saúde, socorristas e outros trabalhadores mais expostos a Covid.
A FDA tem a palavra final sobre aprovações de vacinas e, embora não seja obrigada a seguir as recomendações do comitê, normalmente o faz.
A reunião "colocou a FDA de volta no banco do motorista", disse a Dra. Luciana Borio, ex-cientista-chefe da agência. O painel de especialistas, disse ela, "foi autorizado a manter sua independência científica. Ele entendeu que havia limitações significativas com os dados apresentados e que a FDA precisa rever os dados cuidadosamente antes de tomar uma decisão."


Adolescentes

Enquanto os norte-americanos discutem se estaria na hora de revacinar com uma dose adicional toda a sua população – os adolescentes, inclusive – aqui tivemos, na semana passada, a infeliz declaração do cardiologista e atual ministro da saúde, Marcelo Cartaxo Queiroga, que ao invés de se desculpar por não ter vacinas suficientes, levantou dúvidas sobre a segurança da vacina da Pfizer em adolescentes.
Sua fala trouxe imediatos protestos de diversas entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Pediatria, Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e a Sociedade Brasileira de Imunizações.
Técnicos da ANVISA, órgão máximo na certificação das vacinas, que já haviam aprovado as vacinas da Pfizer para uso de adolescentes em 12 de junho de 2021, levantaram a possibilidade de renúncia caso a posição do ministro não seja revista.
Frente à escassez de vacinas em nosso país, a prioridade de doses adicionais, aqui considerada a dose de reforço, deve ser dada a grupos com maior risco de complicações - como idosos e imunodeprimidos - e maior exposição ao vírus nos seus locais de trabalho, como os profissionais de saúde, seguindo, logicamente, suas faixas etárias.
Mas logo que tenhamos doses suficientes, que vacinemos o mais rapidamente possível nossos adolescentes. 
E, quando aprovadas – já existem estudos avançados - nossas crianças.
Só assim poderemos quebrar a corrente de contágios que nos devolverá a uma vida mais normal..

Por Dr. Renato Matos 13/09/2021 - 07:47 Atualizado em 13/09/2021 - 07:48

O Reino Unido está se preparando para ser um dos primeiros grandes países do mundo a iniciar um programa de reforço vacinal usando vacinas diferentes – o “mix and match” – combinando vacinas diferentes.
Segundo matéria do Financial Times, de 10 de setembro, os britânicos devem receber uma terceira dose diferente das suas 2 doses iniciais, levando em consideração os estudos que mostram que essa vacinação heteróloga promove uma proteção maior contra a Covid-19.
A decisão leva em conta pesquisas que indicam que a proteção contra infecção sintomática gerada pelos imunizantes da BioNTech/Pfizer e da Oxford/AstraZeneca diminui de quatro a seis meses após a segunda dose.
O programa britânico inicial de vacinação usou preferencialmente a vacina da AstraZeneca, que tem sido menos eficaz contra a variante Delta do que a vacina da Pfizer, apesar de sua proteção declinar mais lentamente. 
Estudos preliminares realizados pela Universidade de Oxford, publicados em junho, realçaram que pessoas que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca e a segunda da Pfizer tiveram títulos de anticorpos nove vezes maiores do que aqueles apresentados por quem recebeu as duas doses da AstraZeneca.

Israel e Estados Unidos, que tem seus programas de vacinação baseados no imunizante da Pfizer, apostam numa terceira dose do mesmo imunizante.
A Turquia e Tailândia, cuja vacinação foi baseada na Coronavac, devem oferecer uma dose adicional da Pfizer.

Seguindo a tendência britânica, nosso Ministério da Saúde já anunciou que as doses de reforço serão feitas preferencialmente com a vacina da Pfizer.
Na falta dessa, Janssen ou AstraZeneca.
   

Há controvérsias

A mostrar que as decisões sobre vacinas não são unânimes, a Professora Sarah Gilbert, da Universidade de Oxford, que liderou o desenvolvimento da vacina AstraZeneca, disse na quinta-feira que uma terceira dose é desnecessária para a maioria das pessoas.
Na visão da cientista, que ficou conhecida do grande público ao ser aplaudida de pé pela torcida durante a partida de abertura de Wimbledon, as doses de reforço devem ser priorizadas apenas para os imunocomprometidos e idosos, porque na maioria das pessoas, a imunidade de duas doses está se mantendo. "Precisamos levar vacinas para países onde poucas pessoas foram vacinadas até agora", disse ela. "Temos que fazer melhor nesse sentido. A primeira dose tem mais impacto."

Por Dr. Renato Matos 06/09/2021 - 09:07 Atualizado em 06/09/2021 - 09:08

O assunto entrou na pauta após o relato de um cantor sertanejo que, pelas redes sociais, divulgou ter sido submetido ao procedimento, aparentemente satisfeito com o resultado.
A Clínica de Blumenau, que realizou a intervenção, já tem uma longa fila de espera, com cirurgias sendo marcadas somente para outubro.
Frente à repercussão do caso, o que dizem as Sociedades de Especialidades?

As Câmaras Técnicas de Urologia e Cirurgia Plástica do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina revisaram as evidências científicas relacionadas aos procedimentos médicos de aumento peniano.
Em nota conjunta, os especialistas consideraram que “embora seja uma queixa que mereça atenção dos médicos quando procurados, as opções de tratamento descritas até hoje são consideradas ineficazes ou muito arriscadas e inseguras para serem realizadas com finalidade exclusivamente estética, em homens cujos pênis têm dimensões consideradas normais”.

Nesse sentido, já existe um parecer prévio da Sociedade Brasileira de Urologia.
“Várias técnicas de alongamento e/ou aumento da espessura peniana têm sido descritas, mas nenhuma se mostrou efetiva e segura”
“O índice de complicações (como fibrose peniana, disfunção erétil ou mesmo infecções graves) e insatisfações com estes procedimentos de aumento peniano é bastante alto”.
“A orientação ética e honesta é não operar estes pacientes, e sim tratar seu transtorno psicológico/emocional”. 

Mesmo numa época de desconsideração por evidências científicas, cuidado com promessas milagrosas.
Afinal de contas, se der problema...

Por Dr. Renato Matos 02/09/2021 - 07:43 Atualizado em 02/09/2021 - 07:44

Convenção-Quadro é um instrumento legal, sob forma de um tratado internacional, no qual os estados signatários concordam em empreender esforços em conjunto para combater determinadas ameaças às suas populações.

A Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para Controle do Tabaco foi o primeiro tratado internacional de saúde pública da história da OMS. 
Representa um instrumento de resposta dos 192 países membros à epidemia do tabagismo em todo mundo. 
O Brasil faz parte desse tratado.

Considerada um marco histórico para a saúde pública mundial, a Convenção-Quadro da OMS determina a adoção de medidas intersetoriais nas áreas de propaganda, publicidade, patrocínio, advertências sanitárias, tabagismo passivo, tratamento de fumantes, comércio ilegal, preços e impostos.

Na última sexta-feira (27/08), a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública com entidades médicas, incluindo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), com o objetivo de debater a inclusão do imposto seletivo sobre o tabaco na reforma tributária.
“Atualmente, a arrecadação de impostos sobre produtos do tabaco gera uma renda para o governo de R$ 12 bilhões por ano. Porém, a conta não fecha. Como se trata de uma substância lesiva para a saúde e o meio ambiente, é preciso aumentar essa tributação e equilibrar os gastos de saúde pública com o tabagismo, que atualmente são de R$ 125 bilhões por ano”, explica o coordenador da Comissão de Tabagismo da SBPT, dr. Paulo Corrêa, que representou a Sociedade na reunião.

A ideia é destinar o valor arrecadado para ações de prevenção e tratamento do tabagismo, que é responsável pelo desenvolvimento de mais de 60 tipos de doenças e que causa a morte de aproximadamente 428 pessoas todos os dias no Brasil.

Vamos acompanhar qual lobby terá mais força.  

Saúde ou “forças do mercado”?

Por Dr. Renato Matos 30/08/2021 - 08:19 Atualizado em 30/08/2021 - 08:22

As evidências estão ficando mais claras: estudos populacionais bem conduzidos têm mostrado que, ao longo dos meses, a proteção induzida pelas vacinas contra o SARS-CoV2 decai. 
Essa queda se faz mais marcada em pessoas acima de 70 anos e em imunossuprimidos, como é habitual também com outras vacinas.

A campanha de vacinação contra a Covid-19 iniciou-se no Brasil em meados de janeiro pelos grupos mais vulneráveis e profissionais de saúde, força de trabalho essencial para a manutenção dos atendimentos – já se vão 7 meses desse início. 

A vacinação tem sido um sucesso, com apoio de todos os imunizantes utilizados. 

Apesar do relaxamento das importantes medidas sanitárias, temos observado uma marcada redução do número de internação e mortes em todo o país.

Os hospitais de Criciúma, que passaram os últimos meses com aproximadamente 200 internados com a doença, têm se mantido nos últimos dias com menos de 20.

Apesar da elevada cobertura vacinal com doses completas da população idosa e dos imunossuprimidos, eles continuam sendo os que mais têm apresentado quadros graves da doença.

Assim sendo, o Ministério da Saúde optou por adotar a administração, a partir de 15 de setembro, de uma dose de reforço da vacina para todas as pessoas acima de 70 anos e para aqueles com alto grau de imunossupressão – há lista detalhada anexada ao documento.

O estado de Santa Catarina quer iniciar este reforço já no início de setembro.

Essa dose adicional deverá ser administrada 6 meses após a última dose do esquema vacinal (segunda dose ou dose única da Janssen), independente do imunizante aplicado.
Pelo plano do Ministério da Saúde, a vacina a ser utilizada para a dose adicional deverá ser, preferencialmente, da plataforma de RNA mensageiro (Pfizer) ou, de maneira alternativa, vacina de vetor viral (Janssen ou AstraZeneca).

Alguns pesquisadores defendem que profissionais da área de saúde acima de 60 anos, trabalhando no atendimento direto a pacientes com Covid-19, também deveriam ser contemplados. 
Não por mérito pelos serviços prestados, mas por estarem muito mais expostos ao vírus no seu dia de trabalho.

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