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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Arthur Lessa 10/12/2021 - 15:08 Atualizado em 10/12/2021 - 15:09

Imagine que você está numa sala com outras 30 pessoas e um leilão está para começar. O objeto apregoado é uma nota de US$ 1. E, como em qualquer leilão, leva o prêmio quem der o maior lance. Sendo assim, é bastante simples enxergar que há uma espécie de teto para os lances. Se o vencedor ofertar 60 centavos, são 40 centavos de lucro. Chegando ao lance de US$ 1, não há motivo para continuar, tendo em vista que a partir desse ponto o único resultado possível é o prejuízo, que cresce a cada oferta.

Mas esse leilão tem uma regra diferente, bastante simples, mas que altera completamente a dinâmica do jogo: o melhor lance paga o que ofereceu e leva a nota, enquanto o segundo melhor paga a própria oferta e não leva nada.

Esse leilão foi levado à prática diversas vezes pelo professor de economia Max Bazerman, autor do livro Negociando Racionalmente. No caso contado abaixo o objeto em disputa era uma nota de US$20. Os resultados são impressionantes!

Fizemos esse leilão com banqueiros da área de investimentos, consultores, médicos, professores, sócios das grandes seis empresas de auditoria, advogados e executivos de diversas áreas. As regras eram sempre as mesmas. Os lances começam rápida e ferozmente até chegarem à faixa de $12 e $16. Nesse ponto, todos, exceto os dois maiores arrematadores, caem fora. Os dois últimos arrematadores caíram na armadilha. Se um fez um lance de $16 e o outro de $17, o proponente de $16 pode fazer um lance de $18 ou arcar com uma perda de $16.

Nesse estágio, um deles acha que pode ganhar se a outra pessoa desistir. Como pode ser mais atraente continuar do que assumir tamanha perda, então o arrematador faz o lance de $18. Quando os lances são de $19 e $20, surpreendentemente, a lógica de arrematar por $21 é muito semelhante à usada para tomar as decisões anteriores — você pode aceitar uma perda de $19 ou continuar com a esperança de reduzir as perdas. Claro, o resto do grupo racha de rir quando os lances superam os $20 — e isso quase sempre ocorre. Obviamente, os arrematadores estão agindo irracionalmente.

Mas quais são os lances irracionais? Leitores céticos deveriam experimentar fazer o leilão com seus amigos, colegas de trabalho ou alunos. São muito comuns lances finais na faixa de $30 e $70, mas nosso leilão de maior sucesso chegou a $407 (os lances finais foram de $204 e $203). Nos últimos quatro anos já ganhamos mais de U$10.000 fazendo esses leilões em salas de aula.

Essa lógica se aplica também no mundo corporativo, principalmente em setores chamados de winner takes all (“vencedor leva tudo”), onde o sucesso se baseia mais em dominar o mercado que nas margens de resultado, como no caso das redes sociais.

Não sei quem está lendo esse texto agora, mas vou me arriscar a dizer que você tem conta no Facebook, no Instagram e no Twitter. Possivelmente também o LinkedIn. Posso ter errado sobre todas, mas uma ou outra você certamente tem. Muita gente interage por essas plataformas, e o faz exatamente porque muita gente está nelas. É um ciclo virtuoso, onde quanto mais clientes ativos, mais clientes novos.

No Whatsapp é a mesma coisa. Como plataforma, eu prefiro sensivelmente o Telegram, mas é pelo “zap zap” que eu converso desde clientes de São Paulo até a minha tia do interior do Paraná.

Outro exemplo é o Google+. Você lembra dele? Pois é… Eu tive que puxar forte da memória!

O Google+ foi uma rede social criada em 2011 para concorrer com o Facebook. Mas a plataforma do Zuckerberg já tinha naquele ano mais de 800 milhões de contas. Só no Brasil eram 35 milhões (17,7% da população na época). O Google, mesmo já muito poderoso, não conseguiu competir e o projeto foi oficialmente encerrado em 2019.

São vários os setores que seguem essa lógica, quase sempre são negócios escaláveis e digitais. Por isso você vê e-commerces oferecendo frete grátis, corretoras de investimento ofecerendo dinheiro (de verdade, na conta) para você abrir conta e outras táticas como essas. É, na prática, comprar mercado e, sendo o ganhador, leva tudo.

Por Arthur Lessa 03/12/2021 - 16:24 Atualizado em 03/12/2021 - 16:35

O ser humano gosta de uma mirabolância (sim, essa palavra existe… eu me certifiquei)!

Quanto mais complexa uma explicação sobre algum tema, mais brilham os olhos dos ouvintes e mais especialista parece o orador. Para cada novo termo técnico, um novo “uau”.

Entenda que não estou desprezando a ciência, as estratégias, ferramentas, modelos e métodos que os profissionais de diversos setores vem desenvolvendo e aprimorando no decorrer de décadas ou séculos. Mas é bom sempre ter em mente que, muitas vezes, essas camadas não passam de pirotecnia, compondo mais uma narrativa que um método.

Eu quero falar do simples! Eu adoro o simples! Eu acho que o mais genial no processo de resolução de um problema ou desenvolvimento de um produto é fazê-lo simples. Eu gosto (com certa inveja “branca”) da sensação de “como não pensei nisso antes? Era tão simples!”

Vamos pegar, para exemplo, a prática de vender publicidade, algo que acompanho há anos de fora. Existem centenas de técnicas, seja para busca de clientes-alvo, como funil de vendas e landing pages, seja para a abordagem, com palavras-chave, programação neurolinguística, postura correta e afins. Tudo certo, tudo útil (se bem utilizado), mas o que mais importante é simples: conheça o seu cliente, entenda o problema que seu produto ou serviço pode resolver e apresente o valor dessa solução. Ouça, converse, apresente.

É simples! Aprendemos a conversar pouco na mesma época que saímos das fraldas. Os outros “apetrechos” podem ser incorporados depois, para otimizar tempo e controle de desempenho. Mas só funcionam se o básico (e simples) estiver funcionando. O melhor funil de vendas não vai ajudar que você venda areia no deserto.

Mudando de ares, vamos para a final da Taça Libertadores da América 2021, maior campeonato de clubes de futebol do continente. Dois times brasileiros se enfrentando. Empate de 1x1 no tempo normal, jogo na prorrogação. Andreas Pereira, jogador disputado pelas seleções da Bélgica e Brasil, emprestado ao Flamengo, recebe a bola sem pressão e se “embanana”. Deyverson, do Palmeiras, pega a bola, entra na área e faz o gol do título.

Andreas falhou porque pensou demais, complicou o que era simples. Recebeu a bola sozinho, poderia ter só jogado pra frente e tirado da área de perigo, mas demorou e condenou a equipe. É nesse tipo de lance que soam nas arquibancadas, bares e sofás: “Joga simples!”

Dei acima dois exemplos de como o simples é poderoso. Mas, se você olhar pro título, ele não é fácil. E vamos entrar nisso.

No caso de Andreas, por exemplo, eu estava numa mesa de amigos assistindo ao jogo, milhares de quilômetros distante de Montevidéu, onde aconteceu a final. Nem torço para nenhum dos times. Estava matando tempo.

Ele, pelo contrário, estava sendo observado por dezenas de milhares de pessoas in loco, além de milhões de torcedores flamenguistas ou curiosos (como eu) à distância. Já eram mais de 100 minutos de jogo intenso, ele estava cansado, fisica e mentalmente. Um distração, destino traçado. Jogar futebol não é complexo, mas é difícil.

Administrar suas finanças não é complexo. Gaste menos do que recebe e invista parte disso. Matemática básica, de ensino primário. Assim se constrói patrimônio, de pouco em pouco, como ensinam vários livros espalhados pelo mundo. “Invista 10% do que você ganha e fique rico”. Simples, não? Mas temos desejos, ambições e necessidades,… Difícil, não?

Tem uma anedota bem antiga que eu gosto muito e ilustra esse caso. Um cidadão está tranquilo fumando quando outro chega e começa o diálogo:

- Você fuma há quanto tempo?
- Uns 30 anos…
- Você sabia que, se tivesse guardado todo dinheiro que gastou com cigarro, você hoje teria uma Ferrari?
- Você fuma?
- Nunca coloquei um cigarro na boca!
- E cadê a sua Ferrari?

Por Arthur Lessa 02/12/2021 - 09:07 Atualizado em 02/12/2021 - 14:11

Todo investidor que se dá o trabalho de estudar ou pesquisar algo sobre investimentos em Bolsa de Valores se depara, logo cedo, com um dos mais conhecidos mantras do Mercado, atribuído a Warren Buffett: “compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”.

A frase tem um sentido bastante simples, na verdade: Compre na baixa, venda na alta. Mas, pra simplificar ainda mais, vamos antes falar de uma característica do mercado de renda variável: ele “vareia”. Mais do que isso, se move em ciclos, subindo e descendo. E note pela imagem que são ciclos dentro de ciclos.

Existem diversos fatores que interferem nesse comportamento cíclico da economia, que acontece também nas taxas de desemprego, crescimento de PIB, taxas de juros e tal. Mas o foco aqui são os efeitos deles na psicologia de investimentos. Veja na imagem seguinte que estes ciclos vão do pico da Euforia, quando tudo sobe e os preços dos ativos vão às alturas, ao fosso da Depressão, quando tudo cai todo dia e parece que você nunca deveria ter acreditado nessa história de “apostar na Bolsa”.

No pico tocam violinos, enquanto no fosso só se ouvem canhões.

De 2018 até hoje, o número de investidores se multiplicou em cerca de cinco vezes. Um dos motivos deve ser a valorização de mais de 100% registrada entre o fim de 2017 e o começo de 2020, pouco antes da Crise da Covid-19. De dezembro de 2017 a dezembro de 2018, foram 50% de valorização.

Aí você vê seu vizinho com essa rentabilidade toda, enquanto suas seguras aplicações em renda fixa seguiram uma Selic que derreteu lentamente de 7% para 4,5% ao ano, pouco tempo depois de se manter em 14,25% a.a. por 13 meses (2015/2016). A providência é uma só: “Vou entrar nessa festa!”. Estamos subindo a ladeira para a Euforia.

Tudo bem, tudo bom. A Selic seguiu caindo, passou meses no patamar de 2% a.a., e as excursões para a B3 seguiram mais lotadas. A própria crise trouxe várias barganhas no meio de 2020 e deixou tudo mais atraente. Mas… Malditos ciclos!

Após os sucessivos circuit breaks do primeiro semestre do ano passado, vimos o índice Bovespa dobrando de março de 2020 a junho de 2021 (15 meses) e, desde então, queda de 20%. Depois da festa, estamos na ressaca. Daquelas que, além de acordar mal, você vai piorando nas horas seguintes.

Onde estamos agora no gráfico acima? Não sei ao certo… Nunca sabemos no momento quando chegamos no fundo, na Depressão. Mas acredito que devemos estar perto do Pânico, talvez chegando, talvez já rumando para o Desânimo.

Mas voltemos ao mantra. E como é difícil segui-lo!

Primeiramente porque é preciso tomar atitudes contraintuitivas. O natural é fazer o contrário. É olhar os R$ 10.000 que você converteu em ações virando R$ 15.000 e comprar mais, porque você “sabe” que ele vai crescer. Por outro lado, ao ver o mesmo investimento reduzido a 7.500 você vai vender esses “papéis micados” antes que perca tudo. Aí o movimento é o que a imagem abaixo ilustra.

Agora é a prova de fogo. Se quiser continuar, é preciso pegar o seu dinheiro e investi-lo em algo que provavelmente vai desvalorizar agora, para dar frutos no futuro, no sentido oposto do ciclo. É comprar uma ação enquanto as vozes ao seu redor afirmam que a empresa está em vias de quebrar. Ou a Bolsa vai quebrar. Ou o Brasil vai quebrar!

Os grandes rendimentos só são vistos quando olhamos em retrospectiva, sempre iniciando em momentos de crise, quando os ativos (ações e FIIs) estavam muito baratos porque ninguém queria, quem confiou nas suas convicções colheu os rendimentos.

Como está a sua convicção? Se está em dia, escolha boas empresas, feche o home broker e só abra no Natal (de 2023, 2025 ou um pouco mais...)

Por Arthur Lessa 09/11/2021 - 11:48

Lembro que quando eu era criança, uma única barra de chocolate era suficiente para saciar uma turma de crianças. Quando era para uma ou duas apenas, era normal que fosse consumida em períodos, guardando um pouco para depois. Afinal de contas, uma barra de chocolate é muita coisa pra comer sozinho, certo? 

Hoje em dia, se eu abro uma barra lá em casa ela dura minutos. Dependendo da situação,  nós (dois adultos e uma criança) dão conta de duas barras tranquilamente. Mas por que essa diferença? Será que desenvolvi uma gula irresistível nesses anos ou perdemos a noção de limite? Nem uma coisa, nem outra. O problema é a barra.

Quando citei a barra da minha infância (anos 90s), eu estava falando de uma tábua espessa de 200 gramas divididos em quadrados grandes. Quando vemos hoje nas gôndolas, estamos falando de uma embalagem tímida, de 90 gramas e com conteúdo tão fino que não é incomum que algumas das barras quebrem pelo simples manuseio. Para se ter uma ideia melhor, para juntar 1 kg de chocolate precisávamos apenas de cinco barras. Atualmente onze não são suficientes. 

Essa redução de porções tem um nome: reduflação (shrinkflation, em inglês). E acontece não só com chocolate, mas também com papel higiênico, pasta de dente e diversos outros produtos.

Uma barra é uma barra

Estamos vivendo, por conta da crise econômica desencadeada pela pandemia de 2020 (e mal enfrentada pela equipe econômica), um período de inflação sensível e doída. O IPCA está acumulado em 10,25% nos últimos 12 meses, a  gasolina, em Criciúma, acumulou alta de mais de 43% apenas em 2021, o patinho (corte de carne comum na mesa dos brasileiros) subiu cerca de 30% e por aí vai. 

Essa onda de aumentos atinge a todos (de fornecedores a consumidores finais) e, invariavelmente, deve ser repassada para o preço dos produtos finais. Caso contrário, as margens dos elos da cadeia produtiva se reduzem a ponto de não valer a pena produzir. 

Admita que você está desconfortável com essa situação. Ver os preços subindo dói, causa raiva, “dá ranço”. É um efeito psicológico baseado em vieses comportamentais, sendo o principal deles a ancoragem, que é quando você se baseia num valor anterior para avaliar o valor atual. Algo como “35º nem é tão calor já que aqui a temperatura chega a 42º”. 

Sabendo disso, alguns setores da economia acabaram encontrando há alguns anos uma maneira de tapear o cérebro do consumidor. Se o que incomoda é o aumento do preço, é só deixar o preço como está. Genial, não? 

Mas a inflação é real, é preciso administrar as margens, que se achatam, e tudo aquilo que eu expliquei acima. Como fazer isso sem mexer no preço? Reduzindo as porções. Afinal de contas, inconscientemente, entendemos que pagávamos R$ 5 por uma barra de chocolate e continuamos pagando R$ 5 por uma barra de chocolate. A redução de mais de 50% no tamanho dessa barra é menos perceptível ao longo do tempo. 

Em 2017, em uma matéria sobre o tema para a revista Exame, Renata Martins, analista de pesquisa e especialista em alimentos embalados da Euromonitor, explicou que “ao reduzir o tamanho das embalagens, o custo (do produto) por quilo ou litro se torna maior, mas o consumidor não sente tanto essa diferença no bolso”.

E nessa explicação da Renata fica claro outro ponto importante para a prática: funciona com embalados, principalmente aqueles que não são porcionados em um ou meio quilograma. 

Gasolina, verduras, frutas e carne são, via de regra, vendidos a granel, por peso ou volume. Um litro de gasolina é um litro de gasolina. Não dá para reduzir a embalagem para 750 ml e vender pelo mesmo preço. Ao comprar uma peça de picanha, mesmo que esteja embalada na gôndola, é escolhida por peso. 

Um item básico que comporta esse tipo de estratégia, e já foi até destaque no Jornal Nacional, é o papel higiênico. No início dos anos 2000 tiveram os rolos reduzidos de 40 para 30 metros. 25% de redução não é pouca coisa. Atualmente há registros de consumidores reclamando de marcas vendendo rolos de 20 metros. 

Outros produtos que merecem destaque por reduções recentes são farofa pronta (200g para 170g) e farelo de aveia (200g para 165g).

Vale ressaltar que cortar o tamanho das embalagens não fere o código de defesa do consumidor, desde que os rótulos deixem claro que houve a redução e de quanto. Essas informações devem ficar disponíveis por pelo menos três meses, segundo o Procon. 

Tudo bem, tudo bom, mas não mostrei ainda como entender o efeito. Em 2010, segundo um encarte da época, um pacote de 154g da bolacha recheada Trakinas custava R$ 1,38. Hoje o pacote está com 126g (18% menor) e custa R$ 2,39 (73% a mais). Se igualarmos o tamanho, voltando aos 154g de 11 anos atrás, o pacote hoje custaria R$ 2,92 (112% de aumento). Essa é a magia da reduflação.

Por Arthur Lessa 07/11/2021 - 18:37 Atualizado em 08/11/2021 - 01:09

Imagina você, todo “nicolas-cagezinho” andando pelo deck quando, não mais que de repente, cai na piscina e morre afogado. A causa pode ser um momento mais produtivo do ator americano Nicolas Cage.

Se não acredita em mim, olhe o gráfico!

E tem mais!

Você acredita que investir em ciência aumenta os casos de suicídio por asfixia?

Não? Então olhe o gráfico abaixo!

Esse cruzamento de dados é chamado de várias maneiras, mas uma das mais objetiva é correlação espúria. E nós as criamos diversas vezes e, em muitas delas, firmamos argumentos convictos baseados nelas.

Um dos exemplos deste ano aconteceu na Eurocopa, quando Cristiano Ronaldo trocou uma garrafa de Coca Cola por uma de água ao início de uma coletiva. O episódio deu oportunidade para manchetes chocantes como essa, do Lance!:

Mas se olharmos na matéria, já é possível ver que a relação está um tanto forçada. Começando pela queda “brutal” de… 1,6%.

De verdade… 1,6% na B3 é quase andar de lado. Não dá nem emoção. E é completamente comum e esperado da renda variável, que tem esse nome porque varia. Se fosse uma small cap como a catarinense Intelbrás, por exemplo, o mesmo percentual de queda representaria uma desvalorização de pouco mais de R$ 145 milhões. 

Acontece que a Coca Cola tem valor de mercado de US$ 235 bilhões (em torno de R$ 1,3 trilhão), enquanto a Intelbrás superou há pouco os R$ 9 bilhões (menos de 4% o valor da americana). 

Mas, como hoje é dia de gráficos, olhem uma imagem mais espaçada do movimento da KO (ticker da Coca Cola Company na Bolsa de Nova Iorque) com cada ponto marcando o preço de fechamento do dia, de 24 de maio a 16 de julho. Veja se a queda tão anunciada realmente chamaria a sua atenção não fosse o círculo preto que eu acrescentei para apontar o dia em questão.

Peguei você, esse é o dia 15 de junho. A tal queda aconteceu no dia 14, que é o ponto anterior.

Note que a ação, mesmo neste curto período do corte, vinha de um preço abaixo dos US$ 55, deu duas “passeadas” acima dos US$ 56, desceu abaixo dos US$ 54 e fez a máxima dias depois. Variou, subiu, desceu e seguiu a vida.

Nesse contexto, o gesto de Cristiano Ronaldo fez diferença? Não sei… Mas, se fez, foi irrelevante no contexto geral. 

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Não deixe os dados pensarem por você

Ouvi nessa semana uma frase do palestrante e mentor Romeo Busarello que é muito boa pra esse contexto: “o conteúdo é rei, mas o contexto é Deus”.

O contexto dessa fala dele é um vídeo onde ele explica como usa métricas, dados e correlações para impulsionar uma campanha de venda de apartamentos, mas se aplica ao assunto acima também.

As informações estão aí. Podem estar claras ou precisarem de alguma mineração, mas nunca se teve tanto a acesso a insumos para ideias. O problema é deixar um grande volume delas virar um rio, que te leva ao seu bel prazer, quando não te afoga. 

As informações dos primeiros gráficos dessa página são reais, mas não há ligação alguma entre eles. Eles apenas, casualmente, tiveram comportamentos semelhantes. 

Sendo assim, o alerta que eu deixo é: não confunda causalidade (quando há relação real entre causa e efeito) com casualidade (quando não passa de coincidência).

E, pra fechar, se quiser se divertir mais um pouco com esse tema, busque no Google: Maldição Ramsey.

Por Arthur Lessa 05/11/2021 - 10:08 Atualizado em 05/11/2021 - 10:18

Em meio às incertezas que assombram a economia nesse fim de 2021, a Wise Investimentos trouxe a Criciúma o economista Álvaro Frasson, responsável pelas análises macroeconômicas e políticas do BTG Pactual, para um painel sobre o cenário atual e expectativa futura da economia brasileira. O evento, para clientes e convidados, aconteceu nesta quinta-feira, 4, no condomínio San Simoni.

Entre os pontos principais abordados por Frasson está a inflação, que não atinge apenas o Brasil, mas o mundo. A diferença, segundo ele, é que cada país sofre um impacto e tem uma atitude diferente frente a essa situação. Ao ser questionado sobre o motivo de um país como os Estados Unidos ter inflação alta com juros baixos e no Brasil ser necessário elevar a Selic para conter a inflação, Frasson destaca dois pontos "eles tem controle sobre o maior lastro do mundo, que é o dólar, e tem investment grade [classificação de segurança para investimentos]".

O investment grade, inclusive, é um dos motivos para o desempenho abaixo do ideal da Bolsa brasileira. "Lá eles tem nota AAA+, aqui temos BB-. Essa diferença tira muito investimento daqui. Quando o Brasil tinha investment grade, até 2013, eles olhavam pra cá e viam um investimento seguro com juros a 12% a.a. e riam", lembra Frasson.

Sobre o câmbio, assunto que abriu a palestra, o economista destacou que o Real é a terceira moeda que mais desvalorizou em 2021 num grupo de 24 países emergentes. "Os outros foram a Aregentina, que nem preciso falar os problemas que tem enfrentado, e a Turquia, onde o presidente troca sempre que quer o presidente do Banco Central. Fora eles, somos a pior moeda". Frente a esse fato, e mesmo após ilustrar o cenário atual brasileiro e o que pode acontecer em 2022 com as Eleições para presidente, Frasson afirmou seguramente que tentar adivinhar o câmbio para um, dois, 10 anos, é "achologia". Existe uma piada no Mercado que diz que 'câmbio' surgiu pra fazer com que os economistas sejam humildes".

 

Por Arthur Lessa 04/11/2021 - 09:23 Atualizado em 04/11/2021 - 12:46

O Nubank é hoje o maior player da nova leva de instituições que tem tirado os bancos tradicionais da zona de conforto. Ao contrário do Banco Inter, por exemplo, o Nubank já nasceu digital e nem gosta de ser chamado de banco, mesmo oferecendo, cada vez mais, serviços bancários (empréstimo, CDB, seguro,...). É uma espécie de suco do Chaves, que é de limão, parece de tamarindo mas tem gosto de groselha.

Com uma estratégia mais que bem sucedida de posicionamento de marketing, apresentando um novo modelo de relação com o cliente e com um base de cerca de 24 milhões de cadastros, a fintech já pode ser consolidada no mercado financeiro e dará o próximo passo: IPO.

Onde abrir capital?

Na ultima segunda-feira (1º), o Nubank anunciou que fez pedido de registro na SEC (Securities and Exchange Commission) para a realização de seu IPO na NYSE (Bolsa de Nova Iorque). Simultaneamente, a empresa entrou com pedido de listagem no Brasil. Com isso, ao mesmo tempo que forem iniciadas as negociações na NYSE, os BDRs começam a circular na B3 (Bolsa de São Paulo), diferente, por exemplo, da XP Inc, que demorou quase dois anos entre os dois movimentos.

Assim como XP, Stone e PagSeguro, o roxinho também fará sua abertura de capital original nos EUA. Mas, ao contrário dos compatriotas, após ser disputado pelas principais Bolsas do país, escolheu a NYSE (New York Securities Exchange), mais tradicional que a NASDAQ, que é focada em tecnologia e conta com Google, Facebook, Uber e afins. Já a Nyse conta com a economia mais "física", com destaques como Bank of America, Boeing, Chevron.

Mais que o Nubank

Vale ressaltar que, assim como o IPO da XP Inc não foi só abertura de capital da corretora de mesmo nome (a empresa tem também as corretoras Clear e Rico, o site Infomoney e a research Spiti), esse IPO será da Nu Holdings Ltd., que  é a empresa-mãe dos vários outros Nus (Nubank Brasil, Nu Colômbia, Nu México, Nu Invest…). 

Tickers

Aproveitando a maior liberdade oferecida no mercado norte-americano (na B3 precisa ter 4 caracteres e um número), nos EUA o ticker do Nubank será NU e a stock deve estrear com preço entre US$ 10 e US$ 11. No Brasil, cada BDR representará 1/6 da NU e o ticker será NUBR33, com preço inicial esperado entre R$ 9,25 e R$ 10,39.

Início das negociações

No prospecto não está claro o início das negociações na NYSE, mas, partindo do principio de que a empresa vai abrir negociação simultânea nos dois países, vamos nos basear no cronograma do BDR, que define:
07/12/21 - Encerramento do período de reservas
08/12/21 - Fixação do preço
09/12/21 - Início das negociações na B3 

BDRs de brinde

O que tem chamado muito a atenção na oferta é a possibilidade de os clientes do Nubank receberem gratuitamente um BDR NUBR33 apenas respeitando alguns requisitos nada restritivos. Segundo o blog da fintech, é preciso "ser um cliente ativo, ter uma conta do Nubank que não esteja bloqueada para transações, não estar inadimplente por mais de oito dias corridos e ter realizado ou recebido pelo menos uma operação em qualquer produto do Nubank nos últimos 30 dias antes de aderir ao programa". 

O pedido poderá ser feito a partir do dia 9 de novembro pelo próprio aplicativo do Nubank. Em comunicado, a empresa reforça também que esses produtos são do Nubank, e não Nu Invest, que é o nome da Easynvest, adquirida em setembro de 2020, desde agosto de 2021.

Esse, inclusive, foi um ponto que criou certa polêmica (descabida, na minha opinião). Muitos analistas e influenciadores, em suas redes sociais, afirmaram que essa prática poderia ser usada para inflar o artificialmente o contingente de investidores da empresa, poderia criar problema para aqueles que receberiam sem querer as ações e não saberiam o que fazer (como declarar IR, por exemplo) e coisas do tipo.

Vale ressaltar que a adesão ao programa não é compulsória, não vai aparecer uma ação na conta do cidadão "do nada". Quem quiser, pede. Provavelmente (saberemos no dia 9) no pedido o investidor apontará em que conta de que corretora deve ser alocado o ativo. Talvez seja necessário que o investidor abra uma conta no Nu Invest, mas a plataforma está "fora" da campanha. 

Para mais informações sobre a campanha, intitulado NuSócios, acesse o Blog do Nubank.

Prospectos diferentes

Ainda sobre os IPOs, agora entrando em algo mais técnico, vale destacar algumas mudanças identificadas pelo site Brazil Journal.

Sobre a relação da cantora e empresária Anitta com a empresa, da qual é conselheira, o prospecto em inglês, encaminhado à SEC, detalha o contrato de R$ 36 milhões com a empresa Rodamoinho, controlada por Larissa Macedo Machado (Anitta), foi fechado em 30 de junho de 2021, com duração de cinco anos, em troca de serviços de marketing e publicidade. Já o prospecto em português economiza palavras e sequer cita o nome de Anitta (ou Larissa).

Outro fato importante que foi amplamente divulgado, mas parece ter sido esquecido nos prospectos, é o tamanho da participação da Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, que aportou US$ 500 milhões há poucos meses. Segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal,  "o investimento de Buffett foi na forma de preferred equity [um tipo de dívida com retorno garantido], e não common stock, a ação ordinária, que expõe o investidor 100% ao risco do negócio".

Por Arthur Lessa 01/11/2021 - 10:26 Atualizado em 01/11/2021 - 11:13

Bom dia!

Hoje é 1º de novembro, uma segunda-feira ilhada entre fim de semana e feriado de Finados, mas o jogo segue! 

Além disso, já que estamos em novembro, o olhar já tem que ser lançado a 2022. Sim, mesmo ainda tentando digerir 2020, o tempo não para!

Um dos destaques de hoje é o Boletim Focus, do Banco Central, que segue apresentando piora nas expectativas do mercado.

Como estamos muito próximos do fim do ano, as mudanças de uma semana pra outra são mínimas. Para melhor entendimento da tendência, vamos olhar na janela de quatro semanas. 
IPCA subiu de 8,51% para 9,17% (hoje está em 10,37%)
IGPM subiu de 17,67% para 18,28%
Crescimento do PIB de 5,04% para 4,94%
Câmbio de R$ 5,20 para R$ 5,50
Selic de 8,25% para 9,25%

Já para 2022, mesma tendência subindo o que deveria descer e descendo o que deveria subir.

IPCA subiu de 4,14% para 4,55% (acima da meta para o ano)
IGPM de 5% para 5,31%
Crescimento do PIB de 1,57% para 1,20%
Câmbio de R$ 5,25 para R$ 5,50
Selic de 8,50% para 10,25%

Abaixo, vocÊ confere as expectativas para os anos seguintes (2023 e 2024)

Para conferir o relatório completo do Banco Central, clique aqui.

Outro destaque importante é para a Renda Fixa, que deve ser a queridinha do ano que vem entre os investidores. Confira a análise da Marília Fontes distribuída hoje na newsletter matinal da Nord. 

2022 será o ano da renda fixa

Com Ibovespa encerrando o pior mês do ano em outubro caindo 6,74 por cento e, no acumulado, baixa de 12,92 por cento, indicadores de atividade econômica mostrando desempenho abaixo do esperado e cenário de alta de juros, o questionamento é: devo investir em Bolsa ou em renda fixa? Qual oferece o melhor resultado?

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária elevou a Selic para 7,75 por cento ao ano, 1,5pp acima da taxa anterior. A aceleração em mais de um ponto percentual é uma tentativa de colocar a inflação de volta nas metas (2022: 3,50 por cento, 2023: 3,25 por cento e 2024: 3,00 por cento).

Segundo o Boletim Focus desta segunda-feira (1), as expectativas são de que a Selic deve encerrar o ano de 2022 em 9,25 por cento e se elevar até 10,25 por cento em 2022. Enquanto isso, as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são de uma taxa de 4,55 por cento em 2022, 3,27 por cento em 2023 e 3,07 por cento em 2024.

Com o novo panorama, de acordo com a analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, as pioras nas projeções para os próximos anos resultaram em uma desancoragem das expectativas de inflação.

Com isso, pode ser que o Banco Central tenha que readequar a política para fazer frente à alta da inflação, elevando a taxa Selic para algo em torno de 10 por cento em 2022.

Invista em renda fixa sem deixar de lado as ações

Diante de cenários de incerteza, segundo nossa especialista, a aversão ao risco deve garantir que 2022 será o ano da renda fixa e, por conta disso, o investidor deve ter esse olhar para a diversificação, sem deixar de lado as ações, mas aumentando a parcela de produtos de renda fixa.

O momento atual é de construir uma carteira com duas coisas: liquidez e segurança. Por isso, evite ficar exposto ao juro longo no cenário atual. Monte uma carteira mais conservadora, especialmente porque os cenários eleitoral e econômico devem permanecer conturbados.

Uma saída é comprar títulos de renda fixa pós-fixada atrelados à Selic ou à taxa DI – taxas de juros que acompanham a taxa básica –, que passaram a render mais com a alta da Selic. E, no caso dos prefixados, prefira os de curtíssimo prazo.

Um ponto de atenção vai para os títulos de longuíssimo prazo prefixados ou atrelados à inflação, esses exigem cautela. Diante do cenário de incertezas, esses títulos podem continuar sofrendo com a marcação a mercado. Só para se ter uma ideia, neste ano, o Tesouro IPCA+ 2035, por exemplo, acumulou um incrível prejuízo de 17 por cento até o momento.

Se você ainda não entende como os títulos IPCA+ podem dar fortes prejuízos mesmo em um cenário de maior inflação, recomendo fortemente que você assista às aulas gratuitas da Marilia explicando sobre esse e os demais assuntos mais importantes para os investidores de renda fixa.

Ainda na visão da nossa analista, no mercado de ações é possível encontrar boas empresas, a bons preços e com visibilidade de crescimento. Porém nem tudo está barato. É cada vez mais importante que você faça investimentos contando com a ajuda profissional da Nord.

Vou deixar aqui o acesso para você conhecer o trabalho da Marilia e da equipe do Renda Fixa Pro. Na série, entregamos uma carteira detalhada com o percentual de cada título que você deve possuir de acordo com cada cenário macroeconômico. Essa é a melhor decisão que você pode tomar no cenário atual.

 

Por Arthur Lessa 29/10/2021 - 14:24 Atualizado em 29/10/2021 - 14:25

A entrevista especial desta sexta-feira (29) no 60 Minutos foi com Victor Almeida, estrategista de Renda Fixa da Wise AAI, que explicou curva de juros futuros, duration, FGC e outros termos que você precisa entender para investir em Renda Fixa aproveitando (ou não) a alta da Selic.

Confira a entrevista na íntegra:

 

Por Arthur Lessa 29/10/2021 - 10:53 Atualizado em 29/10/2021 - 10:56

Bolsa brasileira segue amassando ações, mesmo com resultados positivos, e deixando muitos investidores de Renda Variável cogitando seriamente a mudança pela Renda Fixa, cada vez mais rentável por conta das sucessivas altas da Selic. É a ressurreição de quem foi declarada morta em 2019 e, até poucos meses atrás, era chamada "carinhosamente" de "perda fixa".

Renda Fixa, tipos, riscos, vantagens e desvantagens, inclusive, será o tema principal do 60 Minutos desta sexta-feira. Convido você a acompanhar pelo Facebook e YouTube do 4oito e participar com perguntas e sugestões pelo meu Instagram.

Enquanto Bolsonaro derruba, dividendos levantam a Petrobrás

Em sua live semanal, nesta quinta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro voltou a ressaltar o monopólio da Petrobrás no Brasil, confirmou que orientou o ministro Paulo Guedes para que colocasse a empresa no "radar" para privatização e afirmou que a Petro não deve ter tanto lucro. "Ela tem que ter o seu viés social, no bom sentido. Ninguém vai quebrar contrato, ninguém vai inventar nada, mas tem que ser uma empresa que dê lucro não muito alto, como tem dado", afirmou Bolsonaro (confira o vídeo). 

Por conta da fala do presidente, as ADRs da Petrobras negociadas na Bolsa de Nova York (que representam as ações do Brasil) chegaram a despencar 4,36%, retomando, até com certo lucro, o valor após o anúncio do Conselho da estatal de distribuição de de nova antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2021, no valor total de R$ 31,8 bilhões. 

Às 10h47 na B3, a PETR3 registra queda de 4,2%, a R$ 28,33, e a PETR4 cai 3,66%, a R$ 27,90.

 

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Banco Central inicia hoje  terceira fase do Open Finance

Após ter sido adiada em dois meses, a terceira fase do open banking entra em vigor hoje (29). Nesta etapa, as instituições financeiras poderão compartilhar informações sobre serviços de transferência via Pix, sistema de pagamento instantâneo em vigor desde o fim do ano passado.

Inicialmente, a terceira fase estava prevista para entrar em vigor em 30 de agosto. No entanto, o atraso na adoção da segunda fase fez os bancos e as fintechs (startups do sistema financeiro) pedir o adiamento da etapa seguinte. As instituições financeiras alegaram pouco tempo para atualizar os sistemas.

A quarta etapa, que prevê a troca de informações sobre serviços de câmbio, de investimentos, de previdência e de seguros, está mantida para 15 de dezembro. As demais serão implementadas no primeiro semestre de 2022.

Por Arthur Lessa 28/10/2021 - 12:36 Atualizado em 28/10/2021 - 12:38

Hoje Bill Gates completa 66 anos, fundou a Microsoft, espalhou pelo mundo o Windows (base da computação cotidiana mundial há décadas) e é o 4º homem mais rico do mundo (sua pior posição desde 1991).

Ele é, indiscutivelmente, um gênio! Mas sem sorte, provavelmente não teria chegado onde chegou. Uma sucessão de acasos levaram Gates a aprender o que precisava, ver o que o futuro reservava, ter acesso a tecnologias extremamente raras à época, conhecer as pessoas certa (entre elas, a própria mãe) e... permanecer vivo (literalmente).

Essa saga probabilística de Bill Gates é contada no trecho abaixo, que está e um dos primeiros capítulos do livro A Psicologia Financeira, de Morgan Housel

Bill Gates estudou em uma das únicas escolas de ensino médio do mundo que tinha um computador. 

Por si só, a história de como a Lakeside School, nos arredores de Seattle, conseguiu um computador já é notável. 

Bill Dougall, ex-combatente da marinha americana na Segunda Guerra Mundial, se tornou professor de matemática e ciências. “Ele acreditava que, sem experiência no mundo real, ficar apenas lendo livros não serviria para nada. Ele também percebeu que seria preciso saber alguma coisa sobre computadores antes de entrar para a faculdade”, lembrou o falecido cofundador da Microsoft, Paul Allen.

Em 1968, Dougall pediu à associação de mães dos alunos para usar os lucros do brechó que elas organizavam uma vez por ano — cerca de 3 mil dólares — para arrendar um computador Teletype Model 30 conectado a um terminal de mainframe da General Electric, de modo a usar o recurso de time-sharing. “O conceito de time-sharing na informática tinha sido inventado em 1965”, disse Gates mais tarde. “Alguém estava muito bem antenado.” A maioria das instituições de pós-graduação não possuía um computador tão avançado quanto aquele a que Bill Gates teve acesso ainda no ensino médio. E o garoto ficou fascinado.

Gates tinha 13 anos em 1968 quando conheceu Paul Allen, seu colega de turma. Allen também estava obcecado pelo computador da escola, e os dois se deram bem na mesma hora.

O computador da Lakeside não fazia parte do currículo principal, mas de um programa de estudo independente. Bill e Paul podiam brincar com ele à vontade, deixando a criatividade correr solta — depois das aulas, tarde da noite, nos fins de semana. Em pouco tempo, os dois se tornaram especialistas em computação.

Allen contou que se lembra de uma vez em que Gates, durante uma dessas sessões noturnas, mostrou a ele uma edição da revista Fortune e falou: “Como deve ser comandar uma empresa Fortune 500?” Allen respondeu que não fazia ideia. “Talvez algum dia a gente tenha a nossa própria empresa de computadores”, disse Gates. Hoje, a Microsoft vale mais de um trilhão de dólares.

Agora, façamos uma continha rápida.

De acordo com a ONU, havia cerca de 303 milhões de pessoas em idade escolar no mundo em 1968.

Cerca de 18 milhões delas viviam nos Estados Unidos, sendo 270 mil no estado de Washington. Pouco mais de 100 mil delas viviam na área de Seattle. E apenas cerca de trezentas frequentaram a Lakeside School. Começamos com 303 milhões e terminamos com trezentos.

Apenas um em cada um milhão de estudantes em idade escolar frequentou a instituição de ensino médio que tinha a combinação de dinheiro e visão para conseguir um computador. Bill Gates era um deles.

Você já pensou no quanto a sorte tem influenciado na sua vida? Seja para o bem, seja para o mal?

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Por Arthur Lessa 28/10/2021 - 10:10 Atualizado em 28/10/2021 - 10:13

Copom seguiu expectativa do mercado e elevou Selic em 1,5%, para 7,75 a.a.

No maluco ano de 2020 surgiu uma expressão no fintwit designada para expectiva de resultados das reuniões do Copom sobre a manutenção ou não da Selic. Se a reunião terminava sem alteração da taxa, o que aconteceu em quatro reuniões seguidas, surgiam como uma onda a palavra "manteu"! Pois é... Hoje em dia, os insistentes do meme apenas podem lançar, sozinhos, um "não manteu".

A reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu a expectativa do mercado e subiu a Selic em 150 p.p., elevando de 6,25% a 7,75% a.a. Mas, tão importante quanto esse fato consumado é a indicação de um possível novo aumento na mesma intensidade na próxima reunião, em dezembro.

O objetivo do Banco Central com essas sucessivas altas da taxa básica de juros é "segurar" a inflação, que hoje supera os 10% a.a. no acumulado de 12 meses, sendo que a meta para o fim de 2021 é entre 2,25% a 5,25% a.a. (centro da meta é 3,75%).

Não faltam vídeos de análise de influenciadores sobre esses movimentos, mas algumas opiniões merecem mais atenção nesses momentos. Entre elas está a da Marília Fontes, especialista em Renda Fixa da Nord Research, afirma que tal movimento segue o que é necessário para controlar a inflação, mas, seguindo a linha apontada pelo BC na ata, é difícil acreditar no cumprimento da meta de 2022 e, para cumprir a meta de 2023, pode ser necessário colocar a Selic acima de 10%.

Aguardemos...

 

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Resultados

Dexco (antiga Duratex) registra lucro de R$ 225 milhões no tri, alta de 106%

A Dexco (DXCO3), antiga Duratex, divulgou nesta quarta-feira (27), em seu resultado do 3º trimestre de 2021 (3T21), lucro de R$ 225 milhões, 106% a mais em relação ao anterior (2T321). Dois fatores que, somados, impulsionaram a alta foram o aumento dos preços e a melhoria no mix de produtos em todas as divisões. “Esta melhoria também foi refletida no ROE Recorrente que apresentou o avanço 3,7 p.p. no mesmo período”, disse a empresa.

Segundo o comunicado, a Divisão de Revestimentos Cerâmicos (Ceusa e Portinari) "segue operando com utilização de 99,6%, acima do patamar do mercado, com maior direcionamento de sua produção a produtos de grandes formatos". Com queda nas vendas em relação ao 3T20, mas negociando a preços maiores, a receita líquida da Divisão encerrou o trimestre com alta 25,9% frente ao mesmo período de 2020 e de 10,4% frente ao trimestre imediatamente anterior.

Com retomada de despesas, Intelbrás registra redução de lucro mesmo com aumento de receita

A Intelbras (INTB3) divulgou seu balanço do 3º trimestre de 2021 (3T21) com lucro líquido de R$ 88,360 milhões, 6,5% menos que o mesmo trimestre de 2020. Segundo a empresa, o resultado foi impactado pela retomada da execução de algumas despesas que haviam sido interrompidas pela pandemia, com destaque para as comerciais.

A receita operacional líquida avançou 24,1%, chegando a R$ 758,978 milhões no 3T21, fato explicado pela “robustez das operações do segmento de Segurança associada ao acelerado ritmo de crescimento de nosso segmento de Energia”.

Energia segue crescendo sensivelmente dentro do mix, apresentando aumento de 38,1% de faturamento frente ao trimestre anterior e 128,7% se comparado ao mesmo trimestre de 2020, e já representando 18% da receita líquida da empresa.

Sobre a atuação no mercado 5G, a empresa afirmou que iniciou o desenvolvimento da linha de produtos focadas nessa tecnologia e vai acompanhar o leilão da quinta geração previsto para o mês de novembro.

Por Arthur Lessa 27/10/2021 - 10:26 Atualizado em 27/10/2021 - 10:29

O assunto do dia não poderia ser outro: reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve (segundo a expectativa média do mercado) elevar em 1,5% a Selic, que passaria a 7,75%, maior patamar desde 2017, quando, em ritmo de queda, o Copom definiu a taxa básica de juros em 8,25% na reunião de setembro e 7,50% na reunião de outubro.  Há quem espere um movimento mais drástico do Comitê, com players como Genial esperando aumento de 3% na Selic (para 9,25%) e Goldman Sachs esperando 2% (para 8,25%).

Sobre esse assunto, confira o trecho abaixo da newsletter de hoje da Nord Research.

Prévia da inflação: IPCA-15 sobe acima da expectativa [NORD RESEARCH]

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) acelerou a alta para 1,20 por cento em outubro, após marcar 1,14 por cento em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima do consenso do mercado, que estimava alta de 1,00 por cento. Os dados foram divulgados na terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, destaca a forte alta do setor de serviços, segmento que é mais sensível à política econômica, e avalia que o resultado do IPCA-15 deve fazer com que o Copom eleve a projeção para a taxa Selic em 1,5 ponto percentual na reunião de hoje (27), avançando para 7,75 por cento ao ano.

Por outro lado, o chamado Índice de Difusão, que mede o percentual de itens da inflação que subiram, caiu para 63,8 por cento neste mês. Na leitura da Marilia, essa queda indica que menos itens subiram em outubro, porém a alta dos itens que subiram veio mais forte. Já os núcleos de inflação apresentaram estabilidade.

Qual o cenário? De modo geral, esses dados dão ao Copom muito com o que se preocupar — principalmente porque as expectativas de inflação do Boletim Focus passaram a ficar desancoradas da meta do Banco Central, piorando as projeções para 2022, 2023 e 2024. Para a nossa analista, isso pode fazer com que o Banco Central tenha que aumentar o passo, elevando a Selic para 9,5 por cento ou 10 por cento no ano que vem.

O que muda na minha vida? Se por um lado a alta na inflação beneficia os títulos pós-fixados, que passam a render mais, por outro lado é ruim para títulos prefixados ou IPCA mais longos, dada a revisão de juros para cima.

Anote aí!

Hoje, às 19 horas, a Marilia Fontes fará uma live em seu perfil pessoal no Instagram (@mariliadfontes) para falar se a Selic vai quebrar o Brasil e as principais dúvidas em torno da decisão de política monetária na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) de outubro de 2021. Já segue no Instagram e ativa as notificações.

 

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Outros destaques

Empiricus recomenda aposta contra TC (TRAD3) 

O mercado financeiro esteve em polvorosa nesta terça-feira (26) por conta do relatório extraordinário publicado pela Empiricus aos seus assinantes recomendando que os investidores operassem short no papel (quando se vende um ativo sem te-lo na carteira), apostando em uma queda de mais de 50% frente ao preço atual. As ações do TC (TRAD3) fechou o pregão desta terça a R$ 5,39. 

Seguindo deliberadamente o estilo do relatório da gestora Squadra que deu início à derrocada da resseguradora IRB em 2020 (esta referência é citada no próprio documento), Felipe Miranda, analista e fundador da Empiricus, afirma que o TC se tratar de uma "fake tech", que são "empresas capazes de reunir uma retórica eloquente para se alinhar a um perfil supostamente de alta tecnologia, com crescimento exponencial, DNA disruptivo e vantagens competitivas de longo prazo. É um dos problemas dos nossos tempos: afirmações categóricas de 'tech as a service', 'software as a service', 'edtech', 'addressable market', 'community', sem a contrapartida tangível de lucros e geração de caixa. Palavras não pagam dívidas"

O que chamou atenção dos investidores também foi o que podemos chamar de "desencontro de ideias" entre Empiricus e BTG (que é acionista principal da Empiricus). Enquanto a research de Miranda constrói um cenário de empresa sem valor, analista do banco recomendam  compra de TRAD3 com preço-alvo de R$ 14, defendendo haver “oportunidades para o TC aumentar a monetização, gerando tráfego/investidores para corretores e diversificando seu portfólio educacional”. 

Por outro lado, Pedro Albuquerque, sócio da TC, reforçou ao Valor Investe que não há queima de caixa excessiva, e que, por ora, a empresa gastou pouco do dinheiro captado no IPO em negócios bem pensados. “Queima de caixa é algo desconectado à realidade”, afirma.

Cade pede mais 90 dias para analisar venda da Oi Móvel (Nord Research)

Outra novela que ganhou novos capítulos é a compra da Oi por TIM, Claro e Vivo. Na terça-feira (26), a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) solicitou mais prazo para analisar a concentração que envolve a venda da Oi Móvel.

Se o pedido for acatado, o prazo final para o órgão decidir sobre o negócio entre as operadoras de telefonia passará de 18 de novembro deste ano para fevereiro de 2022.

Por Arthur Lessa 22/10/2021 - 10:12 Atualizado em 22/10/2021 - 10:34

A frase do título abre o capítulo 11 do livro A Psicologia Financeira, de Morgan Housel, um dos mais comentados nas listas de leitura do mercado financeiro. E é realmente muito bom! (Inclusive coloquei nessa página o link pra comprar na Amazon)

O nome do capítulo é Razoável > Racional e disserta sobre o impacto da relação pessoal do individuo com o ativo escolhido para comprar uma carteira. Me chamou atenção, primeiramente, por contradizer algo que é apresentado como básico no ensino da análise de investimentos: não misture emoção com investimento, ou, colocando de maneira mais coloquial e ilustrativa, “não se apaixone pela ação”.

O médico racional

Para ilustrar a diferença entre os termos “Racional” e “Razoável” com a história de um psiquiatra que, por volta de 1900, adotou como tratamento para pacientes com neurossífilis grave (inevitavelmente fatal na época) a injeção de doenças como febre tifoide, malária e varíola. Sim... Esse era o tratamento.

Mas por que, diabos, ele trataria uma doença com outra doença. Parece uma anedota de comédia pastelão, quando para “fazer sumir” uma dor de cabeça se pisava no pé do paciente. Mas o médico em questão tinha no que se basear para seu tratamento “ousado” (o resto das pessoas chamava de loucura mesmo): padrões.

Ele notou que os pacientes com sífilis que, por alguma outra doença, tivessem febres fortes e prolongadas tinham uma forte tendência de se recuperar. Afinal, analisando friamente, a febre não é um problema, mas sim um procedimento de defesa do corpo humano. Sendo assim, além de não ser ruim, é bom. Repita comigo (mentalmente, para não assustar ninguém): ter febre é bom!

Somando os dados citados e analisando racionalmente, foi fácil tomar a decisão: se é pra não morrer, que tenham febre.

Após alguns ajustes de dosagem (e mortes de alguns mais azarados), o médico adotou como método o uso da malária mesmo, que era mais branda e controlável, criando a malarioterapia, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1927.

E por aí vai a história, com mais desdobramentos e informações. Mas o ponto de reflexão que surge no texto é o seguinte:

[...] Se a febre é benéfica, por que a combatemos?

Acho que a resposta é simples: porque a febre dói. Ea as pessoas não querem sentir dor.

É isso.

[...]

Pode ser racional querer ter febre se você está com uma infecção. Mas não é razoável.

Na prática a teoria é outra...

Outro exemplo citado nesse capítulo é de Harry Markowitz, condecorado com um Nobel (dessa vez de Economia) por conta de seu estudo que explorava a relação matemática entre risco e retorno. Ao ser questionado sobre como montava sua carteira de investimentos, ele não descreveu seus padrões de estudo, fórmulas matemáticas, taxa livre de risco e outros termos que baseiam a teoria que ele mesmo criou. Pelo contrário, ele afirmou que dividia seu portfolio meio a meio entre títulos e ações pois teria muito remorso caso as ações subissem e ele não as tivesse. Sua intenção, segundo suas próprias palavras, era “minimizar seu arrependimento no futuro”.

Termos como arrependimento e remorso não são matemáticos. Não são racionais. Mas são razoáveis, como Housel descreve:

Um investidor razoável toma decisões em uma sala de reuniões, cercado por colegas que ele espera que admirem, ao lado de um cônjuge que não quer decepcionar, tomando como referencial concorrentes idiotas, mas realistas, como o cunhado e o vizinho.

Por mais racionais que tentemos ser, não seremos 100% racionais. Se formos, por um momento, logo depois deixaremos de ser. E, quando acontecer, o que fazer com as decisões tomadas friamente frente a dúvidas e preocupações que surgirem (elas sempre surgem)?

Das coisas mais recentes que aprendi nos últimos solavancos da bolsa está a relação que existe entre o quão claro é para você o motivo/a tese que o levou a investir seu dinheiro em um ativo com o quanto as oscilações lhe afetam. Isso vale para o bem e para o mal.

Uma ação investida com base apenas numa indicação de um influenciador, relatório de swing trade ou um motivo fútil (como “vou investir na Ambev porque gosto de cerveja”) causa calafrios a cada queda e uma vontade incontrolável de realização de lucro a cada simples valorização. No primeiro caso você sai com menos do que entrou, no segundo sai do bonde antes da valorização real.

Por outro lado, se você conhece a atividade da empresa representada pelo ticker XPTO3, acompanha o que acontece com ela e seu mercado, acredita nos projetos apresentados e futuro crescimento, como aconteceria se você estivesse entrando como sócio numa empresa do seu bairro, você mal vai olhar as cotações. Vai olhar resultados, fatos relevantes (onde são informados os rumos e planos das empresas) e afins.

Como diria Warren Buffet, quem se destaca nesse mercado não são os mais inteligentes, mas os mais disciplinados. E disciplina vem de constância. E ser razoável é mais constante que ser racional.

Por Arthur Lessa 15/10/2021 - 18:10

Você, leitor, já deve ter visto essa lista:

- Airbnb, a empresa de hospedagem que não tem imóveis
- Uber, a empresa de transporte que não tem carro
- Amazon, a varejista que não tem loja física
- Facebook, a rede de comunicação que não produz conteúdo

(E por aí vai...)

Em suma, essas e outras empresas similares são a base de alguns dos discursos mais bem recebido nas última década quando se fala de empreendedorismo, inovação e, (termo da moda)², disrupção.

O lema é “a economia antiga morreu, entre na nova economia compartilhada, onde todos são compradores e vendedores!”. Nessa onda, que recebeu também o nome de “uberização”, existem atividades que até pouco tempo nem existiam, com o dropshipping.

Tudo bem, tudo bom, tudo lindo!

Mas na prática a teoria é outra...

Você tem se incomodado com essas ferramentas maravilhosas ultimamente? Será que agora que virou rotina perdeu a magia? Ou será que os serviços ficaram mais... normais mesmo?

Vou começar falando rapidamente dos serviços de streaming (Netflix e afins). As plataformas  estão tão divididas e segmentadas que fica difícil de consumir o conteúdo que nos interessa. Me arrisco a dizer que parece mais difícil que na época das vídeo-locadoras. Sei que não é, mas parece. E isso se dá pela revolução que foi vendida e se mostrou, no máximo, uma carreata.

Tentei assistir Harry Potter com a minha filha. Tinha em apenas uma plataforma e era legendado (um filme infantil!). Acabei tendo que voltar à “retrógrada” grade televisiva, esperando chegar o horário X para colocar no canal Y e assistir sem o recurso do pause.  

Outro exemplo é o Uber, que surgiu como o exterminador dos taxis no mundo. Acontece que hoje tem sido alvo de críticas (pasmem) pelo mesmo motivo dos antecessores: serviço de baixa qualidade.

Desde o começo da escalada do preço da gasolina, que acumula 40% de aumento em 2021, tem ficado cada vez mais difícil conseguir uma carona pelo serviço. O motivo (pasmem de novo) é que os próprios motoristas têm cancelado as corridas que não tenham certeza que vá render um bom dinheiro.

Ora... Não era essa uma das “nefastas” práticas dos taxistas de rodoviária e aeroporto que mais catapultavam o abençoado-disruptivo-inovador-colaborativo-descentralizado serviço? Agora faz igual?

E não é suposição dos usuários. É fato facilmente constatável, já que o motorista pergunta o destino do cliente pelo chat do aplicativo e, se não houver resposta ou a resposta não o agradar, a corrida é cancelada. Numa empresa com hierarquia, metas, comando e organização, uma série de atitudes como essa terminaria em demissão (e sem carta de recomendação). Mas o Uber é descentralizado, conectado, jovem, quase um Paz&Amor versão Século 21.

Achei que isso era coisa de cidade grande, que não chegaria aqui. Até que aconteceu comigo, quando tive que ir a pé a uma reunião por conta de cancelamentos sucessivos de corridas. Não era falta de motorista, mas de vontade deles de atender a chamada. Quando não tem a opção de não atender, então “desligam na cara”. Cheguei na reunião atrasado, cansado, suado e nervoso. Serviço de primeira!

Não estou aqui depositando toda a culpa nos motoristas (que também não estão isentos dela), mas no sistema. Se tem que aumentar o fee inicial, reduzir a comissão cobrada pela Central (que chega a 40% em algumas situações, segundo ouvi de motoristas) ou aumentar a própria tabela para o cliente final, não sei. Nem quero saber. O que não pode é criar demanda, criar novos hábitos, implementar nova cultura e largar de mão dessa maneira.

Moro na área central de uma cidade média. Posso ficar sem carro em muitos momentos, ir ao trabalho, ao supermercado, à escola da minha filha e afins a pé com facilidade. Mas e quem mora longe do centro da sua cidade ou trabalha longe de casa?

Vale lembrar que as empresas acima não apareceram como negócios novos, com produtos apenas diferentes, como novas versões do que era proposto. Surgiram como a nova ordem mundial. Um novo estilo de vida!

Diálogo normal em meados de 2019...

Pedro: Luiz, cadê seu carro?
Luiz: Não tenho mais carro. Vendi.
Pedro: Apertou de grana, é?
Luiz: Que nada! Hoje em dia ninguém precisa de carro! Tem o Uber que leva a gente pra lá e pra cá!

[Dois anos depois...]

Luiz: Oi Pedro. Tudo bem?
Pedro: Fala, Luiz! Tudo certo!
Luiz: Vou me atrasar um pouco, ok?
Pedro: Aconteceu alguma coisa?
Luiz: Faz vinte minutos que estou esperando um Uber e nada! Seis já cancelaram!
Pedro: Relaxa! Estou indo te buscar!

Sim, esses diálogos são bem comuns...

Sim, muita gente vendeu o carro pela promessa do Uber onipresente...

Mas, no fim, Uber e semelhantes são novas caixas para a mesma coisa que sempre existiu: um serviço que, por definição básica, se faz útil ao resolver o problema de um terceiro mediante remuneração. E, como todo serviço, pode ser feito com alta ou baixa qualidade.

Por Arthur Lessa 05/10/2021 - 12:34 Atualizado em 05/10/2021 - 12:44

Ontem vi (de novo) algo parecido acontecendo em notícias sobre o apagão do Facebook: "Zuckerberg perde US$ 6 bi em horas". Outros colocaram "Mark Zuckerberg perde R$ 32,7 bilhões com crise no Facebook". Isso chama atenção, mas é uma distorção da realidade e causa desinformação.

O cálculo feito é baseado em fatos reais. Multiplicando as ações que ele do FB com o preço unitário e separando 4,9% desse valor (desvalorização da ação no dia do apagão), dá sim esse valor astronômico. Mas ele perdeu esse dinheiro?

Vamos trazer pra nossa realidade de meros mortais que se arrepiam com boletos...

Eu comprei um carro novo por R$ 80 mil há pouco tempo. Ao tirar da concessionária, digamos que ele perca 15% do valor (R$ 12 mil) por não ser mais novo (0 Km).

Aí, pela pandemia, faltou chip no mundo. Entre os setores afetados está o automobilistico, ja que hoje os carros são carregados de sensores e equipamentos eletrônicos. Sem eles, não tem carro.

Fábricas param, oferta desaba, demanda dispara e os usados ficam mais concorridos. Meu carro de R$ 80 mil, que valia R$ 68 mil, vira artigo de luxo, valoriza 25% e agora é um ativo de R$ 85 mil.

Afinal, perdi R$ 12 mil ou ganhei R$ 5 mil?

Depende... Se não vender, não perdi nem ganhei. Segue com o mesmo carro que custou R$ 80 mil te levando pra lá e pra cá.

O que aconteceu foi que o carro sofreu primeiro uma desvalorização e, um tempo depois, uma valorização. Mas se você não tentar vender nem pesquisar na Fipe, nem sabe disso. A contrário do que acontece com as ações nas bolsas de valores, não existem paineis com as cotações de preços de carros na nossa cara o dia inteiro. 

Mas o Mark Zuckerberg não perdeu nada?

Perdeu, e muito!

Segundo informações que surgiram, a receita que deixou de ser gerada gira na casa dos US$ 100 milhões nas sete horas de ausência das plataformas.

Esse dinheiro, sim, não volta. E o fator dessa realidade é o tempo, que não volta. A publicidade não veiculada virou pó.

Por Arthur Lessa 01/10/2021 - 10:36 Atualizado em 01/10/2021 - 10:37

Tudo no mundo evolui. Tem que evoluir. É consenso.

Dizem que o tempo da era da internet corre mais rápido.

“Quem não inova, fica pelo caminho” é quase um mantra.

E vemos isso em todos os cantos.

Carros se dirigem sozinhos. O aspirador de pó vai passeando pelo cômodo quando, como e onde bem entender. Reuniões são feitas em vídeo. Fotografias e filmagens são feitas pelo telefone.

O mundo de hoje não é o mundo 15 anos atrás.

Muitos dos produtos de lá não se encaixam na realidade de cá, como escrever mensagens pelo teclado numérico de um celular sem tela de toque. A simples mensagem de “estou atrasado” demandaria o esforço de “discar” 3377778666880287772777723666 (entendedores entenderão).

Por outro lado, tem produtos que lembram filmes de ficção científica, daqueles que um ser congelado há séculos é reanimado e volta à vida em um mundo mais moderno.

Esse é o caso do Show do Milhão, ressuscitado pelo SBT em parceria com o PicPay.

Quem me falou que o programa tinha voltado, depois de 18 anos de hibernação midiática, foram os algoritmos do YouTube.

Olhei aquela thumb e pensei: “Legal... Vou ver como adaptaram o programa pra realidade atual”.

Estamos falando de uma atração que foi veiculada de 1999 a 2003, numa época em que celulares começavam a se popularizar, mas praticamente sem internet e sem nenhum esboço de rede social. Facebook foi fundada em 2004, abrindo para o público geral em 2006, mesmo ano em que foi ao ar o Twitter. O Whatsapp foi lançado em 2009. O Instagram em 2010. TikTok em 2016.

Essas plataformas, e outras tantas similares, são parte da vida do cidadão comum. São a base da comunicação de algumas gerações de consumidores. (Conheço pessoas de 7 a 87 anos ligadas nas redes)

Com essa contextualização, qual não foi minha surpresa ao ver que a única mudança do Show do Milhão foi o apresentador. Silvio Santos deu lugar a Celso Portiolli. E nem foi tanta mudança assim, já que Portiolli é a versão 2.0 mais precisa que o dono do SBT poderia ter.

Reanimado, mas não remodelado

O terno, a entonação, os movimentos das mãos, as frases repetidas em eco, as perguntas padrão,... Tudo em Celso Portiolli é igual ao que Silvio fazia há 20 anos.

“Ah, mas a dinâmica do programa deve ter sido atualizada...”

Não!

Tirando o processo de sorteio, baseado em transações feitas pela conta da fintech Pic Pay, patrocinadora da atração, o resto é igual. Tiraram o roteiro da gaveta, olharam pro Celso e disseram “vai!”.

Eu comparei. E fiquei impressionado!

Os candidatos ao prêmio ficam na plateia aguarda seu número ser tirado de uma urna. Cada um que sai sorteia o próximo.

Em caso de dúvida, existem possibilidades. Uma delas é apelar aos universitários, que seguem presentes e prontos para responder qualquer questão. Outra opção são as cartas, que seguem sendo físicas e gigantescas. A terceira opção é contar com os “colegas do auditório”, que levantam placas que seus palpites.

E o melhor é que, parando pra pensar, eu mesmo não consigo apontar melhorias para o Show do Milhão. O modelo segue perfeito pra ele.

E esse é o ponto aqui... Num mundo que anseia pela permanente inovação dos negócios, dos produtos e dos processos, o Show do Milhão ressurge depois de duas décadas e é um exemplo de que quando um produto é o melhor que pode ser, nada se deve fazer além de manter a receita.

Se o Show do Milhão fosse uma caneta, seria uma Bic (foto).

A melhor caneta do mundo

Você pode não acreditar, mas a mais comum (e talvez mais barata) das canetas é um case de inovação, tecnologia e design. Montblancs não tem chances contra ela.

Em 1950, o francês Marcel Bich adquiriu (e melhorou) uma tecnologia patenteada há pouco mais de 10 anos de uma caneta com uma bolinha na ponta (por isso esferográfica) para melhorar a distribuição da tinta pelo papel.

Uma das melhorias foi o furinho que vemos no cabo, ou na ponta oposta à da escrita, que serve para igualar a pressão de dentro e de fora da caneta, evitando que ela explodisse ou vazasse, algo que era muito comum com outros modelos.

 Que coisa, não?

Duas histórias bem diferentes, de um programa de televisão (e YouTube hoje) e uma caneta. Mas com um mesmo conceito:

Procure sempre melhorar o seu produto, mas tenha em mente que em algum momento ele pode chegar ao seu ponto ótimo.

Se temos, ao falar de startups, o Produto Mínimo Viável (MVP em inglês), por que não aceitar que podemos ter um Máximo Produto Necessário?

Por Arthur Lessa 24/09/2021 - 04:25 Atualizado em 14/10/2021 - 19:27

A tecnologia evolui. É inevitável. Faz parte do ser humano inventar, melhorar ou repensar o que existe.

Nessa evolução, tem coisas que morrem. Os carros trocaram os bois por motores, as máquinas de escrever deram lugar aos computadores, os filmes fotográficos eram inúteis nas câmeras digitais por aí vai...  

Por outro lado, tem coisas que se mantem.

Entre as décadas de 1940 e 1950, se espalhava a certeza de que a televisão, grande tecnologia que se espalhava pelo mundo à época, iria matar o rádio.

A lógica era indiscutível. Havia surgido um aparelho “mágico” que unia a informação auditiva do rádio com imagem. No lugar de explicar quanto um incêndio estava tomando de um edifício, a tela mostrava a cena como se o espectador estivesse no local. O rádio estava com os dias contados...

Sete décadas depois, estamos em 2021 e o rádio segue vivo. E afirmo, sem pingo de dúvida, que é o melhor meio de comunicação instantânea.

Mas como? Não estávamos contando os dias para a morte? Por que segue vivo?

Adaptabilidade

A voz é a comunicação principal das pessoas. Antes de escrever, aprendemos a falar. Sempre que possível, falamos no lugar de escrever. Porque é fácil, imediato, demanda mínimo esforço e possibilita melhor expressão que a própria escrita. O rádio é conversa, é falado, é intuitivo. Não é a toa que plataformas que nasceram para a escrita tiveram que oferecer a função áudio, como Facebook, Whatsapp, Google, Instagram,...

Outro ponto é a tecnologia, que evoluiu junto com a vida das pessoas. Vejo o rádio acontecendo desde que me entendo por gente. Nas décadas de 1980 e 1990 era necessário pedir linha telefônica para realizar uma transmissão fora do estúdio. Se fosse algo rápido, imediato, o repórter na rua precisava encontrar um telefone fixo para ligar para a sede da rádio.

Ainda falando do telefone, fixo na época, este aparelho básico das casas brasileiras possibilitava ao rádio ser o único veículo de comunicação de duas vias. O locutor “abria as linhas”, falava de cá, e o ouvinte respondia de lá. Podia ser para reclamar de um buraco na rua, dar um palpite para o jogo da noite, anunciar que estava vendo uma geladeira, ou apenas ter o prazer de conversar com quem lhe fazia companhia sonora.

A partir dos anos 2000, o celular e a internet (ainda separados) começaram a fazer parte da vida cotidiana. Assim a mobilidade do rádio foi ficando cada vez maior e, o que vejo como grande virada, as redes sociais de comunicação direta (MSN Messenger e Whatsapp, principalmente) entraram pra ficar na rotina radiofônica. A diferença para o ouvinte desses novos canais para o telefone fixo é que não existe momento, não precisa de chamado, está aberto o tempo todo, mesmo fora do horário do próprio programa.

Já pensando na função do radialista, as mesmas plataformas e ferramentas possibilitam que uma entrevista, por exemplo, seja gravada sem nenhuma preparação prévia. Sacou o onipresente celular do bolso e ligou o gravador, tá montado o estúdio. Que outro meio lhe possibilita tal agilidade?

Não ocupa espaço

Se olharmos para a rotina dos dias atuais, vemos que a sociedade é pautada por termos como agilidade, objetividade e multitarefa. É aí que se destaca o trunfo mestre do rádio, que o caracteriza desde o início até hoje: você não precisa parar para consumir rádio.

Você pode ouvir rádio dirigindo, correndo, cozinhando, comendo, trabalhando, tomando banho e qualquer outra coisa que quiser. Consuma qualquer outro tipo de informação dirigindo e você sofrerá o risco de uma multa ou, o que é pior, um acidente.

Qual o próximo passo

O “próximo passo” que estamos vendo hoje em dia é o podcast. Já vi, como já estou acostumado, previsões assertivas (duvido que acertadas) de que, “agora, o rádio morre de vez”. Não vejo assim...

Vejo como um novo (e promissor) braço do rádio. Não é inédito, demanda produção e preparação prévias, equipamento e estúdio adequados e, quando com vídeo, um bom cenário. Além disso, o podcast deve ser procurado pelo ouvinte que quer consumir aquele conteúdo e apenas ele. O rádio, por outro lado, mantem o controle da grade e a possibilidade de apresentar coisas novas ao ouvinte.

Não há e (entendo que) não haverá disputa. Andarão lado a lado.

Como diria Charles Darwin, “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.

Por Arthur Lessa 02/09/2021 - 18:02

Uma das piores coisas que podemos fazer na vida é deixar os outros pensarem por você. Ou definir o que você deve pensar, ou o que pode pensar.

A imagem que ilustra esse texto é a melhor ilustração que conheço pro problema que vejo cada vez mais agravado na sociedade brasileira.

Para contextualizar, a charge (já relativamente antiga), faz referência à relação diferente dos usuários de tecnologia que usam computadores normalmente operados com Windows, da Microsoft, daqueles adeptos da Apple.

Enquanto os primeiros comumente montam (ou encomendam) seu equipamento de acordo com as especificações que necessitam para o trabalho e, em caso de algum problema ou necessidade de upgrade, substituem uma peça por outra, os  fãs da “maçã mordida” tem uma quantidade limitada de produtos pré-definidos para escolher e, em caso de necessidade, normalmente substituem o conjunto todo por um novo.

Não vou aqui criticar o modelo de negócio criado por Steve Jobs. O conceito de criar um sistema operacional sob medida para um equipamento padronizado, garantindo que tudo se encaixe perfeitamente para uma experiência otimizada, foi um dos grandes trunfos da empresa. Mas, reduzindo ao mínimo, se trata de um pacote fechado e pré-definido.     

Hoje esse raciocínio (infelizmente) tem se mostrado gritante nas questões políticas, com extremistas (dos dois lados) passando do ponto de rotular para o ponto de empacotar. Ou você é fascista, negacionista, terraplanista [+ n adjetivos], ou você é comunista, defensor de ditadura, alarmista [+ n adjetivos].

Nesse jogo forçado, quem não abraçou alguma das cartilhas, mais ensaiadas que o coro da missa de domingo, se sente até mal. “Será que eu sou um criminoso por concordar com algumas coisas de um lado e outras coisas do outro lado?”

Esse grupo é o que chamam de “isentão”. Qual é a do isentão? Se não quer entrar pra guerra, quer o que? Quer viver a sua vida em paz e pensa sozinho.

Agora vamos sair da política e voltar ao tema recorrente desse espaço.

Uma história que o Adelor adora contar é de quando saiu da Rádio Eldorado AM, depois de anos na emissora, onde comandava o principal programa jornalístico e chegou a diretor-geral e sócio proprietário.

Isso aconteceu por volta de 2003/2004. Ele estava fora do ar, precisava de uma emissora para continuar seu programa, encontrou um sócio e comprou a Rádio Som Maior, que na época reproduzia a programação da Band FM, que se destacava pelo estilo popular.

Depois de pesquisar o público local, encontrou uma demanda não atendida para o público adulto contemporâneo e buscou para o lugar da Band FM a rede paulista Antena 1, que, ao mesmo tempo que atendia perfeitamente a necessidade musical, não tinha nenhum espaço “falado”, muito menos local. Tocava música, entrava o locutor anunciando a que tocou, a que vai tocar e vinha mais música. E o Programa Adelor Lessa, faz como?

 Pra resolver a questão, ele foi até São Paulo, conversou diretamente com o dono da rede e conseguiu convencê-lo a ceder quatro horas de programação local para a afiliada criciumense. Pra quem tem alguma familiaridade com franquia, sabe que sair do padrão estabelecido pela marcar é uma conquista.

Depois de lançada a nova programação, o que lhe chamou atenção foram as perguntas que ouviu, inclusive de pessoas próximas e clientes: “mas pode ter jornalismo em FM? A lei permite?”

Se não era uma pergunta jurídica, vinha uma previsão assertiva, característica daqueles que pouco entendem de algum assunto, mas querem dar pitaco: “isso não vai funcionar!” 

Hoje, em 2021, chega a ser estranho pensar que houvesse essa dúvida. E não faz tanto tempo, hein! Brasil já era penta, Google já ajudava a descobrir a capital do Butão e celular já tocava na hora errada.

Mas não era por maldade que perguntavam se podia, nem por falta de cultura geral, mas porque na “caixa” que tinham recebido estava a informação de que AM é informação e FM é música. Não muito diferente de “Bolsa é só pra rico” ou “faculdade garante emprego”. Ideias antigas, podem ter feito sentido um dia, mas não fazem mais.

Então pare pra pensar um pouco.

Quais caixinhas prontas que você recebeu até hoje?

E quais você acha que já não valem mais?

 

Por Arthur Lessa 26/08/2021 - 18:00

Quantas vezes você já se pegou dizendo não para alguma proposta por não se sentir preparado? Seja de emprego, seja pra um esporte, para tocar numa banda...
Acontece. Não somos bons em tudo, não estamos prontos para qualquer coisa em qualquer área, nem precisamos estar. Mas as vezes, por outro lado, estamos suficientemente prontos e temos medo de ter certeza.
Fui convidado para dar uma palestra sobre algo que, em princípio, estava fora do meu círculo de competência. Eu estudo investimento há anos, acompanho o que acontece na economia, entendo com certa profundidade quase todos os mecanismos do mercado financeiro, mas ainda não tinha me debruçado pra estudar o Open Banking. 

Minha primeira reação foi pensar em responder que não me sentia preparado para apresentar esse tema, mas poderia indicar alguém que conhece bem. Sorte que a conversa estava acontecendo por mensagem de WhatsApp, então pude repensar.

Lembrei de um café que tomei no ano passado com o Mateus De Luca, apresentador do programa Agora Faça, que vai ao ar todos os sábados na Som Maior. Ele me disse que uma das coisas mais desafiadoras que ele fez na carreira foi se comprometer a dar uma aula na SATC sobre "Compensação Financeira pela Extração de recursos Minerais", algo que ele não dominava. Eu fiz o mesmo.

Quem me convidou para esse desafio (que ela mesma não sabia que seria um desafio) foi a professora Roseli Jenoveva, que dá aula de Inovação para os cursos da Faculdade Senac de Criciúma. Dez dias antes de quando seria a palestra, ela me perguntou se eu poderia falar aos alunos do Senac sobre esse novo sistema. O tema da conversa seria “Os impactos do Open Banking no ecossistema de inovação brasileiro”.
Agora imagina a minha situação. Mal entendo dessa nova tecnologia do Banco Central e ela ainda queria que eu analisasse o possível impacto no futuro do setor mais imprevisível que existe. Primeira resposta que minha cabeça formulou foi “Nem a pau, Juvenal!”.

Mas, como disse, não precisava responder naquele instante. Pensei, ponderei e abri o jogo. Falei que não entendia profundamente do assunto, mas adoraria falar aos alunos sobre qualquer assunto relacionado a economia e investimento e, se fosse possível, precisaria de uns dias para estudar. Ela aceitou e eu montei meu plano de preparação. 

Primeira atitude foi marcar uma entrevista (cada um luta com as armas que tem) com a Luana Soratto, amiga minha e componente do Grupo Técnico de Experiência do Usuário do Open Banking (olha a sorte!), pra apresentar aos ouvintes do 60 Minutos, e a mim, os detalhes do novo sistema. Terminada a entrevista, pedi mais algumas informações e materiais para montar a apresentação. 
Com os materiais indicados por ela, as informações da entrevista e uma boa pesquisada em notícias, montei um conjunto de 50 slides, sendo 10 deles com notícias de portais focados em finanças. Afinal de contas, jornalista que sou, montei uma base no meu campinho.

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